A Câmara de Vereadores de Cachoeirinha divulgou vídeos e um laudo técnico como estratégia de defesa às acusações de intolerância religiosa após cancelar, poucas horas antes do evento, um seminário sobre combate à discriminação religiosa organizado pelo Conselho Estadual do Povo de Terreiro.
Reportei a polêmica em O ‘efeito Templo de Lúcifer’: Câmara de Cachoeirinha é alvo de denúncia por intolerância religiosa após cancelar seminário inter-religioso.
O diretor do legislativo, Wesley Correa, apresentou ao Seguinte: laudo que atesta a impossibilidade de realização de dois eventos simultâneos, no plenário e no plenarinho da Câmara, devido a reforma na rede elétrica autorizada pela presidente Jussara Caçapava ao custo de R$ 300 mil.

Com o impedimento, a opção foi manter evento organizado pela presidente, a frente parlamentar contra taxas abusivas da Corsan, e sugerir aos organizadores a marcação de nova data.
A justificativa da presidente foi comunicada em nota oficial onde alegou “falha administrativa”, após a deputada estadual Luciana Genro informar que apresentaria ao Ministério Público denúncia por intolerância religiosa.
A nota completa no site do legislativo você acessa clicando aqui.
O diretor da Câmara também divulgou vídeos que mostram que o presidente do Conselho Municipal do Povo de Terreiro foi recebido por ele dentro das dependências do legislativo. Roberto Antunes, em vídeo, disse ter sido barrado devido a suas vestimentas religiosas.
Assista ao vídeo.
Wesley também justificou que pediu apoio da Guarda Municipal somente após receber ameaças de invasão da Câmara.
“Em quatro mandatos a presidente nunca foi intolerante. Atende a todos. Lamentamos a politização de uma questão técnica. Intolerância religiosa é uma questão muito séria. Se mata por isso”, concluiu o diretor.
A estátua de Lúcifer e a batalha judicial
O seminário, que aconteceria às 19h da quarta-feira, tinha entre os organizadores os fundadores da Nova Ordem de Lúcifer na Terra (N.O.L.T.), grupo responsável por um santuário dedicado a Lúcifer interditado judicialmente desde agosto em Gravataí por falta de licenças ambientais e de vizinhança.
O santuário em Gravataí, que abriga uma estátua de Lúcifer de cinco metros, erguida ao custo R$ 35 mil e sem recursos públicos para a área ou obra na zona rural, tornou-se símbolo de um embate entre liberdade religiosa e regulação urbana.
Pela repercussão internacional da notícia sobre a criação do santuário, o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) comparou o potencial fluxo de visitantes a “parques como o Beto Carreiro World” e destacou a necessidade de estudos de impacto. A Justiça, ao manter a interdição, afirmou que “templos religiosos não estão imunes ao poder de polícia”.