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Com 3.213 votos, Bombeiro Batista (Republicanos), 47 anos, foi o vereador mais votado de Gravataí pela segunda eleição consecutiva.
Qual a fórmula? Da boca do parlamentar o leitor não vai saber neste artigo. Tentei entrevistar Bombeiro, nos desencontramos, o político ficou de retornar a ligação e não o fez.
Apresento, então, minha análise para sua reeleição.
Trabalhador, Bombeiro é. Chato, até. Está sempre ligando para secretários ou batendo na porta das secretarias para apresentar demandas da comunidade. Por vezes, manhã, tarde e noite.
É um político que atende as pessoas. Ligou, postou, chamou, o Bombeiro vai. Na segunda-feira após a eleição já dirigia para encontrar eleitor que fazia reivindicação. É um vereador profissional.
Fez de seu bairro, a Neópolis, a ‘Bombeirolândia’, expressão usada na tribuna pelo colega vereador Cláudio Ávila (União Brasil). Lá foi o campeoníssimo de votos.
E nesta reeleição tinha entregas. Uma delas, a principal reivindicação daquela região: a duplicação da ERS-020, com obras para conter alagamentos, que já estão em andamento. A ordem de início das obras reuniu o maior número de moradores entre todas as assinadas por Zaffa.
Aí resta o principal da análise.
Bombeiro soube aproveitar o doce sabor de ser governo, quando o governo começou a investir pesado e explodiu a popularidade do prefeito Luiz Zaffalon (PSDB).
Mas – vejam como é a política – antes saboreou o doce sabor de ser oposição em pautas polêmicas.
Nunca Bombeiro experimentou o amargo que inevitavelmente políticos da base de governo tem que engolir.
Acontece que o vereador estava na oposição quando foram votados os projetos mais polêmicos do governo Zaffa: o subsídio público para o transporte coletivo e a reforma da previdência.
Com apoio de páginas de Facebook administradas por ele, assessores ou apoiadores, que governistas chamavam ‘milícias digitais’, atropelou o governo alimentando nas redes antissociais o discurso de que a Prefeitura estava “dando” R$ 5 milhões para a Sogil.
Tinha sido reeleito vereador mais votado em 2020, com 2.662 votos, pelo PSD de Dimas Costa, segundo colocado na eleição para Prefeitura, e fazia uma oposição pesada contra o governo Zaffa, com denúncias e vídeos nas UPAs e no Hospital Dom João Becker, por exemplo.
O mandato oposicionista lhe garantiu 12.756 votos ao concorrer a deputado federal – 10.958 em Gravataí. Uma votação magnífica para um político que, aos 45 anos, disputou o mesmo cargo com Marco Alba (MDB), à época o ‘Grande Eleitor’ de Zaffa. Um dos votos mais ‘baratos’ do Rio Grande do Sul: R$ 1. Gastou apenas R$ 12 mil, conforme sua prestação de contas no TSE. Nesta reeleição de 2024 recebeu R$ 42,6 mil.
Bombeiro também votou contra a reforma da previdência. Dos Grandes Lances dos Piores Momentos, foi justamente a aprovação que garantiu à Prefeitura uma economia de R$ 400 milhões, que permitiu Zaffa fechar as contas de 2021, ano mais letal da pandemia, no qual Gravataí chegou a perder seis vidas por dia, além de R$ 50 milhões de receita e os efeitos futuros da suspensão da produção da GM, que responde por metade do orçamento municipal, além de contrair financiamentos para investir R$ 250 milhões nos anos seguintes – sem nunca parar obras, mesmo com novas perdas de receita ocasionadas por três eventos climáticos, de tempestade supercélula à maior enchente da história do Rio Grande do Sul.
Obras que Bombeiro também inaugurou, após entrar no governo, a partir de 2023. Algumas que indicou, inclusive. Durante a enchente, políticos contavam ser ele o ‘chefe’ da Assistência Social, onde tinha indicado o secretário municipal. Foi o padrinho, também, da indicação do subprefeito do Itacolomi, entre outros CCs.
A estrutura de cargos também o ajudou a aumentar o tamanho do Republicanos, no qual se filiou, passou a presidir e recebeu fundo eleitoral. O partido, que tinha um vereador, Fábio Ávila, a partir de 2025 terá três: soma-se aos dois o Guarda Moisés, uma das novidades da eleição.
Ao fim, por óbvio Bombeiro não planejou tudo isso. Mas inegável é que restou beneficiado por ter aproveitado o melhor de ser oposição e, também, o melhor de ser governo. A fórmula do melhor dos mundos.
Sempre trabalhando bastante, reforço. E com aguçado senso de oportunidade. Ou sua escada magirus não estaria em ascenção na política de Gravataí.
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