RAFAEL MARTINELLI

Dos 600 mil aos 30 milhões: vereadores vão aprovar hoje vale-alimentação para servidores da Câmara de Gravataí; É a ‘cascata 2024’ no colo do prefeito Zaffa – e em ano eleitoral. “É direito de todo trabalhador”, diz presidente do legislativo

Alex Peixe fala com Dilamar da Silva, pelos discursos de 20223 possivelmente o único voto contrário à criação do vale

O novo presidente da Câmara de Gravataí Alex Peixe (PRD) confirmou ao Seguinte: que apresenta na sessão desta quinta-feira projeto que prevê o pagamento do vale-alimentação para servidores do legislativo.

– É um diretor de todo trabalhador. Proporcionalmente, Gravataí tem a Câmara mais enxuta do Rio Grande do Sul, sem vale-combustível, vale isso ou vale aquilo. Vamos funcionar em três turnos, então o vale é necessário – disse o vereador, que já tem maioria para aprovar.

É ‘pauta-bomba’, principalmente porque pode pressionar um efeito ‘vale em cascata’ também para funcionários da Prefeitura. E em um ano eleitoral, no qual o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) é candidato à reeleição e experimenta um momento de calmaria com o funcionalismo após o pagamento do piso do magistério; leia em Principal vitória política de Zaffa em 2023 já está no contracheque do funcionalismo de Gravataí.

Coisa que o próprio Peixe alertou, há dois meses.

Quando o pagamento do benefício foi anunciado pelo ex-presidente Alison Silva (MDB), em 11 de novembro, Peixe, então líder do governo Luiz Zaffalon (PSDB) na Câmara, se manifestou contrário.

Como primeiro-secretário da mesa-diretora, negou-se a assinar o projeto, o que regimentalmente impediu a execução.

Reportei a polêmica em O risco do vale-alimentação para Câmara de Vereadores se tornar ‘vale em cascata’ em Gravataí; A coerência do líder do governo.

Por que apontei coerência do vereador?

Porque na época Zaffa tentava desarmar a pauta-bomba do piso do magistério, que considerava “impagável” justamente pelo “efeito cascata”.

– A fonte de recursos é a mesma, a Prefeitura. Se não dá para pagar o ‘piso em cascata’, como propor vale-alimentação somente para os servidores da Câmara? Sou contra – disse Peixe, à época, para o Seguinte:.

Havia, principalmente no governo, o receio da exigência de paridade por funcionários da Prefeitura, também reivindicando o vale.

Se o cálculo era de que o vale-alimentação de R$ 25/dia custaria cerca de R$ 600 mil/ano para os servidores da Câmara, a extensão para os funcionários da Prefeitura chegaria a R$ 30 milhões anuais.

Escrevi:

“(…)

Resta aí a coerência de Peixe.

Estranho seria apoiar um benefício para servidores da Câmara, ao menos enquanto o governo se esforça para demonstrar para a sociedade que é mais correta a opção por manter outros investimentos e não destinar R$ 60 milhões para o ‘piso em cascata’ dos professores.

Se a intenção de Alison, que é a favor do ‘piso em cascata’, foi criar constrangimento político para Zaffa, seu adversário figadal e de seu padrinho e candidato a prefeito Marco Alba (MDB), a aprovação de um benefício somente para servidores da Câmara pode ter efeito contrário, atraindo também para os vereadores a ira do magistério e demais servidores da Prefeitura.

Da sociedade, que deve começar a sentir uma greve dos professores a partir de terça-feira, nem se fala. ‘Aumento’ para a Câmara, mesmo que não seja para políticos, invariavelmente é mal visto.

(…)”.

O que mudou? Peixe explicou 15 de janeiro, e reportei em Novo presidente tem entre prioridades pagar vale-alimentação na Câmara de Gravataí; O Peixe de ontem, o de hoje e a ‘grita em cascata’.

– Construímos um acordo para pagamentos do piso. O ambiente político é outro. Agora acredito ser possível negociar o vale apenas para servidores da Câmara – avalia, citando o acordo construído pelo prefeito e o sindicato dos professores que debelou a greve em menos de 48h e reduziu o impacto financeiro do ‘piso em cascata’ de R$ 60 milhões para menos de R$ 6 milhões anuais; leia em Principal vitória política de Zaffa em 2023 já está no contracheque do funcionalismo de Gravataí.

Ao fim, é verdade o que o ‘Peixe de hoje’ alega, assim como era verdade o que alertava o ‘Peixe de ontem’.

O pagamento do vale representa zero após a vírgula no orçamento da Câmara, mas inevitavelmente deve desencadear a cobrança de igualdade pelos funcionários da Prefeitura.

Fato é que, no ano eleitoral, é ‘pauta-bomba’.

Para além da ‘grita em cascata’ dos servidores não beneficiados, é crítica certa no Grande Tribunal das Redes Sociais. Como concluí no artigo citado acima, “qualquer ‘aumento’ para a Câmara, mesmo que não seja para políticos, invariavelmente é mal visto”.

É 3,2,1…

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