Levantamento do governo municipal aponta elevado nível de abstenções em consultas, exames e procedimentos de saúde nos hospitais da cidade; vale lembrar que tudo é pago pelo SUS, mesmo quando o paciente não vai
Não é porque o paciente não paga que o SUS seja de graça. Na verdade, todo procedimento oferecido sem custo ao cidadãos é bancado recursos públicos que, invariavelmente, tem limites. Em Canoas, o não comparecimento em consultas e exames tem gerado um custo à Saúde Pública e um atraso no agendamento de quem, de fato, depende do atendimento do SUS para resolver suas questões de saúde mais urgentes.
LEIA TAMBÉM
CANOAS | Estado admite defasagem de vacinas para Canoas; segunda é dia de 'bater contas'
De acordo com um levantamento divulgado na manhã desta segunda-feira, 16, pela Prefeitura, mais de 30% das pessoas que confirmaram presença no mutirão de eletrocardiograma iniciado em 19 de junho não apareceram para o exame na data combinada.
Para se ter uma ideia, um exame como esse na rede privada custa ao paciente entre R$ 50 e R$ 200. O Ministério da Saúde repassa à Prefeitura R$ 17,80 para cada eletro registrado no sistema. A diferença entre valor e o custo real, próximo de R$ 50 na rede hospitalar, é bancada pelos cofres do município.
Mesmo sendo um sistema gratuito, o custo das abstenções acaba sendo alto para o município. O secretário adjunto da Saúde, Luiz Octávio Mendonça, lembra que quando o usuário agendado e confirmado não comparece à consulta ou ao exame, as equipes escaladas e os equipamentos nas unidades de saúde ficam ociosos e deixam de atender outros usuários que aguardam na fila de espera. Trocando em miúdos, mais custo e menos atendimento é prejuízo à Saúde Pública e a de quem precisa do SUS.
No Hospital Universitário, HU, entre janeiro e junho, 2.972 exames deixaram de ser realizados devido à abstenção. Já nos postos de saúde, 10,25% deixam de ir às consultas agendadas. Nos sete primeiros meses do ano, 2.044 consultas, 322 exames laboratoriais e 40 cirurgias foram perdidos no Hospital Nossa Senhora das Graças por falta de comparecimento. O prejuízo referente apenas às consultas não realizadas passa de R$ 20 mil, e pode chegar a R$ 35 mil até o final do ano, se mantido esse ritmo.
Mantenha o contato atualizado
O cadastro desatualizado é outra dificuldade. Na fila de exames com grande número de pessoas à espera, como ressonância magnética, tomografia computadorizada, mamografia, ECG e densitometria óssea, foram identificados, até o momento, mais de três mil contatos desatualizados.
A Secretaria Municipal da Saúde reforça aos usuários que mantenham seus contatos sempre atualizados. É muito importante informar mudanças de endereço e telefones no cadastro junto às unidades básicas (UBSs). Para atualizar informações pessoais e contatos, basta procurar sua UBS de referência. Para agilizar essa atualização de cadastro, o município começou uma busca ativa com o apoio dos agentes comunitários de saúde, que realizarão visitas domiciliares para confirmar o endereço dos pacientes e o cadastramento de novos usuários.
Em caso de desistência, avise
Embora seja compreensível que possa haver imprevistos, é necessário um esforço para cumprir os agendamentos. Mas se não conseguir comparecer, é importante cancelar com antecedência para que outro usuário possa ser atendido. O paciente deve comunicar a desistência pelo telefone (51) 3236-1600, ramal 5020 ou 5028, o que irá oportunizar que as equipes da Regulação Municipal consigam marcar outra pessoa para preencher a agenda.
“Não dá pra deixar de ir”
Paciente do Ambulatório Pós-Covid desde 30 de junho, Lisiele Corrales de Oliveira, 35 anos, moradora do bairro Fátima, já realizou uma série de consultas e exames durante seu tratamento e reconhece a importância de não perder os agendamentos: “Estive sete dias internada na UTI e mais 14 no quarto, e quando tive alta percebi que estava cheia de sequelas. Eu sei que preciso desse tratamento para aos poucos ir melhorando, voltando ao normal, e que outras pessoas precisam também. Não dá pra deixar de ir, eu só tenho a agradecer por esse serviço”. Clínico responsável pelo ambulatório, Edinilson Lautenschlager reforça: “Quanto mais demora este atendimento, pior é a resposta no tratamento das sequelas”.
Ivete Nissola, 58 anos, que trabalha como cuidadora de pessoas idosas, aguardava a consulta com sua cardiologista no HU, para verificar alguns exames que se apresentaram alterados. “Muitas vezes passei por momentos em que uma consulta ou um exame eram fundamentais na vida de alguém, por isso aprendi que devemos fazer todo o esforço para comparecer no horário marcado ou então avisar com antecedência se não puder ir”.
Com informações das assessorias do HU e HNSG.