RAFAEL MARTINELLI

Os efeitos — em governo e oposição — da decisão de Dr. Levi concorrer a deputado federal por Gravataí

O vice-prefeito de Gravataí Dr. Levi Melo (Podemos) é pré-candidato a deputado federal em 2026. O médico, que concorreria a deputado estadual, vai atender pedido da direção estadual do partido, que conta com seus votos para garantir bancada federal –– que é onde está o dinheiro e a sobrevivência das siglas.

Até o fechamento deste artigo, Dr. Levi não respondeu questionamento do Seguinte:, mas já confirmou a interlocutores a decisão que confirma cada vez mais Dimas Costa (PSD) como o ‘candidato oficial’ do prefeito Luiz Zaffalon e, potencialmente, do governo, à Assembleia Legislativa.

A coluna já tinha levantado em maio a possibilidade de Levi concorrer a federal, em Dr. Levi abre chance de concorrer a deputado federal em 26 e deflagra sucessão de Zaffa em 28 em Gravataí; os 1.245 dias e o ‘Imponderável de Almeida’.

O desmentido veio com o vice-prefeito reunindo apoiadores para informar que concorreria a estadual. Os entusiastas o apresentaram como o ‘anti-Marco’ –– o político que poderia ganhar eleitores do principal adversário do governo, o ex-prefeito Marco Alba (MDB), que concorre à AL; leia em Tudo sobre a reunião que confirmou Dr. Levi como candidato a deputado estadual por Gravataí; do ‘anti-Marco’ ao ‘cavalo manco’ e A ‘Cara de Levi’ e o rugido silencioso em Gravataí: Dr. Levi é candidato em 26; a reunião reservada.

Fato é que os efeitos colaterais da decisão de Levi impactam de formas diferentes em candidaturas do governo e oposição.

Dimas ganha porque, como candidato do prefeito, e do secretário da Fazenda, coordenador político e número 1 do prefeito, Davi Severgnini, o ‘Zaffa do Zaffa’, tem potencial para herdar votos de Levi ligados à popularidade do governo.

A saída de Levi da disputa também pode ser a senha para outros governistas, inclusive do partido do vice-prefeito, apoiarem a ‘candidatura do governo’. Paulinho da Farmácia, vereador do Podemos, já participou do aniversário de Dimas, sábado; leia em Coroação de Dimas como ‘embaixador’ de Leite em Gravataí teve até cantoria do governador em festa para 1,6 mil pessoas.

Marco também ganha se pesquisas mostrarem que, como entendiam os apoiadores do vice-prefeito, ambos disputam um eleitorado de mesmo perfil.

Caberá a Levi, até por lealdade a Zaffa e ao governo, comunicar à sociedade que segue oposição a Marco e não está no horizonte uma ‘dobrada branca’ –– aquela que ninguém conta, mas todos sabem que acontece.

Pode sobrar algo também para Bombeiro Batista (Republicanos), que tem uma candidatura periférica na base de governo.

Levi e o vereador mais votado pela segunda eleição consecutiva tinham decolado a formação de um grupo, em viagem a Brasília em fevereiro, do qual já desembarcaram Roger Correa (PP) –– que também esteve presente na festa de Dimas –– e Policial Evandro Coruja (PP).

A dúvida é se em Gravataí Levi vai concorrer em dobrada, mesmo que extraoficial, com o também governista Bombeiro, ou se afastar de vez do vereador e se aproximar do ‘Projeto Dimas’, ou ‘Projeto Zaffa’, para pacificar a base de governo. 

A candidatura de Levi também barra Dilamar Soares. O vereador do partido do vice-prefeito já tinha confirmado a intenção de concorrer a deputado federal; leia em ‘Não é ideologia, é pragmatismo’: vereador de Gravataí quer ser deputado federal para resgatar R$ 200 milhões em emendas; o bairrismo 2.6.

Porém, o impacto maior deve ser sentido por Patrícia Alba (MDB), que até o momento concorria sozinha entre as grandes forças políticas de Gravataí.

A ex-primeira-dama anunciou com exclusividade ao Seguinte: que não concorre à reeleição a deputada estadual e disputa vaga na Câmara Federal; leia em “Eu quis. É um sonho desde que fui eleita”: Patrícia Alba confirma pré-candidatura a deputada federal; o vôo 26-28.

Assim como podemos ter um ‘GreNal político’, governo versus oposição, entre Dimas e Marco, na disputa pela Assembleia Legislativa, o mesmo pode acontecer entre Levi e Patrícia à Câmara Federal.

Ao fim, os próximos movimentos, e os fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos, mostrarão se o governo Zaffa caminha ou não para uma pacificação interna em relação às eleições de 26 e –– inevitavelmente –– 28.

“Não existe amor em SP”, diz a música do Criolo. Na política também não existe amor, presente ou eterno. Em Gravataí não é diferente. É pragmatismo o nome da besta.


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