Com sua já conhecida fleuma, o vice-prefeito de Gravataí, Dr. Levi Melo (Podemos), confirmou, mais uma vez nos bastidores, que será candidato a deputado estadual em 2026. Pelo que o Seguinte: apurou, foi na última sexta-feira, em um encontro reservado com os três vereadores do partido, na sua clínica Millenarium.
A discreta confraternização, ainda que silenciosa, confirmou que Levi é, ao menos neste momento, a principal aposta do Podemos na Região Metropolitana, e conta com apoio irrestrito dos vereadores Carlos Fonseca, Dilamar Soares e Paulinho da Farmácia, além do presidente estadual do partido, Everton Braz, que já o definiu como “nossa joia”.
No entendimento de seus apoiadores, a candidatura de Levi se encaixa como peça-chave no xadrez político que já mira 2026 — e, principalmente, 2028, quando o sucessor do prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) será escolhido.
Zaffa, por sua vez, está com um pé no PSD de Eduardo Leite, de onde deve apoiar a reeleição do hoje único deputado estadual do partido Dimas Costa, ‘embaixador’ do governador em Gravataí; leia mais em Obras de R$ 300 milhões ligam ERS-118 e ERS-020 em Gravataí, mas é a política que conecta Zaffa, Dimas, Davi, Costella, Leite e 2026.
Para os articuladores da candidatura, Levi se projeta como o ‘anti-Marco Alba’ — o único nome, na avaliação de seus aliados, capaz de em 26 tirar votos do ex-prefeito (principal opositor ao governo Zaffa e que também deve disputar vaga à Assembleia Legislativa) e, em 28, enfrentá-lo nas urnas; leia mais em Tudo sobre a reunião que confirmou Dr. Levi como candidato a deputado estadual por Gravataí; do ‘anti-Marco’ ao ‘cavalo manco’.
É aí que a estratégia ganha contornos cirúrgicos, conforme os apoiadores de Levi: concorrer a estadual, e não a federal, não representaria uma escolha pessoal ou partidária — seria uma jogada pragmática.
Embora o vice-prefeito inicialmente não tivesse descartado a possibilidade de disputar vaga na Câmara dos Deputados, a direção do Podemos entende que a eleição para federal será altamente competitiva e concentrará suas forças em nomes como Maurício Dziedricki, já que Maurício Marcon deve migrar para o PL.
Levi, então, é visto como uma aposta segura para manter — ou ampliar — a presença do partido no parlamento gaúcho.
Mas é 2028 que explica 2026. Para seus aliados, a candidatura de Levi a estadual fortalece o governo Zaffa e abre caminho para que o vice-prefeito se torne um nome forte do governo à sucessão. Caso optasse por concorrer a federal e não fosse eleito, correria o risco de ficar fora de cena num eventual fortalecimento de Marco Alba e seus aliados.
O Podemos, que conquistou mais de 14 mil votos em 2024, planeja, porém, lançar um nome local à Câmara Federal. Os três vereadores estão no radar, com Dilamar Soares já se apresentando como pré-candidato; leia em ‘Não é ideologia, é pragmatismo’: vereador de Gravataí quer ser deputado federal para resgatar R$ 200 milhões em emendas; o bairrismo 2.6.
No meio disso tudo, há indefinição sobre uma fusão entre PSDB e Podemos. Everton Braz foi claro, em maio: Levi continuará no comando municipal, com ou sem Zaffa no mesmo barco. E quem quiser sair do partido, sairá sem trauma — nem disputa judicial por infidelidade partidária. O controle da sigla em Gravataí, então, já tem nome e sobrenome.
A reunião de sexta também teve surpresas: Dilque Dionis, até então o principal estrategista de Levi e num passado recente também arquiteto da campanha a prefeita de Anabel Lorenzi, não estava presente. O gesto pode sugerir nuances nas relações internas — ou apenas reforçar o estilo reservado de um grupo que, mesmo silencioso, está em movimento.
Dilque, em encontro anterior que lançou Levi, chamou outras candidaturas de “cavalo manco”, atirando a sela tanto para oposicionistas, quanto governistas vestirem.
Ao fim, a ‘Cara de Levi’ — expressão que criei para diagnosticar movimentos fleumáticos do médico político — parece dizer tudo, mesmo sem vê-la; o vice-prefeito não respondeu questionamento do Seguinte: sobre a reunião de sexta-feira.
Fez-me lembrar o provérbio: “Até que os leões contem suas histórias, as histórias de caça continuarão glorificando o caçador”.
Agora, resta saber o volume do rugido nas urnas. Porque uma coisa já é certa: sua candidatura é tão real quanto, para ele e seus aliados, estratégica — e já está em campanha. Não tão silenciosa, como mostram anúncios ligados ao governo feitos por ele nas últimas semanas em suas redes sociais.