BLOG DO RODRIGO BECKER

CANOAS | Nedy e a revoada dos tucanos: o já, o agora e o momento seguro; a política do ‘copo riscado’

Governador Eduardo Leite com Nedy em evento da CICS, em abril: tucanos querem o vice no partido e nas urnas em 2024. Foto: Arquivo

Vice admite convite para filiar-se ao PSDB mas fala em ‘momento seguro’ para uma decisão de rumos

O PSDB tá grandão. Na quarta-feira, 10, à noite, filiou o prefeito de Gravataí, Luiz Zaffalon, numa manobra que vem sendo construída para ‘desatar uns nós e atar outros’ na disputa local – o Seguinte: acompanhou tudo e dá para conferir as informações e a opinião do colega Rafael Martinelli no post SEGUINTE TV | Nem Lula, nem Bolsonaro: Prefeito Zaffa escolhe Eduardo Leite e se filia ao PSDB; A III Guerra Política de Gravataí e o Clube dos Frades. A próxima ‘bicada’ que vem sendo arquitetada pelo bando tucanos deve ser em Canoas – mais precisamente, no gabinete do vice-prefeito, Nedy de Vargas Marques.

Sem medo de errar, é o caminho que Nedy quer seguir.

Em uma conversa com o blog na sexta, enquanto se restabelecia de um rápido afastamento por conta de uma cirurgia dentária, contou que recebeu convite tanto de Redecker quanto de Leite para engrossar fileiras no partido. “Trocar de partido é algo sério. Estou avaliando o convite que muito me honra, mas só vou definir no momento seguro”, despista Nedy.

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As rotas do vice e do PSDB já se cruzaram em 2022, quando Nedy ocupava a função de prefeito em exercício. Em meados de novembro, a direção nacional do Avante destituiu-o do cargo de presidente do partido e deu a missão para o vereador Márcio Freitas. De lá para cá, a filiação de Nedy é uma mera formalidade. Não demorou muito para que os partidos se ouriçassem com a possibilidade de contar com o homem que comandava a terceira maior economia do Estado. Até o PT andou namorando Nedy que admitiu publicamente ter votado em Lula no segundo turno do ano passado. Antes do final do ano, no entanto, o rumo já estava colocado: era, então, uma questão de tempo para o ninho tucano receber o seu novo ‘emplumado’, Nedy. Era e ainda é, reputo.

Em Canoas, o partido nem para figuração no palco da política é chamado depois que Felipe Martini deixou a candidatura de 2020 para apoiar Jairo Jorge. Ermerson Wendt, delegado de polícia e ex-secretário de Segurança de Canoas, especula uma candidatura a prefeito no ano que vem, mas sabe que não terá força sozinho para barrar a entrada de Nedy se a decisão for tomada pela cúpula do tucanato. Além disso, formalmente, o partido não tem integrantes no governo JJ, condição que permite supor que irá manter-se na oposição para 2024. Internamente, à direção estadual importa a ideia de lançar Nedy em um ato de filiação com a presença de Eduardo Leite, o governador-presidenciável que joga com o duplo plano de concorrer ao Planalto em 2026 e eleger um sucessor ao Piratini, com ou sem a parceria do MDB do atual vice, Gabriel Souza. Por isso o empenho em fechar com Zaffalon, par lá, em Gravataí, e com Nedy, para cá, em Canoas.

Mas então por que Nedy não entra no PSDB de uma vez por todas?

Na verdade, ‘está tudo resolvido e nada combinado’, como diria o ditado que em política, significa que todos sabem o que está por acontecer, mas ninguém admite ou põe firma, ainda. O desejo do grupo político próximo ao vice é conduzí-lo ao PSDB na condição de prefeito – ou seja, após uma decisão do TRF4 sobre um novo afastamento de JJ que, especulam, seria confirmado na Justiça Federal. Daria outro peso à filiação e ainda poderia convencer a ‘bancada dos descontentes’ a engrossar fileiras também no ninho tucano. Por ‘descontentes’, leia-se vereadores que hoje não tem um partido organizado para montar nominata e disputar a eleição com condições de fazer bancada. PTB, Avante e Solidariedade, por exemplo, estão nessa condição.

Abmael Oliveira (Solidariedade), compadre e afiliado político de Nedy, é um exemplo. Seguirá o vice para onde for, mas melhor se for o PSDB. Defensor de Bolsonaro, não teria espaço caso a guinada do vice fosse em direção à Lula – mas topa a odisseia Eduardo Leite se o PSDB se comprometer minimamente com a campanha de 2024.

Outro detalhe nessa conjuntura é a relação entre JJ e Eduardo Leite. Adversários na eleição de 2018, ensaiaram uma aproximação desde que Jairo voltou ao governo, em 2021. Um tucano do alto comissariado confidenciou ao blog que Leite tem reservas por JJ ter apoiado José Ivo Sartori no segundo turno de 2018. Isso explicaria o flerte do governador com Nedy sem maiores preocupações com impacto disso na política local e a pouca importância que Eduardo Leite estaria dando a uma eventual fissura na relação, como um copo que de longe parece riscado.

E em política, o copo riscado, quando a gente olha de perto, parece que tá olhando de longe.

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