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O que está sendo feito para melhorar atendimento no Becker; O único hospital de Gravataí, o ’câncer’ e a ’cura’

Prefeitura de Gravataí e Santa Casa anunciam obra de nova emergência SUS

Em um ano Gravataí terá a emergência mais moderna do Rio Grande do Sul, como promete o superintendente do Hospital Dom João Becker (HDBJ), Antônio Weston. O anúncio da obra de R$ 10,6 milhões, que começa com R$ 3 milhões economizados pela Câmara de Vereadores, representa a verdadeira chegada da Santa Casa a Gravataí. Também carrega um símbolo do enfrentamento à covid-19 a desmobilização do Hospital de Campanha (HC).

O momento está mais para ‘cura’, do que para o ‘câncer’, como bem instigou Luiz Zaffalon, e entende quem leu meu artigo de ontem ’Pau geral’ no Becker em depoimento de diretor médico; Santa Casa confirma nova emergência.

Clique aqui se quiser assistir a cerimônia no gabinete do prefeito.

Antes vamos às informações apuradas pelo jornalista do Seguinte: Roberto Gomes de Gomes.

A nova emergência de 907 metros quadrados, duas vezes o tamanho da atual, triplica a capacidade de atendimento pelo SUS. Os leitos de observação ampliam de 8 para 22 e os de emergência de 1 para 4. O número de poltronas de medicação cresce de 6 para 12.

O investimento é de R$ 10.650.000: R$ 8.239.000,00 em obras e o restante em equipamentos hospitalares. A projeção é permitir inclusive exames de imagem já no leito.

O cheque de R$ 3.190.500,00 repassado pela Câmara garante a conclusão da fase 1, que começam em setembro, após ser limpo o terreno onde fica hoje o HC, e fica pronta e, julho de 2022. As demais fases são previstas para começar a funcionar em dezembro de 2022.

O HC será desmobilizado pelos óbitos diários restarem abaixo de 1 (0.65) e a média de contaminados diminuir aos menores índices de 2021, o que deixa mais da metade dos leitos vagos.

Também pesou o fim do período de inverno mais rigoroso e Gravataí liderar o ranking das maiores cidades gaúchas com 88,6% da população vacinável já com a primeira dose.

O atendimento será feito nas unidades de pronto atendimento e nas unidades de saúde, em áreas de isolamento para pacientes com suspeita de covid. Um tanque de oxigênio também foi instalado na UPA da 74.

Sigo eu.

Quando o ex-prefeito Marco Alba foi à alta cúpula Santa Casa sugerindo a compra do Becker, e nas negociações efetivadas em 1º de agosto de 2018 bancou o aumento em R$ 10 milhões do contrato da Prefeitura de R$ 40 milhões, Gravataí sorriu.

A ‘grife’ da saúde gaúcha, e brasileira, assumiria o único hospital SUS da cidade, que recebe pacientes de outros 150 municípios, e há seis décadas era gerido no limite da dedicação pelas irmãs do Imaculado Coração de Maria, mas chamado por muitos de ‘açougue’.

Os números melhoraram já no primeiro ano de operação, como reportei em Nos números, Santa Casa melhorou hospital de Gravataí; estatísticas e o que vem por aí. A percepção da comunidade, nem tanto.

Mesmo com mudanças sensíveis na cardiologia, obstetrícia e ortopedia, com equipes renovadas, e um convênio para residência médica que traz cérebros da saúde gaúcha para Gravataí, a pandemia atrasou a execução dos dois principais projetos da Santa Casa, prontos em dezembro de 2019: uma nova UTI clínica e a nova emergência SUS.

– Queremos que os gravataienses confiem no Becker. A emergência é nosso primeiro sinal visível – explica o diretor médico Fernando Issa.

Aí resta o simbolismo da verdadeira chegada da ‘grife’, no anúncio feito por Zaffa e o vice Dr. Levi, ao lado de políticos como o presidente da Câmara Alan Vieira, a deputada estadual Patrícia Alba, o ex-prefeito Marco Alba e o atual e ex-secretários da saúde, Régis Fonseca e Jean Torman, além dos chefões da Santa Casa.

– A emergência será do padrão do Nora Teixeira – o diretor-geral da Santa Casa no RS, Julio Matos, compara com o hospital de R$ 202 milhões que é construído como o mais moderno da instituição no país.

Simbolismo também tem o presidente da Câmara, que nasceu no Becker, a mãe trabalhou na lavanderia e perdeu a avó no hospital, entregar cheque de R$ 3 milhões em orçamento que os vereadores poderiam ter gastado em viagens, aumento dos próprios salários, penduricalhos e afins, e não gastaram.

Melhor ficaria se a Prefeitura e a Santa Casa convidassem também vereadores de oposição, já que muitos também buscaram emendas parlamentares com seus deputados. 

Outro símbolo é termos leitos vagos durante todo mês no Hospital de Campanha, o que permite seu fechamento. Mesmo com os cuidados e atenção que assegura ter o secretário da Saúde com a variante delta, além da garantia de poder abrir leitos do dia para a noite caso necessário, é uma marca no enfrentamento a uma pandemia que dura mais de um ano.

Símbolo político também foi a fala do prefeito, fazendo referência indireta aos discursos de Cláudio Ávila, Bombeiro Batista e Thiago De Leon que disseram que os “cânceres” de Gravataí são “a Sogil e o Becker”.

– Nos orgulhamos da Santa Casa, seus 218 anos de história, milhões de atendimentos e alguns dos melhores hospitais do Brasil. A Santa Casa é nossa. Gravataí precisa e merece a Santa Casa – disse Zaffa.

Ao fim, reafirmou o que escrevi em ’Pau geral’ no Becker em depoimento de diretor médico; Santa Casa confirma nova emergência.

A Santa Casa é uma ‘grife’ e a cobrança é proporcional, da mesma forma que a fiscalização dos vereadores tem o tamanho que necessita um contrato de R$ 50 milhões por ano, o maior de Gravataí.

Mas o Becker não é diferente de outros hospitais SUS em um Brasil onde nos últimos quatro anos foram fechados mais de 30 mil leitos e 3 milhões de pessoas pararam de pagar planos de saúde.

A realidade se impõe.

Ruim com Santa Casa, pior sem ela.

Inegável é que pelo menos a Santa Casa tem portas abertas para o SUS e promessas de ampliação. Outro grupo que queria comprar o Becker só atenderia particular e convênio.

Um ‘Moinhos de Ventos’ é bom, mas só para quem pode pagar.

Fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos: com uma nova emergência e UTI estaremos mais próximos da ‘cura’ do que do ‘câncer’, mesmo que distantes do ideal em um município que tem menos de 1 leito para cada mil habitantes, quando a Organização Mundial da Saúde preconiza 5, e países como Japão e Alemanha, por exemplo, tem média de 13,7 e 8,2 leitos.

 

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