RAFAEL MARTINELLI

O rebote da reunião que aproximou adversários de 2020: vazou que Zaffa processa vereadora esposa de Dimas por postar que prefeito foi “conivente” em caso de assédio sexual na Prefeitura de Gravataí

A reunião entre o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) e o grupo político de Dimas Costa (PSD), segundo colocado na eleição para a Prefeitura de Gravataí em 2020, que reportei hoje em A reunião de 2h entre Zaffa e Dimas e a fofoca interminável em Gravataí, já rendeu informações supostamente negativas a partir dos rumores no meio político sobre uma aproximação dos dois na eleição do ano que vem.

Recebi print de ação, que corre em segredo de justiça, onde Zaffa processa Anna Beatriz da Silva, por post no qual a vereadora, presidente municipal do PSD, procuradora especial da mulher da Câmara e esposa de Dimas, que estava presente na reunião de hoje, aponta o prefeito como “conivente” no caso do escândalo sexual na Prefeitura, onde assessora denunciou secretário municipal próximo ao prefeito por assédio.

O vereador Paulo Silveira (PSB) também é processado por Zaffa por calúnia, injúria e difamação ao tratar sobre o comportamento do prefeito no caso.

O valor das duas ações superaria os R$ 20 mil em indenizações.

Fato é que a política, como no egípcio  ‘Livro Enigmático Do Mundo Inferior’, é Ouroboros: o círculo, a espiral da evolução, a dança sagrada de morte e reconstrução.

Divulgada a aproximação entre Zaffa e Dimas, era previsível um “3,2,1…” para alguma notícia supostamente ruim circular.

Ao fim, acho que há algo de bom nisso tudo.

Zaffa e Dimas, adversários, sentaram para tratar de recursos estaduais e de emendas federais. Ruim não é, né?

Grandeza maior ainda identifico na vereadora Anna, a ‘processada’.

Não sorriu muito – e nem é sua característica. Mas estava ali na mesa para projetar R$ 4,5 milhões em recursos para Gravataí, para um complexo esportivo, a nova emergência do hospital e um posto municipal de coleta de sangue.

Há por obvio, incertezas sobre os impactos políticos da notícia sobre a reunião – e também sobre outras notícias posteriores, como esta, do processo.

‘Suposta’ aproximação entre Zaffa e Dimas é lida, em geral, da mesma forma quando alguém é preso como ‘suspeito’ ou ‘acusado’ de algo. Resta algo consumado.

No artigo anterior, de hoje, questionei sobre as reações dos grupos políticos de Zaffa e Dimas.

Mas há também o impacto sobre os eleitores, a sociedade. É a narrativa que agora está em disputa.

Alguns podem perceber a grandeza de adversários reunidos, outros podem achar que Zaffa faz de Gravataí uma Brasília, compondo até com adversários.

O que eu acho?

Pelo que apurei, não tem nada além de uma política de boa relação, entre Zaffa e Dimas, ambos associados ao governo Eduardo Leite, aparentemente tentando isolar um adversário na eleição: Marco Alba (MDB), que foi o ‘Grande Eleitor’ em 2020.

Fazem política.

É igual a Brasília, onde é difícil dizer qual partido não participa do governo? Pode ser. Mas isso é ruim? Devolvo com uma pergunta: qual governante não quer apoio?

Invariavelmente só critica quem não está no poder.

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