oi, filho

Os bebês deixam de ser bebês rápido demais

Todo mundo que já foi criança sabe da sensação horrorosa de ser chamado de “bebezinho da mamãe” por um coleguinha na escola. É uma verdadeira afronta, um absurdo, um xingamento dos mais cabeludos ser chamado de bebê. Isso porque a fórmula matemática do envelhecimento diz que: quanto mais jovens somos, mais velhos queremos parecer ser e quanto mais velhos somos, mais jovens queremos voltar a ser. E que esforço para parecer mais velhos, independentes, donos de si! O que não temos maturidade para entender nessa época da vida é que isso passa muito rápido, e que deveríamos aproveitar o agora, sem se preocupar com o que vamos ser amanhã.

Esses dias, buscando o Beni na creche, vi uma das professoras recordando alguns pés carimbados com tinta laranja no papel branco. Ela me mostrou o do Beni e de uma coleguinha nova, que entrou há pouco, e eu acreditei que o pezinho do meu bebe era o menor. Ledo engano! O pé do Beni é quase duas vezes o pé da coleguinha e esse momento bobalhão me fez cair na real: o bebezinho do papai ta crescendo!

O Benício engatinha por toda a casa numa velocidade inacreditável e já tenta se equilibrar em pé, testando cada vez mais o limite do próprio corpo. Adora assistir desenhos na TV e come absolutamente tudo o que vê pela frente! Bom de garfo igualzinho ao pai. Dá tchau pra todo mundo e fica bem quietinho quando eu digo “to bravo bravo com o Beni!”. Quem ainda não é pai deve estar achando um saco a coluna de hoje, afinal todo o pai quando começa a falar do filho não para mais. É um defeito incorrigível, eu admito! Mas agora da pra entender todas as vezes que fomos envergonhados por nossos pais na frente dos outros, com papos chatos e intermináveis sobre a nossa vida. É que pra gente os filhotes vão ser sempre os bebezinhos da mamãe/papai, não importa a idade ou o tamanho.

No grupo da família, esses tempos, estávamos falando sobre os bebês da família e como a gente cresceu rápido demais. Eu mesmo, com 20 e tantos estou aqui escrevendo sobre paternidade na internet. O tempo é um negócio engraçado. Passa tão devagar pra quem é novo e tão rápido pra quem já é adulto. Sinto falta do tempo em que o Beni ficava enrolado nas cobertas comigo assistindo TV, bem picucutinho. Hoje ta aí, tentando comer a luz da lanterna enquanto eu faço vídeos dele.

 

 

As vezes eu queria que existisse uma maneira de parar o tempo para que ele fosse o bebezinho do pai por mais tempo. Chego a ter dor de barriga quando penso no dia em que ele vai me pedir para parar de pegá-lo no colo ou para deixar duas quadras antes da escola. E esse dia vai chegar, eu sei que vai.

 

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