A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu preventivamente, na segunda-feira (13), dois técnicos de enfermagem suspeitos de violação sexual mediante fraude contra uma paciente internada no Hospital Ernesto Dornelles, em Porto Alegre. As prisões foram realizadas pela 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), após investigação iniciada em julho deste ano.
O caso veio à tona em 22 de julho, quando familiares da vítima e funcionários do hospital comunicaram à polícia a suspeita de abuso. A mulher, de 39 anos, estava hospitalizada após passar por uma cirurgia ginecológica quando um dos técnicos, que não atuava no setor em que ela estava internada, entrou em seu quarto, simulou um exame de toque íntimo e apalpou partes do corpo da paciente, como o abdômen e os seios. Outro profissional teria facilitado o acesso do colega ao local e emprestado um estetoscópio utilizado durante a ação.
A vítima percebeu irregularidades na conduta do homem e relatou o ocorrido à equipe de enfermagem, o que levou à formalização da denúncia. Durante as investigações, a Polícia Civil constatou conluio prévio entre os dois suspeitos e tentativa de ocultar o crime. Ambos foram indiciados e tiveram prisão preventiva decretada na sexta-feira (10).
Os técnicos, de 31 e 55 anos, negam as acusações. Em depoimento, um deles afirmou estar sendo confundido, enquanto o outro confirmou ter emprestado o instrumento médico. Ambos foram desligados do hospital após o início das investigações.
A Deam analisou imagens das câmeras de segurança do Hospital Ernesto Dornelles, que mostram o momento em que o técnico acessa o andar onde a paciente estava internada, além de registros de contato entre os dois suspeitos antes e depois do crime. As imagens não foram divulgadas.
O crime de violação sexual mediante fraude, previsto no artigo 215 do Código Penal, ocorre quando o autor engana a vítima para obter vantagem sexual e tem pena de até seis anos de prisão. A polícia segue apurando se houve outras vítimas.
A delegada Thaís Dias Dequech, responsável pelo caso, destacou que a prisão dos suspeitos é resultado de um trabalho técnico rigoroso, realizado com sensibilidade e respeito à vítima. A investigação foi conduzida pela 1ª Deam, especializada no enfrentamento a crimes contra mulheres, e teve como objetivo assegurar que nenhum ato de violência contra a dignidade feminina ficasse impune.
Segundo a Polícia Civil, a agilidade no cumprimento dos mandados reflete o comprometimento das equipes investigativas e a prioridade dada à proteção das vítimas de violência sexual no estado.
Posição do Hospital Ernesto Dornelles
Em nota, o Hospital Ernesto Dornelles informou que, assim que tomou conhecimento da denúncia, prestou atendimento imediato e acolhimento integral à paciente e à sua família. A instituição afirmou ter registrado a ocorrência em conjunto com os familiares, afastado e demitido os profissionais envolvidos e se colocado à disposição das autoridades para colaborar com as investigações, que seguem sob sigilo.
A nota também ressalta o compromisso do hospital com a ética, a segurança dos pacientes e a transparência na apuração dos fatos, reforçando que mantém tolerância zero a condutas incompatíveis com seus valores institucionais.