Queda no número de infectados acende luz no fim do túnel para afrouxar regras da pandemia; cuidados individuais, no entanto, precisam ser mais internalizados do que uma obrigação no papel
A pandemia de Covid-19 não é um problema ético: é de Saúde Pública. Manter a queda nos índices de contágio, no entanto, tem muito a ver com o conceito filosófico de cada um – especialmente em um país em que a política dominou de uma forma o discurso coletivo que um grita 'atira' e o outro grita 'mata. Nesta quarta-feira, 16, Canoas divulgou a queda no número de testes positivos feitos no município – o menor desde que a Central de Testagem foi inaugurada, no ano passado. Do total de 311 testes feitos na terça, 15, só 28 indicaram a presença do vírus nos pacientes, o que equivale a 9% do total. No início de fevereiro, esse índice era de 40%.
Para seguir assim, não tem outro remédio: cuidados de higiene e vacina. Distanciamento – esse conceito que dá urticária em alguns – é o que ainda salva mais vidas na pandemia. Sem contato com o vírus, ninguém fica doente. Sei que temos que trabalhar, retomar, produzir, viver… e é por isso que sinto a obrigação de defender, diariamente se for preciso, a atenção com os cuidados pessoais e à vacinação para mandar o coronavírus embora.
Ainda nesta semana, a Prefeitura de Canoas deve emitir um decreto liberando o uso de máscaras em locais abertos como praças e parques. Entendo, mas acho temerário. Notícia recente publicada pela GZH aponta que 30 cidades gaúchas já liberaram o equipamento em locais fechados, inclusive. O Governo do Estado anunciou o mesmo, baseado na queda do número de infectados no Rio Grande do Sul. Mas antes de pensar em 'quem sou eu' para questionar os técnicos que chegaram a essa conclusão, lembro que o uso de máscara é um processo educativo, antes de tudo. Em 1997, quando a lei obrigou o uso de cinto de segurança em todos os veículos, muitos eram pegos sem porque 'esqueciam'. Natural. Quem não tinha o hábito, esquecia.
Com a máscara, me parece a mesma coisa.
Se for um 'tudo bem' geral para a dispensa em locais abertos, veremos na sequência pessoas entrando em shoppings e supermercados sem máscara só porque atravessaram a rua depois de passearem no parque (no caso do Capão do Corvo, especialmente). Depois, nos ônibus – lembrando que o transporte coletivo é o maior vetor de disseminação da doença e só pode ser usado por que estiver de máscara. Mas aí, o que faz o motorista, se o passageiro disser que a perdeu no parque e precisa voltar pra casa?
Enfim, dilemas que mostram que estamos mais perto do fim dessa loucura toda.
Para encerrar este post, outro dado promissor: Canoas atingiu a marca de 79% da população com pelo menos um dose da vacina; oito em dez, praticamente. Entre as crianças, ainda dá para melhorar muito: o índice vacinal recém chegou ao 55%. “Precisamos manter o esquema vacinal em dia, pois a vacina está mostrando que é eficiente no combate à pandemia e segura para população”, segue defendendo o secretário de Saúde, Maicon Lemos.
Errado não tá, né?