Partido decidiu reivindicar a vice na chapa de Eduardo Leite no sábado e avalia, em conversas durante a semana, nova postura
Parece que a vida de Gabriel Souza, do MDB, não será tão fácil rumo à indicação de vice na chapa com Eduardo Leite, do PSDB. O emedebista foi escolhido no domingo pela convenção do partido, mas surgiu um adversário de peso: o União Brasil. O partido comandado no Estado por Luiz Carlos Busato vinha se mantendo paciente em relação à indefinição do MDB mas, no sábado, mudou a postura. Em um tuíte, o ex-prefeito de Canoas anunciou que após uma longa reunião o União tinha a intenção de indicar o vice – independentemente da posição que o MDB adotasse no dia seguinte.
No domingo pela manhã, o MDB aprovou por 239 a 212 votos a aliança com o tucano e tirou o nome de Gabriel, até então candidato a governador, para formar a chapa que disputa o Piratini. Era o resultado que Leite esperava para encaminhar a aliança. Tucanos e emedebistas estão alinhados no plano federal em torno da candidatura da senadora Simone Tebet para presidência da República e o impasse da parceria aqui no Rio Grande do Sul era tido como o último obstáculo a ser superado entre as siglas.
Pois, agora, é o União Brasil que resolveu empinar a carroça.
Com a posição definida no sábado, o partido pretende iniciar uma rodada de conversas com Leite, o PSDB e o MDB, além do PSD; o partido de Danrlei e Jairo Jorge faz convenção na noite desta segunda e também já decidiu pelo apoio ao candidato tucano. Entre eles, querem rediscutir quem indica o quê às urnas.
Cá entre nós, faz algum sentido.
O União Brasil é dono do maior tempo de TV e tem a maior fatia do fundão eleitoral para por sobre a mesa. Com a chegada de Gabriel Souza, não indicaria nome algum às majoritárias – uma vez que a vaga ao Senado deve ser preenchida por Ana Amélia Lemos. Onyx Lorenzoni, do PL, e Luiz Carlos Heinze, do PP, estão de olho no que pode ser um racha típico de composição eleitoral para ver se, entre mortos e feridos, salvam apoio para si desse imbróglio todo.
No frigir dos ovos, acredito que o União ponha panos quentes nos ânimos mais exaltados e mantenha a posição de aliança com Eduardo Leite – com Gabriel e tudo. Essa é a vontade pessoal de Busato, pelo menos. O ex-prefeito de Canoas, até então o mais cotado para a vaga de vice, nunca foi enganado por Leite sobre a preferência para o MDB neste posto. Leite e Busato sabem que de nada adiantaria um acordo formal que não resistisse às urnas: para o ex-governador, o MDB é essencial para unir o Centro e enfrentar um segundo turno contra um dos extremos, Onyx ou quem sabe Edegar Pretto, do PT.
De qualquer forma, o acabaxi está aí – para ser descascado ou engolido.