eleições 2018

OPINIÃO | Gravataí virou ’cidade-dormitório de votos’ em estrangeiros

DAS URNAS #5 | Se Gravataí é cada vez menos uma cidade-dormitório na relação entre seus moradores e o local de trabalho, nas urnas se mostrou uma 'cidade-dormitório de votos' em candidatos estrangeiros. Siga uma análise do porquê do 'voto bairrista' não ter colado nesta eleição e uma análise do que pode ter acontecido. 

 

O voto bairrista, que nos últimos 20 anos foi uma característica de quase metade do eleitor de Gravataí, não se repetiu nas eleições de 2018. A votação nos candidatos locais a deputado estadual e federal caiu para metade do que indicava a fórmula criada pelo Seguinte:, que combinava o comparecimento às urnas em 2014 (84,64%) com a média de votos em políticos da aldeia que de 1998 até 7 de outubro concorreram a assembléia legislativa (48%) e à câmara federal (33,82%).

As candidaturas a deputado estadual, que pela matemática do bairrismo disputariam 77.236 votos, receberam apenas 36.290. Para federal, se a média histórica indicava 53.623 votos em disputa, foram apenas 24.284 confirmas nas urnas.

O número de votantes, na Gravataí que voltou a ser uma ‘cidade-dormitório de votos’ em candidatos estrangeiros, também caiu. A projeção de 84,64% apontava para 158.555 eleitores. Foram às urnas 79,75%, ou 151.012.

Pela segunda eleição consecutiva Gravataí fica sem representante local eleito para a assembléia e a câmara federal – o que não aconteceu entre 98 e 2010, período em que a cidade sempre teve pelo menos um deputado e, na legislatura 2007-2010, chegou ao recorde de cinco.

 

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É possível listar alguns motivos gerais, alheios aos erros e acertos eleitorais de cada candidato, o que analisarei em um artigo próximo.

Vamos a eles:

 

1.

Tchau, políticos tradicionais

Aqui não vai nenhum demérito na expressão ‘políticos tradicionais’, já que uma das democracias mais consolidadas do mundo, a dos Estados Unidos, tem um histórico de reeleições a cargos executivos e uma das menores taxas de renovação dos parlamentos.

Mas é fato que tivemos em 2018 uma eleição de caras novas na foto 3×4 da urna. Não concorriam prefeitos como Marco Alba (MDB), Daniel Bordignon (PDT), Edir Oliveira (PTB), Sérgio Stasinski (PV), Rita Sanco (PT), o falecido Abílio dos Santos ou Miki Breier (PSB), contabilizado na ‘fórmula Seguinte:’ só até 2014, quando já era ‘de Cachoeirinha’. Também ficaram fora das urnas nomes consolidados nas últimas eleições para assembleia, câmara federal e prefeitura, como Anabel Lorenzi (PSB) e Levi Melo (PRB).

De mais ‘tradicional’, apenas o sobrenome Alba na candidatura da primeira-dama Patrícia, e Jones Martins (MDB), vereador por duas vezes, candidato a prefeito com 51 mil votos em 2008 e deputado federal por um ano e meio, entre 2017 e 2018.

 

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2.

O fenômeno das redes sociais

Com exceção de Dimas Costa (PSD) – aquele que nas métricas teve o maior envolvimento em seu perfil de facebook e, para comprovar a tese, foi o deputado mais votado de Gravataí – as candidaturas acordaram tarde para as redes sociais. O ‘estrangeiro’ Marcel Van Hattem (Novo), que não deve ter saído da frente do celular ou do computador a campanha inteira, só não fez mais votos para câmara federal do que um local, Jones.

Não se estabelece conexões de rede para fora da ‘bolha’ dos amigos mais próximos e não se cria uma persona nas redes sociais do dia para a noite, mesmo com equipes de postagens ou impulsionamentos pagos.

 

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3.

Dois ‘2º turno’

A disputa presidencial entre o #EleNão ou #EleSim, que fez do 1º turno um 2º turno antecipado, desviou completamente o foco das eleições locais em uma Gravataí sem TV, onde, na eleição das fakenews, talvez da mídia regional apenas o Seguinte: tenha priorizado os candidatos locais em uma cobertura diária em texto e vídeo.  

 

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4.

Os 'candidatos-freeway'

A onda do bolsonarismo também fez seu crime nos políticos da aldeia. Depois dos locais Dimas, Patrícia e Jones, o Tenente Coronel Zucco, Ruy Irigaray e Bibo Nunes, do PSL de Bolsonaro, foram os mais votados para assembléia legislativa e a câmara federal. De Gravataí, é provável que conheçam apenas o caminho para a praia pela freeway.

 

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5.

Política e eleição viraram ‘crime’

Não foi só o financiamento empresarial e os santinhos de candidatos que foram varridos da eleição 2018. A política também foi para baixo do tapete. Basta ouvir os antigos: a eleição que era uma festa virou quase um crime! Além do rigor e fiscalização da lei eleitoral, o ódio à política parece ter amedrontado os políticos, que pouco apareceram nas ruas. Ok, o período eleitoral foi menor. Mas, houve campanha este ano em Gravataí?.

Aqui não se trata de condenar o combate à corrupção, o que talvez nem Guilherme de Pádua ou Suzane  Von Richthofen o façam, mas é inegável que o moralismo lavajatista, seus jejuns e convicções, e a ‘guerra das togas’ nas cortes superiores, relegaram aos políticos nada além da presunção de culpa. Algo como: “se é político, é bandido”. E, grosseiramente, se o senso geral é de que bandido bom é bandido morto, morte a eles nas urnas!

Enfim, o ódio à política chegou à fila do supermercado.

Aos que não gostarem do que vem por aí, resta lacrar no facebook do Gaúcho da Geral ou do Frota.

 

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