Impressionante o que um líder consegue promover se aliado à humildade em saber que precisa se reinventar constantemente, estudar obcecadamente, flexibilizar, customizar relações coletivas, reconhecer talentos. Dificilmente um líder consegue obter sucesso permanente, se não aliar esses predicados. Pode ter lampejos, mas ali na frente, a falta de uma dessas características importantes, pode sucumbir a sua trajetória.
Para personificar essa figura, cito Tite, o atual técnico da Seleção que, em um mês, revolucionou a nossa forma de atuar, não apenas por ser um estudioso, organizado, dedicado, mas por ser líder, por reconhecer o staff que lhe impulsiona, por customizar relações num grupo plural e heterogêneo, como, invariavelmente são, os planteis de equipes de futebol.
Resgatando um histórico tático de Tite, podemos observar que as suas convicções geraram tendência e marcaram pequenas eras no futebol atual. Iniciou com brilho no Caxias e logo após, no Grêmio, aplicou um 3-5-2 moderno, com Roger fixado na defesa, Galvão sendo um dos armadores por trás, como líbero, com dois alas espetando o adversário, um segundo volante que flutuava verticalmente e o chamado falso 9, que desde 2015 é tão falado, mas já aplicado ao Grêmio de 2001, com Marcelinho Paraíba. Felipão espelhou esse 3-5-2 na Seleção do Penta, em 2002, com Kleberson fazendo a função essencial de Tinga, dois alas de grande qualidade e um trio ofensivo fenomenal.
Em 2008 foi um dos primeiros grandes treinadores do Brasil a aplicar a linha de extremos bem abertos, como armadores-atacantes, e apenas um jogador posicionado à frente. Abriu D’Alessando na direita e Alex na esquerda, com Nilmar centralizado, uma inovação na geração do 4-4-2 pragmático e do 3-5-2 reativo de Muricy. A partir daí, o que se viu é que basicamente todos os times nacionais, passaram a adotar este esquema.
Mas sua genialidade tática não seria potencializada se não fosse um líder. E é justamente por alinhar condutas e habilidades que Tite se tornou o maior técnico brasileiro do século. Estive com ele no fim do ano junto do meu amigo Régis Rosa, quando produzimos um material para o livro que estamos escrevendo, sobre a história de superação do Régis Junior. Tite nos recebeu com sorriso, carisma e tempo. Me impressionou o seu conhecimento, mas o que me encantou, foi o seu comportamento. Provou ser o líder que merece ser benchmarking, ser exemplo e espelho.
Tite, como todos os grandes líderes que o Brasil tanto precisa, merece o sucesso.