Neste final de semana, acontece logo aqui ao lado, em Porto Alegre, uma espécie de mundial da integração pelo futebol. Será a segunda edição da Copa dos Refugiados em solo gaúcho, e Gravataí, desta vez, tem uma camisa para torcer. Colômbia é Gravataí. São pelo menos sete moradores da cidade entre os jogadores da equipe formada por colombianos. Eles estreiam na competição jogando contra Senegal, na manhã deste sábado, no Estádio Passo d'Areia.
Entre os nossos colombianos está o Juan Camilo Bedoya, de 24 anos, que há quatro vive na Cohab. Em campo, ele será volante. Na vida real, é vendedor de roupas e barbeiro.
— Vim para o Brasil em busca de trabalho. Na Colômba não adiantava, não tinham muitas oportunidades. Eu fazia de tudo, como pedreiro, pintor, serralheiro, mas era difícil conseguir chances e ter o sustento. Como meus familiares já estavam aqui em Gravataí, resolvi seguir o mesmo caminho — conta Bedoya.
Ele e todos os 120 participantes da Copa dos Refugiados, que neste ano reúne migrantes e refugiados de oito países — Angola, Haiti, Colômbia, Guiné Bissau, Líbano, Peru, Senegal e Venezuela — são amadores. Jogam por diversão e, neste caso, para mostrar sua cidadania. É que, mais do que um evento de futebol, a Copa organizada pela Ponto Agência de Inovação Social, em parceria com a ONG África do Coração, e promovida pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), tem finalidade social. Os R$ 10 de ingressos (adquiridos antecipadamente no site do evento somente até esta sexta (1º)) dão direito a acompanhar os dos dias do evento e vão financiar o projeto Tupiniquês — crusos gratuitos sobre a linguagem e a cultura brasileira para refugiados.
No final da Copa, um álbum de figurinhas é lançado no site do evento, mas não serve para mostrar jogadores de futebol. Junto da imagem de cada participante fica registrado um pequeno currículo de cada um, com nome completo, idade, profissão e cidade onde está morando.
No ano passado, havia alguns participantes de Gravataí na Seleção do Haiti. Em 2018, eles não conseguiram um lugar entre as oito equipes selecionadas. Houve uma espécie de eliminatória entre os refugiados haitianos de diversas localidades gaúchas. Os gravataienses, que jogavam junto com os haitianos de Porto Alegre, ficaram pelo caminho.
As eliminatórias
A trajetória dos colombianos de Gravataí foi semelhante. Em 2017, a Seleção da Colômbia, que chegou até a final na Arena do Grêmio, era formada por colombianos residentes em Canoas. O feito empolgou a turma. Semanas atrás, em uma Canoas, aconteceu a eliminatória com três times: Porto Alegre, Canoas e Gravataí. Bedoya e seus amigos conseguiram vencer.
— Nós só jogávamos por diversão mesmo, e para compartilhar dos momentos com os nossos irmãos da Colômbia. Sempre levamos comidas típicas nesses jogos e ficamos ali depois de jogar. O Carlos foi quem nos incentivou e o pessoal gostou da ideia de participar da Copa dos Refugiados — conta.
Ele se refere a Carlos Aguiar. Brasileiro e dono de uma quadra de futebol em Canoas, onde os colombianos sempre se reúnem. Ele será o treinador deles na Copa.
— No ano passado eu também fui o treinador, mas só acompanhei eles mesmo na competição. Agora me sinto mais parte de tudo. Montei a equipe e estou treinando com eles. Acho que vamos fazer uma boa participação — diz.
Após a etapa de Porto Alegre, em julho acontece a quinta edição da Copa dos Refugiados em São Paulo e, no mês seguinte, a primeira edição no Rio de Janeiro. Os vencedores de cada etapa regional disputarão as finais em setembro, no Pacaembu, em São Paulo.
SAIBA MAIS
: A Copa dos Refugiados acontece no sábado (2), das 9h às 13h, no Passo d'Areia, com os jogos das quartas-de-final. No domingo (3), das 13h às 17h, no Beira Rio, acontecem as semifinais e final do torneio.
: Os jogos
9h – Senegal x Colômbia
10h – Venezuela x Angola
11h – Haiti x Peru
12h – Guiné Bissau x Líbano
: Ingressos custam R$ 10 com venda antecipada somente até esta sexta pelo http://copadosrefugiados.com/ e também na bilheteria do Beira Rio, no domingo. No sábado, não haverá venda de ingressos na bilheteria. A compra das entradas antecipadas dão direito a acompanhar os dois dias de competição (crianças de até 12 anos e idosos são isentos)
: Conheça mais sobre a Copa dos Refugiados e confere o álbum de figurinhas de cada seleção no site do evento.
