Ex-professora está de olho no voto ‘pátria, família e liberdade’ que aflora em Canoas sem um candidato para chamar de seu
Quem conhece Nilce Bregalda sabe: a mulher não foge do embate. Em outubro, vai às urnas pelo PL em busca de uma cadeira na Assembleia Legislativa. De olho no voto conservador e de direita que se espraia pela cidade, empunhando um discurso à Bolsonaro e chamando antigos aliados de ‘traidores’, Nilce não dá bola para a contradições do capitão-presidente – as do discurso e as da prática – e promete ser a sua voz no palanque e nas ruas de Canoas.
Mesmo que outros tantos candidatos no mesmo naipe político pensem o contrário.
Nilce conversou com o blog há alguns dias, contando os planos para a campanha que se avizinha. Muitos se espantam e outros tantos se opõe à retórica de ódio que Bolsonaro impõe à política, mas é importante entender o fenômeno que o faz existir. Bolsonaro, para quem o segue, é mais do que um líder; é um jeito de praticar a política; e o bolsonaro way of life, politicamente falando, requer um comportamento ao estilo do capitão. A postura de Nilce é, em síntese, o suco do bolsonarismo aplicado ao chão da cidade. E, por isso, deve ser interpretado sob esta perspectiva: conservadora e de direta, sim, e bolsonarista até os cabelos.
É sob esta visão de mundo que Nilce não poupa críticas aos outros pré-candidatos do mesmo campo político, como Airton Souza e Simone Sabin, de quem esteve lado a lado em 2018. “Ela ficou do lado do Jairo Jorge, fez parte do governo dele”, diz. “Traiu a nossa causa, não nos representa mais”.
Para ela, o conservador autêntico é o que não arredou o pé – os outros que mudaram.
Nilce defende a Educação, os valores da família e a liberdade econômica. Saiu da ‘roça’ cedo, com os irmãos, para morar em Canoas e estudar. Formou-se professora de Matemática e sempre trabalhou na rede particular. Depois, prestou concurso para Prefeitura, fez Contabilidade e hoje trabalha no CanoasPrev – cuidando das aposentadorias de seus colegas servidores.
E como será para uma mulher fazer campanha para um homem como Bolsonaro, notadamente machista e que não leva desaforo para casa? Bem, Nilce não sente qualquer desconforto, pelo contrário. Não vê misoginia no comportamento do capitão – nem no famoso e desprezível episódio envolvendo a deputada gaúcha Maria do Rosário (PT). “Não há fala do Bolsonaro agredindo mulher nenhuma”, repete. As polêmicas diurnas e noturnas envolvendo o presidente seriam fruto de um ‘sincericídio’ que ele comete.
Discorde, mas respeite.