Uma reviravolta tirou 17 médicos de Gravataí; a maioria cubanos amados nas periferias da cidade. É mais uma bobagem ideológica de Jair Bolsonaro (PL) que vai custar pelo menos R$ 5 milhões ao ano para os gravataienses, já que o prefeito Luiz Zaffalon (MDB) já autorizou nesta quinta-feira a contratação novos profissionais.
Após anunciar que prorrogaria por 60 dias os contratos do Mais Médicos, o Ministério da Saúde comunicou a Prefeitura que o departamento jurídico orientou pelo desligamento dos profissionais no dia 30 de novembro.
A redistribuição de vagas do Médicos Pelo Brasil, substituto do governo Bolsonaro para o Mais Médicos, que era o programa que admitia médicos cubanos, faz com que, a partir deste dezembro, municípios da região metropolitana percam, em média, 60% das equipes médicas.
Desde junho faço o alerta; e muitos trataram como fake news. O último artigo publiquei segunda-feira, Gravataí evita perda de 17 médicos por bobagem ideológica de Bolsonaro; Pergunta na periferia sobre os cubanos.
Ao chegar o comunicado-surpresa do Ministério da Saúde, Zaffa autorizou a publicação de edital para nomeação de 29 novos médicos para atuação na rede municipal de saúde; todos pagos pela Prefeitura, diferentemente do Mais Médicos, que era custeado pelo governo federal, e expliquei após denúncia errada feita por parlamentar em Deadpool mente em ‘post-denúncia’ de falta de médicos em Gravataí; A saúde pública não é um Programa da Eliana, vereador!.
Conforme o coordenador da Atenção Básica da Secretaria Municipal da Saúde, Luciano Albrecht, foram chamados médicos clínicos, pediatra e ginecologistas para atuação em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e médicos da Estratégia Saúde da Família (ESF) para atuação nas Unidades de Saúde da Família (USFs).
A conta – que inclui os 17 médicos desligados e a substituição de contratados emergencialmente por profissionais que passaram no concurso público da saúde aberto neste ano pelo governo municipal – ultrapassa os R$ 5 milhões anuais.
É mais pressão num orçamento da saúde que já chega a 23% do Orçamento Municipal, acima dos 15% previstos na Constituição Federal.
– Não por nada Gravataí tem uma rede de saúde que é referência no Rio Grande do Sul. É nossa prioridade não deixar as pessoas sem atendimento, o que conseguimos inclusive no auge da covid – argumenta o secretário municipal da Saúde, Régis Fonseca, que lembra que Gravataí ficou na primeira colocação entre as cidades com mais de 200 mil habitantes no Previne Brasil, ranking que mede a qualidade e o desempenho oferecidos aos usuários na área da saúde e serve de parâmetro junto ao Ministério da Saúde para o financiamento das ações na área de Atenção Básica.
Ao fim, lamentável a perda dos cubanos.
Como referi ainda no primeiro semestre, em Gravataí vai gastar 5 milhões a mais para compensar perda de médicos por bobagem ideológica de Bolsonaro, sou de um pragmatismo implacável na saúde: mais médicos é bom, menos médicos é ruim; sustento isso desde 2018, ano da eleição de Bolsonaro, que antes mesmo de assumir já ‘mandou para Cuba’ muitos profissionais.
A quem tem preconceito ideológico faço um desafio: perguntem nas vilas de Gravataí como é ser atendido por médicos cubanos.
Só ouvi elogios.
Inegável é que, na mesinha do posto de saúde, importa muito o médico olhar nos olhos, fazer perguntas, sentir o cheiro da ferida do paciente.
Não vou provocar tanto, identificando nos cubanos mais vocação que nos brasileiros, até porque toda generalização é burra, mas a formação empírica desses profissionais está sempre a teste: com tantos embargos eles tem menos tecnologia e equipamento, além de menos acesso a remédios; resta ouvir, tentar diagnosticar e prevenir.
Muito Brasil, né?
Resta agradecer aos cubanos pelo trabalho feito junto aos mais pobres nas nossas periferias; isso além saudar que Gravataí, mesmo com todos os problemas da saúde pública, tenha condições de bancar um orçamento acima do limite na saúde e, no caso da bobagem ideológica do, por mais 30 dias, ainda deprimente da república, contratar médicos.
Inegável é que já podemos ir ligando os tubos: o Tribunal de Contas da União (TCU) alertou nesta semana que o SUS no Brasil apresenta “indícios de insustentabilidade”, dadas as “evidências de desassistência, assim como uma realidade em que a maior parte dos gastos com saúde possui origem privada”.