a coluna da jeane

Uns versos de braço quebrado – 1

Nem sei se tinha alguma pedra no caminho, se eu tropecei ou escorreguei. Foi tudo muito rápido, antes de conseguir pensar eu já estava despencando em cima de uma cerca e batendo com força numa das madeiras de sustentação, Que dor! Era tanta dor que nem deu pra me assustar com o osso q saltava embaixo da pele quando eu tentava levantar o braço. Fiquei sentada no chão até mano e mana chegarem pra me levar ao hospital. Lá foi confirmada a fratura no úmero.

Agora estou com tala no braço inteiro e precisando de ajuda para várias coisas. Aos quase 40 voltei a precisar de ajuda da mãe pra tomar banho, imagina! A gente vai se adaptando a fazer as coisas com uma mão só, mas é cansativo. Então, enquanto recupero a “asa quebrada”, vou partilhar alguns de meus poemas aqui na coluna.

(O título dessa série de colunas poéticas é uma brincadeira com a expressão “verso de pé quebrado”, que é aquele verso em que a métrica e/ou o ritmo fogem a qualquer regra ou convenção, sem se importar com número de sílabas ou com sua tonicidade).

Então chega de prosa, vamos à poesia:

 

TEMPO PARA POESIA

Eles não têm tempo

para a poesia

porque precisam aumentar

os dígitos da conta

e precisam comprar

cada vez mais

e precisam ostentar

que estão por cima

e precisam mostrar

que venceram na vida…

Vão perder tempo

com poesia?

Mal dá tempo

de ler as notícias

(tem que ao menos

passar os olhos)

e algum livro útil

que traga algo realmente

relevante para a vida

(como ganhar mais dinheiro,

por exemplo).

 

Eles não têm tempo

para a poesia.

Sempre de cabeça baixa,

em seus celulares,

não olham para o céu,

não notam que floriu o jardim,

não ouvem o riso

das crianças na praça,

não percebem a borboleta

que pousou na janela…

Eles acham que a poesia

está apenas nos livros!

Eles não têm tempo

e nem coração

para a poesia.

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Receba nossa News

Publicidade