Ainda bem temperada pelo gás de pimenta da polêmica aprovação do escalonamento que reduziu o vale-alimentação de muita gente, a relação da direção do sindicato dos municipários com o governo Miki Breier (PSB) lembra um ‘vale-tudo’.
Um mês após a retirada por ordem judicial do outdoor colocado na entrada de Cachoeirinha que acusava Miki e o vice Maurício Medeiros (PMDB) de engordarem os salários até R$ 36,6 mil e R$ 40,3 mil em diárias, os sindicalistas voltaram ao tatame, agora nas redes sociais, postando notas fiscais de gastos com almoços, jantas e lanches dos políticos em viagens a Brasília e ao Rio de Janeiro.
“Assim é gasto o dinheiro do povo”, “Crise pra quem? Isso é se adequar à nova realidade”, “Foi pra isso que foi economizado o vale-alimentação dos trabalhadores?” e “Que tal a fome do nosso vice-prefeito?” são alguns dos enunciados do panfleto online intitulado “A farra das diárias em Cachoeirinha” e que no texto de apresentação fala em "orgias gastronômicas".
Nas notas reproduzidas, com valores que vão de R$ 98 e R$ 224, são listadas refeições como filé mignon, cerveja especial e vinhos no Delírio, do aeroporto do Galeão, churrasco, contrafilé e rodízio no Nippon em Brasília.
– Podem dizer que é legal, porque foi aprovado pelos vereadores, mas consideramos ilegal por ser imoral. A moralidade é um dos princípios da administração pública. Prefeito e vice recebem salários que são uma fortuna, entre os mais altos do Rio Grande do Sul e do Brasil. Nada contra buscar recursos em Brasília, mas gastos com almoços e jantares caros não combinam com o discurso do governo de que o funcionalismo tem que se adaptar à crise. Então é uma via de mão única? – questiona a tesoureira Mariana Mahlmann, servidora da Secretaria da Fazenda que fez o levantamento após receber as notas, com rubricas do prefeito e vice, depois de um pedido formal feito pelo Simca na Lei de Acesso à Informação.
A renegociação em 200 vezes da dívida de mais de R$ 15 milhões que a Prefeitura tem com o Iprec (o instituto de previdência do funcionalismo), justificativa para missões a Brasília, também é alvo da dirigente sindical:
– Estão pagando as parcelas, mas ainda não recolhem a contribuição patronal regulamente – observa, criticando a falta de negociação desde dezembro (justamente após o episódio do outdoor), mesmo com a sequência de parcelamentos e atraso nos salários e no 13º.
Ouvido pelo Seguinte:, número 1 de Miki, o secretário de Governança e Gestão Juliano Paz foi à guerra:
– É mais uma chinelagem que vem da direção de um sindicato acéfalo que não representa mais o funcionalismo. Quem já foi a Brasília ou ao Rio sabe que os valores das notas não são absurdos, ainda mais em aeroportos – responde, não esquecendo de lembrar a renúncia de Éverton Bugallo Cezimbra há duas semanas, três meses após assumir a direção do sindicato.
– Procuram picuinhas, fazem fuxicos, apostam na desinformação e mentem, como ficou provado na justiça no caso dos outdoors. É uma minoria que se alimenta de falsas polêmicas para fazer a velha política do quanto pior melhor. Isso é comportamento de quem quer diálogo? Nós estamos trabalhando para buscar soluções. Não vamos cair nesse jogo. Está feio já.
Observando o UFC, a população. Que pelo que se lê hoje em dia no Grande Tribunal das Redes Sociais, em boa parte tem tanto políticos, quanto funcionários públicos como vilões.
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