RAFAEL MARTINELLI

SEGUINTE TV | ‘Claudinho Paz e Amor’: após posts-xingamento, Ávila agora quer união das oposições; O Ser Político, o sapo, as pequenas provações e as insuportáveis vantagens

Se subiu o tom contra o governo de Gravataí, Cláudio Ávila (União Brasil) voltou das férias, encerradas com dancinha TikTok nas redes sociais, como ‘Claudinho Paz e Amor’, após uma série de posts-prints-xingamento contra expoentes da oposição a Luiz Zaffalon (MDB) & Marco Alba (MDB), como o secretário-adjunto do Esportes do Estado, Dimas Costa (PSD), a quem chamou de “vigarista”, e o ex-prefeito Daniel Bordignon (PT), a quem chamou “defunto”, como analisei em artigos como Dimas & Ávila nunca mais!: Postagem escancara afastamento entre políticos de oposição em Gravataí; “Vigarista”.

Na primeira sessão da Câmara o vereador retirou as ofensas e defendeu a união das oposições; escrevo ‘oposições’, porque são várias, e de diferentes matrizes lados da ferradura ideológica – não é só, como dizia Frei Betto sobre o companheirismo nas prisões na ditadura, a esquerda que se une “apenas na cadeia”.

Travestido de ‘policial bonzinho’, Ávila também pediu arquivamento do processo no qual instava a Comissão de Ética a investigar e poderia levar até à cassação do vereador e colega de partido Fernando Deadpool, como reportei em Autor, Cláudio Ávila pede à Câmara de Gravataí arquivamento de processo que poderia levar à cassação de Deadpool: na denúncia de dezembro, descrevia o vereador como “falso herói” e muito mais; O ‘sequestro’, o plot twist e a minúscula história.

Assista ao vídeo e, abaixo, sigo.

Inegável é uma estratégia inteligente para evitar um isolamento que se desenhava para ele e o outro vereador do partido, Bombeiro Batista, que já se apresenta como candidato a prefeito.

Evoca, ainda, um habeas corpus preventivo para não ser acusado de ser o desagregador de uma união da oposição.

Conhecendo a aldeia, cometo um ‘Printe & Arquive na Nuvem’: só acredito em candidatura única da oposição caso ocorra um improvável racha, com Zaffa e Marco Alba concorrendo à Prefeitura separados.

Ao fim, lembra-me ‘Ser Político’, verbete do Millôr:

Ser político é engolir sapo e não ter indigestão, respirar o ar do executivo e não sentir a execução, é acreditar no diálogo em que o poder fala e ele escuta, é ser ao mesmo tempo um ímã e um calidoscópio de boatos, é aprender a sofrer humilhações todos os dias, em pequenas doses, até ficar completamente imune à ofensa global, é esvaziar a tragédia atual com uma demagogia repetida de tragédia antiga, é ver o que não existe e olhar, sem ver, a miséria existente, é não ter religião e por isso mesmo cortejar a todas, é, no meio da mais degradante desonra, encontrar sempre uma saída honrosa, é nunca pisar nos amigos sem pedir desculpas, é correr logo pra bilheteria quando alguém grita que o circo pega fogo, é rir do sem-graça encontrando no antiespírito o supremo deleite desde que seu portador seja bem alto, é flexionar a espinha, a vocação e a alma em longas prostrações ante o poder como preparação do dia de exercê-lo, é recompor com estoicismo indignidades passadas projetando pra história uma biografia no mínimo improvável, é almoçar quatro vezes e jantar umas seis pra resolver definitivamente o problema da nossa subnutrição endêmica, é tentar nobremente a redistribuição dos bens sociais, começando, é natural, por acumulá-los, pois não se pode distribuir o pão disperso, e é ser probo seguindo autocritério. E assim, por conhecer profundamente a causa pública e a natureza humana, estar sempre pronto a usufruir diariamente do gozo de pequenas provações e a sofrer na própria pele insuportáveis vantagens.

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