Quase sete anos depois do afastamento de Rita Sanco e Cristiano Kingeski da Prefeitura de Gravataí, o impeachment para uns, golpeachment para outros, ainda se arrasta na justiça.
A ex-prefeita e o ex-vice revelaram com exclusividade ao Seguinte: que estão apelando agora ao Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, para que analise o mérito do processo em que a Câmara de Gravataí cassou seus mandatos em outubro de 2011, levando à inelegibilidade por oito anos.
– Até agora o judiciário avaliou que não houve erro formal no rito processual, todo ele baseado em um decreto da ditadura, de 1967, do governo Castello Branco. Não há uma decisão da justiça sobre a procedência das denúncias – lamenta a ex-prefeita, cuja queda do poder desencadeou a derrocada petista, que de partido todo poderoso da política de Gravataí após 15 anos no comando da Prefeitura, perdeu lideranças, viu votos minguarem nas urnas e, pela primeira vez em três décadas, ficou sem representação no legislativo municipal.
– Fomos absolvidos, ou o Ministério Público arquivou as dezenas de acusações feitas no impeachment. Por pura política foi desrespeitada a vontade popular expressa em uma eleição legítima – lembra aquela que, com 67 mil votos, recebeu a maior votação da história entre ocupantes do palacinho ocre da avenida José Loureiro da Silva.
Rita e Cristiano comparam o episódio ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.
– Gravataí foi uma espécie de laboratório. Inventaram “pedaladas” aqui e lá. Foram dois golpes sem causa, farsas que a história já revelou – resume Rita.
– A omissão do judiciário, que não aceitou julgar o mérito das denúncias, considerando o impeachment uma questão interna do legislativo, é a versão da aldeia do “com o Supremo e tudo” – acrescenta Kingeski.
Nenhum dos dois demonstra esperança de sucesso no STJ. Cassados mesmo sem acusações de corrupção ao estilo Operação Lava Jato, a insistência nos recursos é mais um ‘lava honra’.
A saga do impeachment
Nos dois anos de existência, o Seguinte: já produziu uma série de reportagens sobre a cassação. Se você não conhece o episódio mais marcante da política de Gravataí nas últimas décadas, clique nos links abaixo e assista ao vídeo.
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