Quero deixar claro que estou fazendo uma análise leiga e preliminar. Posso estar sendo precipitado e injusto, mas desde ontem, quando começaram a pipocar áudios de outros pilotos – brasileiros e colombianos – comecei a ler bastante sobre as práticas da Lamia – a empresa que levou a Chapecoense – e processos de aviação.
O avião que levava a Chapecoense seria o único dessa empresa. E levava, preferencialmente, equipes de futebol. Recentemente, levou o próprio Atlético Nacional, equipes da Libertadores, seleções da Bolívia e – pasmem – da Argentina, com Messi e tudo.
Esse avião tinha uma autonomia (espécie de limite de voo) de três mil quilômetros. Praticamente a distância exata entre partida e chegada do voo da Chapecoense. Pra economizar combustível, eles abasteciam exatamente o que precisavam pra chegar com o tanque quase vazio ao destino.
No voo fatídico, a torre teria feito contato com o comandante avisando que um Boeing com problema de escape de combustível estaria fazendo um pouso de emergência. Cinco minutos depois, o piloto notou que estava ficando sem combustível e sondou a torre sobre um pouso de emergência, alegando pane elétrica. Não havia como pousar naquele momento. Num primeiro momento, o piloto teria omitido a informação de que o problema, de fato, era falta de combustível, porque isso acarretaria numa multa que poderia inviabilizar a empresa e, talvez, responsabilizar o próprio piloto pela negligência.
Não há uma inspeção do órgão de controle de aviação civil, antes de qualquer voo, sobre a relação autonomia de voo / nível de combustível. Essa responsabilidade é do piloto antes de decolar. Pra quem é leigo, como eu, a melhor analogia que encontrei pra explicar é um carro parado numa balada segura com a responsabilidade de analisar o teor alcoólico sendo exclusivamente do condutor do veículo.
O voo da Chape caiu e não pegou fogo simplesmente porque não tinha mais uma gota de combustível na aeronave. Eles economizaram combustível nos voos anteriores. Tudo estava dando certo. E se conseguissem fazer um pouso de emergência, seguiriam destino e levariam mais dezenas de outras delegações de futebol, como fizera nos últimos anos. Até acontecer um desastre. Como, infelizmente, aconteceu com a Chape. Com quase cem famílias e uma cidade inteira.
Ainda é a análise imprecisa de um leigo. Mas está claro que houve negligência e alguém precisa pagar por essas vidas.
Nando Rocha, é Administrador e colaborador do Seguinte:
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