O comitê municipal do PCdoB lançou neste domingo a pré-candidatura do médico e presidente municipal Luis Felipe Benassuly, 46 anos, como candidato à Prefeitura de Gravataí.
Os comunistas integram – e presidem a partir de abril – a Federação Brasil da Esperança, com PT e PV, que já lançaram candidaturas de Daniel Bordignon e Sérgio Stasinski, respectivamente.
Semana passada, em PV lança Stasinski candidato à Prefeitura de Gravataí; A II Guerra Política ressuscitada e Bordignon sob as sombra das flechas, escrevi: “aguardemos a gestão da crise pelo PCdoB, que preside a federação neste ano eleitoral”.
Ao ouvir Benassuly nesta segunda-feira, resta-me a certeza de que há uma crise instalada na aliança entre os federados, que precisam regimentalmente definir uma candidatura única.
O médico diz ter recebido do PCdoB a missão de colaborar para uma “ampla aliança”, com partidos “progressistas” e que “integram o governo Lula”.
Admite já ter tido conversas informais com o PDT, que tem como candidato a prefeito o vereador Thiago De Leon, e com o PSD, onde o candidato é o secretário-adjunto do Esporte do Estado, Dimas Costa.
– É forte e real a possibilidade de uma aproximação com Dimas – é uma revelação que faz.
A expectativa do médico é que a presidente do PT, Adelaide Klein, marque ainda esta semana uma reunião entre os partidos da Federação, para que se comece a discutir estratégias para a eleição de 2024.
– A política nacional do PCdoB e o momento político do país exigem essa amplitude de alianças – defende.
Perguntado se o lançamento de candidaturas pelo PCdoB e PV não enfraquece a candidatura de Bordignon, que tem maior densidade eleitoral conforme pesquisas, Benassuly considera um erro os petistas terem lançado o ex-prefeito isoladamente, sem um consenso da Federação.
– PCdoB e PV tem o mesmo direito que o PT de lançar candidatura. E se a candidatura de Bordignon ficar enfraquecida, é porque forte não é – avalia.
O médico alerta para a exigência de a Federação aprovar a chapa que concorre em 2024.
– Se não houver consenso na Federação municipal, a decisão sobe para a direção estadual e, se necessário, para a nacional – explica, lembrando que, sem representação na Câmara, PCdoB, PV e PT tem o mesmo peso na decisão em Gravataí.
Reputo o lançamento de candidatura pelos comunistas, e a entrevista de Benassuly, reforçam minha análise de que há, na Federação, a aposta em uma – perigosa – narrativa de que Bordignon não tem condições políticas nem de unir a esquerda, muito menos de ser fiador de uma aliança mais ampla na eleição de 2024.
Por que perigosa?
Porque hoje, na Federação, é Bordignon quem tem votos. A última eleição que disputou, venceu. Em 2016 só não assumiu como prefeito devido à suspensão de seus direitos políticos pelo STJ.
Vale para a Federação o mesmo que escrevi lá em agosto de 2021, em A volta de Bordignon é a melhor coisa para o PT de Gravataí, quando o PT de Gravataí não quis aceitar a volta do ex-prefeito, que precisou apelar para a direção estadual, onde foi refiliado por um voto.
Acontece que uma aliança com Dimas, que pode ser a aposta de PCdoB e PV, depende do secretário-adjunto de Eduardo Leite manter a candidatura à Prefeitura – o que, para fazer justiça, reafirma sempre; leia em Dimas saiu da casa de Kassab candidatíssimo a prefeito de Gravataí; A nota sem senão e a ‘fofoca interminável’.
Mas, e se o governador, precisando de votos para aprovar o aumento no ICMS, ou para atender pedido de Luiz Zaffalon, prefeito de seu PSDB, seduzir Dimas oferecendo uma vaga como deputado estadual (ele é primeiro suplente) ou como secretário de Estado titular?
Ao fim, concluo da mesma forma que no artigo anterior sobre a polêmica, onde antevi movimentos por uma ‘cassação política’ da candidatura do ex-prefeito dentro da Federação: “resta Bordignon em seu calvário, quando não jurídico (hoje não tem mais impedimentos legais), político. Vai para mais uma eleição onde a única sombra que experimenta é sob as flechas”.