Surpreendente a defesa que o vereador Wagner Padilha (PSB) fez do uso pelos vereadores de celulares com as contas pagas pela Câmara de Gravataí.
– Eu uso o celular. Apenas para coisas da comunidade, mas uso. É como um celular que o trabalhador recebe da firma – disse ao microfone, mais ou menos nestas palavras, durante a última sessão.
Fenômeno das redes sociais, o ‘vereator’ chegou ao primeiro mandato criticando privilégios e mordomias dos políticos. Youtubber que melhor canalizou votos de protesto contra o governo Marco Alba (PMDB), os vereadores e suas farras de diárias, foi eleito já na primeira campanha gastando menos de 500 pilas.
Wagner já mostrou que se lixa para as maledicências dos adversários, como nas polêmicas de seu projeto do 'fraldão' para cavalos ou sobre o ‘carrão’ que comprou logo após receber o primeiro salário. E, bom de gogó e com o pensamento rápido dos tempos de improviso no tablado, talvez tenha o jeito e o argumento certo para dar explicações aos eleitores, se achá-las necessárias ou alguém se importar com isso.
Mas, conhecendo a política e a velocidade como a notícia ruim corre, também é possível que ao aderir a símbolos do espírito de corpo da Câmara, o vereador comprometa já em seu debut a imagem de um apartidário outsider da política que está lá como um mocinho do povo para peitar os políticos e as injustiças sociais.
Alguém, mesmo Wagner, pode negar que ele seria hoje um prato cheio para um vídeo de Floriano Flor de Tuna, o ‘Tô de Olho no Buraco’, personagem que o tornou célebre na aldeia e além?
Eu, pelo menos, fico imaginando o gaúcho bigodudo entrando nas firmas e perguntando aos peões quem ganha R$ 10 mil por mês e leva de brinde um aparelho de celular com a conta paga para falar com quem bem entender.
Devolve o celular, Wagner!
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