RAFAEL MARTINELLI

SEGUINTE TV | ‘Família MDB’ confirma chapa Marco Alba-De Leon apostando na união experiência-juventude em Gravataí; Do nem-nem ao legado e crítica

Convenção confirmou chapa Marco Alba (MDB) e Thiago De Leon (PDT) à Prefeitura de Gravataí

Em frente a um painel com as fotos dos falecidos ex-prefeito Acimar da Silva e ex-presidente Sônia Oliveira, a convenção que confirmou a chapa Marco Alba (MDB)-Thiago De Leon (PDT) na noite deste domingo, no CTG Aldeia dos Anjos, trabalhou o conceito da ‘Família MDB’, que se une à juventude de um vice de 29 anos, sob a força do legado e popularidade do ex-prefeito.

48h depois do prefeito pré-candidato a reeleição Luiz Zaffalon (PSDB) almoçar com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e 12h após o também adversário Daniel Bordignon (PT) aniversariar como candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, lideranças municipais, estaduais e nacionais defenderam o legado do ex-prefeito, e seu jovem vice, sem fazer referências à polarização política nacional.  

– Está chato isso, atrapalha o debate sobre as coisas da cidade. Perguntam “é Bolsonaro, é Lula?”. Sou candidato a prefeito de Gravataí – Marco Alba já tinha dito ao Seguinte: dias antes da convenção, e assim foi o ato que tinha no palco políticos como o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), que sexta-feira recebeu apoio de Bolsonaro, e o deputado federal Afonso Motta (PDT) e o presidente estadual dos pedetistas, Romildo Bolzan Jr., da base do governo Lula.

O ‘nem-nem’ não impediu, porém, críticas aos adversários na eleição de Gravataí. Principalmente em relação ao endividamento e a conchavos políticos em governos do PT e no atual.

– O MDB é nossa família. Em nossos governos tratamos as pessoas assim como entendemos nossa família deveria ser tratada, sob esse espírito, do amor, da união e da lealdade, sem nunca confundir o interesse público com o privado – disse a deputada estadual Patrícia Alba (MDB), ao lado do marido, e chamando ao palco filhos e familiares da chapa.

– Onde a gente anda, ouve a pergunta: “quando o Marco vai voltar?”. Volta, Marco! Vamos devolver a cidade para os cidadãos – concluiu.


Vídeo enviado pelo ex-senador Pedro Simon (MDB) apresentando Marco Alba como “o melhor prefeito da história de Gravataí e do Rio Grande do Sul” e “herói de Gravataí” inspirou lideranças de MDB, PDT e Agir a defender as realizações do ex-prefeito em 42 anos de vida pública.

– Gravataí se divide entre antes e depois de Marco – disse o filho Tiago Simon, assim como fez o presidente estadual do MDB e presidente da Assembleia Legislativa em 2023, Vilmar Zanchin.

– Marco mostrou a capacidade de permitir a liberalidade para empreender, mas sempre cuidando dos que mais precisam – disse Sebastião Melo, o mais aplaudido ao ser anunciado, e com sua gestão controversa, antes, durante e depois da catástrofe de maio, defendida pelas lideranças do partido.

– Precisamos enfrentar conjuntamente temas importantes para a região metropolitana, como a integração do transporte coletivo e a saúde. O Estado não tem liderado esse processo – disse o prefeito candidato à reeleição na Capital, numa crítica ao governo Eduardo Leite (PSDB), que tem como vice Gabriel Souza, de seu MDB, que não participou da convenção.

O filho vereador Pablo Melo (MDB) disse que a escolha de Gravataí é entre “a marca de boa gestão que se tornou o Marco” e “a esquerda retrógrada” e “a máquina da Prefeitura”.

– Onde tinha uma ruela, chegou asfalto, depois virou avenida, teve ponte. Mas a principal obra do Marco foi fazer as pessoas amarem Gravataí  – disse o deputado federal Alceu Moreira (MDB), observando que o ex-prefeito mudou o sentimento de desânimo da população frente aos problemas, “aquele sentimento do aqui sempre foi assim”.

Teve também alertas para o risco do favoritismo.

– Não tem campanha ganha – alertou Adão de Castro, secretário de Mobilidade Urbana de Marco, exportado para Porto Alegre, lembrando a eleição de 2016, vencida por Bordignon, que não pode assumir devido à suspensão dos direitos políticos.

– O candidato cassado está de novo aí. Mas Marco teve estrela, venceu a nova eleição e, com a casa arrumada, fez um governo de muita aprovação – disse, instigando o governo Zaffa:

– Com dinheiro é fácil. O que foi feito no governo Marco permite coisas que são realizadas hoje.


Para anunciar o discurso de De Leon, Alan Vieira, presidente do MDB que renunciou a concorrer ao quarto mandato como vereador para coordenar a campanha à Prefeitura, chamou o vereador Alison Silva (MDB), apresentando-o como decisivo para a escolha.

– Um chegava no Marco de um lado, outro do outro – brincou, praticamente confirmando leitura do meio político de que havia um debate interno entre os mais conservadores, como ele, e os mais liberais, como Alison.

– De Leon, isso é sobre família e história. Ao vir para nosso projeto, você se torna um dos que constroem essa transformação e entendem que, após a ruptura, a mudança é necessária de novo – disse, em referência ao rompimento entre o ex e o atual prefeito, e lembrando que Gravataí caiu de quarta para nona economia gaúcha.


Ao seu estilo ‘bom moço’, De Leon fez um discurso falando em “paz”, “amor” e focado na educação. Lembrou investimentos dos governos de Marco Alba em uniformes, material escolar e gradis nas escolas, mas já anunciou novas propostas como cursinho pré-vestibular municipal e turno integral nas escolas, inspirado em Leonel Brizola, “o político que mais construiu escolas na história do Brasil”.

Sobre os modelos pedagógicos contratados nos governo do MDB, como Positivo e Moderna, que criticava como ‘privatização da educação’, o sociólogo e professor evitou referências.

– É um novo momento. Vamos surpreender. Fazer coisas que parecem impossíveis. Algumas ainda não podemos falar – disse, como bom filho do algoritmo mantendo o suspense sobre o que vem a seguir na barra de rolagem das redes sociais.

– É uma eleição também sobre reputações – advertiu.


Marco Alba abriu seu discurso fazendo uma deferência a Alan, ao lembrar sua relação política histórica com jovens, e a escolha de De Leon como vice.

– Lealdade é seu predicado – disse para Alan.

– São 22 anos juntos. Sempre ouvi os jovens, porque já fui um, com toda pressa da juventude. É impossível construir um futuro melhor sem a participação dos jovens no presente – completou, lembrando que mais de 40 mil gravataienses tem entre 16 e 37 anos.

Além de citar obras e realizações de seus governos, “que transformaram Gravataí no que ainda é”, e alertar para o endividamento, “reduzi a 13%, hoje chega a 50%”, o ex-prefeito procurou se diferenciar de adversários nas relações políticas.

– A Prefeitura nunca foi sede do partido político, foi a sede do governo – disse, alertando que a eleição será uma disputa “sobre a cidade” e “o comportamento político que vamos aceitar que acontença”.

– A política é uma ferramenta para quem tem compromisso com a população, não com seu umbigo ou sua turma. Não podemos deixar Gravataí retroceder ainda mais. Podemos muito mais – concluiu.

Ao fim, a convenção mostrou que o MDB tem time, ou “família”, como trabalharam a narrativa na convenção, mesmo sem cargos no governo após o rompimento entre criador e criatura.

E a aposta é obvia no legado e popularidade de Marco Alba ainda vivos na memória dos eleitores, buscando atrair jovens com a adesão de De Leon, além de um potencial voto útil, como analisei em De Leon vice é uma escolha estratégica de Marco Alba em Gravataí.

É fato que, diferente de 2020, quando foi o ‘Grande Eleitor’ que fez Zaffa sair de 1% nas pesquisas para 51,3% nas urnas, não conta em 2024 com a estrutura de governo ou uma ampla coligação que garante pré-candidatos a vereador pedindo votos nas ruas. Mas, diferente também, agora é ele, Marco Alba, o candidato.


Assista ao vídeo produzido pela SEGUINTE TV

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