Como antecipei em 14 de abril em Gravataí pode ter aumento nas tarifas de ônibus para segurar subsídios que chegariam a 1 milhão por mês até o fim do ano, as passagens das linhas municipais vão aumentar R$ 3,75 para R$ 4,50 em Gravataí, a partir deste sábado.
As passagens congeladas desde o governo Marco Alba foram mantidas pelo prefeito Luiz Zaffalon em R$ 3,75 ao combustível de mais de R$ 15 milhões em subsídios desde 2021. Para efeitos de comparação, sem o aporte a tarifa técnica seria hoje de R$ 6,60.
Reproduzo release da Prefeitura com as explicações e, abaixo, sigo.
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Graças ao programa Procoletivo, criado pela Prefeitura de Gravataí para gerenciar e garantir a prestação do serviço de transporte coletivo urbano à população, o reajuste da tarifa das linhas de ônibus municipais ficará muito abaixo do valor estimado. A passagem, que poderia ultrapassar o valor de R$ 6,60, ficará em R$ 4,50 a partir deste sábado, 10, graças ao aporte mensal feito pela gestão municipal.
Apesar da inflação acumulada nos últimos quatro anos, o que eleva os custos do sistema de transporte, o valor da passagem ainda ficará abaixo da tarifa praticada em 2019, que era de R$ 4,80. Ao mesmo tempo, o Procoletivo também permite a renovação da frota que atende os gravataienses, e nos próximos dias será anunciada a aquisição de 12 novos veículos – todos com ar-condicionado – e que em breve circularão pela cidade.
A partir de junho, além dos 10 novos coletivos climatizados, dois novos micro-ônibus passarão a fazer o transporte dos passageiros nas linhas municipais. Estes veículos também são equipados com ar-condicionado e, com isso, a média de idade da frota no município cairá para 6,9 anos, abaixo do limite máximo permitido, que é de oito anos.
– É mais uma ação importante do Procoletivo, que já rendeu o aumento do número de linhas e horários, e agora proporciona essa renovação importante dos veículos. São ações que se complementam e geram mais eficiência, agilidade e qualidade na prestação do serviço aos usuários – destaca o secretário de Mobilidade Urbana Guilherme Ósio.
A elevação da tarifa ocorre por diversos fatores. Entre eles estão o reajuste concedido aos trabalhadores do setor, que foi de 13% no último ano e que tem nova reposição salarial estimada em até 8% para junho deste ano, a alta acumulada do diesel em mais de 60% desde 2021 e a ausência de incentivos federais e estaduais aos municípios para bancar as isenções aos idosos, como havia ocorrido ano passado – as gratuidades hoje representam 40% dos passageiros que circulam nos ônibus em Gravataí.
O índice de aumento na tarifa de ônibus é calculado pelo Conselho de Mobilidade Urbana e, depois, encaminhado à Prefeitura, que homologa o valor.
– O Procoletivo prevê repasses mensais para subsidiar o sistema e, com isso, a Prefeitura garante que a passagem fique abaixo do que deveria ser caso não houvesse nenhuma ação. Assim, evitamos criar um círculo vicioso que afastaria o usuário e prejudicaria a sobrevivência do sistema – reforça o secretário de Mobilidade Urbana.
O repasse em 2022 ficou em torno de R$ 7,1 milhões e, neste ano, a estimativa é de que chegue a R$ 7,5 milhões. Todos os recursos são advindos de uma ação judicial relacionada aos royalties do petróleo, evitando que o município necessite tirar qualquer valor de áreas importantes como saúde, educação ou infraestrutura.
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Sigo eu.
Não é por gosto que governos tem subsidiado o transporte coletivo. Agora, no caso de Gravataí, a conta também será dividida diretamente com os usuários.
É a ‘ideologia dos números’, a realidade que se impõe, goste-se ou não do governante, ou da Sogil, que opera os ônibus municipais.
Deixar a concessionária ‘quebrar’ representaria uma irresponsabilidade inimaginável, já que há contrato assinado, a empresa poderia buscar indenizações, o sistema notoriamente dividido entre consórcios não apresenta interessados e, legalmente, só teremos licitação para transporte coletivo na região metropolitana a partir de 2026.
Em resumo: é uma ‘pauta-bomba’ para desarmar, a base de subsídios, ou jogar no colo do pobre um aumento estratosférico nas tarifas – o que Zaffa não faz, apesar do reajuste de 0,75; poderia pela tarifa técnica ser de 2,85.
Sim, porque o sistema é sustentado não por aquelas pessoas que pegam ônibus eventualmente, e podem cotejar o custo com uma corrida de uber, e sim pelo trabalhador que precisa do transporte rotineiramente; custo que divide com seu empregador, isso quando tem carteira assinada.
A tragicômica comparação é que, em um ônibus, se tem um estudante, um juiz ou o dono da Sogil (que tem isenção de idoso) e um gari, quem paga a tarifa dos três é o último.
Ao fim, até acharmos uma solução para o transporte coletivo enfrentar a uberização, potencializada pela interminável crise, é um debate que não acaba no gosto-ou-não-gosto de subsídios públicos ou da concessionária.
O caso de Gravataí não é diferente de outros municípios metropolitanos, ou do transporte intermunicipal – também subsidiado pelos governos Eduardo Leite-Ranolfo Jr. (PSDB).
Insisto: é um debate que precisa que ‘tirem as crianças da sala’. Os caça-cliques já podem começar a babar nas redes sociais.