No #DasUrnas, siga diariamente quem ganhou, quem perdeu, quem empatou e os números e análises da eleição de 2024.
Números da eleição de 6 de outubro mostram o quanto a megacoligação de 11 partidos formada pelo prefeito Luiz Zaffalon ajudou em sua reeleição.
Zaffa recebeu 64.125, 51,17% dos votos válidos.
As candidaturas à Câmara de Vereadores da sua coligação GRAVATAÍ MELHOR (PRD / PODE / REPUBLICANOS / PRTB / UNIÃO / PSD / PP / NOVO / PL / PSDB / CIDADANIA) somaram 83.451 votos – uma diferença a maior de 19.326.
O segundo colocado, Marco Alba, recebeu 42.445, 33,87% dos votos válidos.
As candidaturas a vereador de sua coligação GRAVATAÍ PODE MUITO MAIS (MDB / PDT / AGIR) somaram 26.927 – uma diferença a menor de 15.518.
Daniel Bordignon, terceiro colocado, recebeu 18.739, 14,95 % dos votos válidos.
As candidaturas ao legislativo de sua coligação O POVO FELIZ DE NOVO (PT /PC do B/ PV / PSB / PSOL / REDE) somaram 14.019 – uma diferença de 4.720 a menor.
Na ‘ideologia dos números’, não dá para esquecer de lembrar que a coligação de Zaffa reunia 14 dos atuais 21 vereadores e a renovação nas urnas foi de apenas 30% – com dois vereadores não concorrendo à reeleição; leia mais em #DasUrnas | Reeleito, homem, 50 anos, branco, casado, católico, curso superior e de direita: o perfil da nova Câmara de Gravataí.
Ao fim, o prefeito reeleito mostrou ter respondido com um “Obrigado, estou aqui!”, ao “Bem-vindo à política!” que instiguei enfrentaria após se desfiliar do MDB e romper com seu ‘Grande Eleitor’ de 2020, Marco Alba.
“Brasília é aqui”, lembro que criticava o vereador e presidente do MDB, Alan Vieira, durante as negociações pela coligação, mesmo que no verão passado o mesmo grupo político tenha apostado no ‘estreitamento de inimizades’ ao montar suas alianças para chegar ao poder – de forma indireta, inclusive.
O golpeachment contra a prefeita Rita Sanco (PT), em 2011, trocou os 68.553 votos nas urnas, até hoje maior votação da História de Gravataí, pela eleição indireta de Acimar da Silva (MDB) a prefeito com 10 votos entre os 14 vereadores da época.
Fato é que, velha ou nova, é a Real Politik – cujos “momentos felizes não estão escondidos, nem no passado e nem no futuro”, para citar Antônio Cícero, poeta eutanaziado nesta semana, autor de À Francesa (Marina Lima).
Evoco mais uma vez ‘Ser Político’, verbete do Millôr e entidade que transcende lados da ferradura ideológica:
Ser político é engolir sapo e não ter indigestão, respirar o ar do executivo e não sentir a execução, é acreditar no diálogo em que o poder fala e ele escuta, é ser ao mesmo tempo um ímã e um calidoscópio de boatos, é aprender a sofrer humilhações todos os dias, em pequenas doses, até ficar completamente imune à ofensa global, é esvaziar a tragédia atual com uma demagogia repetida de tragédia antiga, é ver o que não existe e olhar, sem ver, a miséria existente, é não ter religião e por isso mesmo cortejar a todas, é, no meio da mais degradante desonra, encontrar sempre uma saída honrosa, é nunca pisar nos amigos sem pedir desculpas, é correr logo pra bilheteria quando alguém grita que o circo pega fogo, é rir do sem-graça encontrando no antiespírito o supremo deleite desde que seu portador seja bem alto, é flexionar a espinha, a vocação e a alma em longas prostrações ante o poder como preparação do dia de exercê-lo, é recompor com estoicismo indignidades passadas projetando pra história uma biografia no mínimo improvável, é almoçar quatro vezes e jantar umas seis pra resolver definitivamente o problema da nossa subnutrição endêmica, é tentar nobremente a redistribuição dos bens sociais, começando, é natural, por acumulá-los, pois não se pode distribuir o pão disperso, e é ser probo seguindo autocritério. E assim, por conhecer profundamente a causa pública e a natureza humana, estar sempre pronto a usufruir diariamente do gozo de pequenas provações e a sofrer na própria pele insuportáveis vantagens.
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