Evandro Soares queria mostrar a foto com Onyx Lorenzoni numa das reuniões da transição de governo no Centro Cultural Banco do Brasil. Mas o Seguinte: teve acesso a outra imagem da festa, de celulares confiscados, que agitou a nova ordem de Brasília nesta quinta e demonstra a proximidade entre o vereador de Gravataí e o futuro chefe da casa civil de Jair Bolsonaro (PSL).
Evandro estava entre a centena de convidados vip para o casamento do deputado federal gaúcho com Denise Veberling, assessora parlamentar do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). Teve até abraço no ‘mito’, que também participou da festa no Clube do Congresso, às margens do Lago Paranoá.
Há pouco, antes de ir para um almoço reservado a convite de Onyx, a esposa e os filhos do primeiro casamento, Evandro atendeu ao Seguinte:.
Siga a entrevista, abaixo da foto de reunião da transição.
: Evandro Soares (E) com Onyx Lorenzoni na transição em Brasília
Seguinte: – Já estás te acostumando com a rotina de Brasília?
Evandro – (risos) Isso aqui é uma loucura. Cheguei na quarta logo após o meio dia e acompanhei o Onyx em mais de uma dezena de reuniões. Sai o Paulo Guedes, entra o Sérgio Moro, antigos e novos parlamentares trazem demandas… Tudo passa pela casa civil. Pra ti ter uma idéia, o Onyx despachou ontem quase até a hora do casamento. Temos uma relação de muita proximidade, sou vice do DEM no estado por obra dele. Ele já disse que gostaria de contar comigo em Brasília, acha que tenho perfil para ajudá-lo. Ele precisa de gente de confiança ao lado dele. Mas não decidimos nada. No momento, só penso em Gravataí. É preciso aproveitar o momento. E 2020 é logo ali (risos).
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Seguinte: – Dá para dizer que, com ou sem cargo, serás um ‘embaixador’ da aldeia em Brasília?
Evandro – Sim. O Onyx diz para eu me acalmar que Gravataí estará bem representada. Quero ter com ele a mesma relação que Marco Alba (MDB) tem com o Eliseu Padilha (MDB). Hoje o prefeito precisa de algo do chefe da casa civil e troca um whatsapp na hora.
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Seguinte: – Inevitável perguntar: Onyx assume? Não abalou a relação com Bolsonaro e Moro a nova denúncia de citação do nome dele em planilha de delação de Joesley Batista, por supostos R$ 100 mil pagos em caixa 2 pela JBS?
Evandro – É zero a chance de não assumir. Bolsonaro tem total confiança no Onyx. O que ocorre é um terceiro turno no Brasil, com setores da imprensa em guerra contra o governo. Basta nomear alguém para ser atacado.
Seguinte: – Os discursos e indicações ministeriais de Bolsonaro mostram que ele pretende tratar antes com as bancadas temáticas do que com os partidos. Seria uma novidade na história política do Brasil. Como Onyx fará isso, se até hoje os apoios sempre foram trocados por cargos e verbas? E, sem o Congresso, não se governa em nosso ‘presidencialismo de coalizão’. Presidentes podem falar tudo, já fazer…
Evandro – Onyx é um parlamentar experiente e tem o respeito e a confiança dos congressistas. Uma das estratégias é a aproximação com os novos deputados e senadores. A renovação foi grande. É preciso aproveitar o apoio popular do Bolsonaro, o grito nacional por mudança que foi explícito nas urnas, para mudar esse sistema de toma-lá-dá-cá.
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Seguinte: – É um governo que começa com altas expectativas de seus eleitores, muitos beirando o fanatismo. Gravataí, por exemplo, deu 7 de cada 10 votos a Bolsonaro. Mas o momento do país é de crise econômica, política e social. Medidas impopulares virão. E aí?
Evandro – Como dizes, algumas medidas duras precisam ser tomadas, mas que impactarão favoravelmente na economia do país. Há muito trabalho para diminuir o tamanho do estado, tanto nos ministérios, quanto num plano de privatizações que vai dar um novo fôlego na economia. E o Bolsonaro diz a quem quiser ouvir que precisamos endurecer as leis e o combate a corrupção será implacável. O povo clama por isso. Pode ter certeza de que o congresso também sente o clamor das ruas.
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Seguinte: – Paulo Guedes e os ‘Chicago Boys’ da equipe econômica do futuro governo agradaram o mercado e são nomes respeitados, pelo menos entre admiradores do pensamento liberal. Mas, por outro lado, o presidente alimenta uma ‘guerra ideológica’, escolhendo um ministro das relações exteriores que acha que aquecimento global é coisa de comunista e um ministro da educação simpático ao ‘escola sem partido’ e crítico a tal ideologia de gênero. Há como conciliar crescimento econômico com convulsão social? Porque é o que está, e continuará acontecendo…
Evandro – O presidente quer colocar em prática as idéias que apresentou na campanha e o elegeram. Por que rasgaria o discurso? Vai pelo menos tentar, como Trump fez nos EUA. Bolsonaro é um político experiente. Se não der certo, já mostrou que reconsidera, pelo bem do país. A imprensa cria monstros. Deixa o homem trabalhar!
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