É patético Jair Bolsonaro propor, ao fim de seu mandato, uma CPI da Petrobrás. O fez nesta sexta-feira após o anúncio de novo reajuste nos preços da gasolina e do diesel.
O aumento acontece logo após a aprovação do ‘teto do ICMS’, patrocinado pelo presidente e sua gangue do Centrão como milagre eleitoral, e que já torraria pelo menos R$ 100 bilhões de estados e municípios, em gastos sociais, como saúde e educação, para baixar centavos na bomba.
O reajuste é de 5,2% no preço da gasolina e de 14,2% no preço do diesel a partir de sábado. Segundo a empresa, o último reajuste da gasolina havia ocorrido há 99 dias e o do diesel, há 39 dias.
Em nota para divulgar os aumentos, a Petrobras afirmou que tem buscado o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem repasse imediato para os preços internos da volatilidade das cotações internacionais e da taxa de câmbio.
Como reportei em Teto do ICMS para baixar centavos nos combustíveis tira dinheiro da sua saúde; Gravataí, Cachoeirinha e Viamão perdem mais de 40 milhões, a raiz do problema está na política de preços dos combustíveis.
Chamada de ‘preço de paridade de importação’ (PPI), foi implementada pelo então presidente Michel Temer, após o golpe de 2016 – e mantida com afinco por Bolsonaro. Prevê que os preços dos derivados de petróleo nas refinarias da Petrobrás sejam reajustados de acordo com a evolução da cotação em dólar do barril do óleo no mercado internacional.
A política permite aos acionistas da empresa – em sua maioria grandes fundos internacionais especulativos – manter seus lucros intactos, enquanto a população sofre com os aumentos do combustível e a inflação. Só no ano passado, a Petrobrás lucrou R$ 106,6 bilhões – mais que os quatro maiores bancos brasileiros juntos. O lucro foi integralmente transferido aos acionistas – algo que a legislação não exigia. E os ganhos do primeiro trimestre de 2022, anunciados em 5/5 foram proporcionalmente maiores: R$ 44,5 bilhões.
Bolsonaro não sabia?
Se sabia ou não, a quatro meses da eleição metralha uma boa fake news eleitoral.
– Ele tentou, mas a Petrobrás, os governadores e o ‘STJ’ não deixaram – vai justificar alguém, em algum almoço da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Gravataí (Acigra).
Insisto: com essa tentativa de baixar os combustíveis, Gravataí perde pelo menos R$ 22,4 milhões, Cachoeirinha 10,7 milhões e Viamão 9,1 milhões, em troca de, conforme especialistas, centavos na bomba – e a inflação empurrada para 2023.
Como alertei em Mentira sobre baixar combustíveis vai assaltar Gravataí, Cachoeirinha e Viamão em 42 milhões anuais e ‘Bolsa-carro’ de Bolsonaro vai assaltar Gravataí, Cachoeirinha e Viamão em mais de 40 milhões; O golpe tá aí, cai quem quer, o golpe está aí, cai quem quer.
Ao fim, uma CPI seria uma boa. Ao menos testaríamos a ‘teoria do domínio do fato’. Se Lula sabia da corrupção na Petrobrás, Bolsonaro não sabia?
Lembrou-me uma do Millôr: “Um idiota nunca aproveita a oportunidade. Na verdade, muitas vezes o idiota é a oportunidade que os outros aproveitam”.