política

O circo na sessão relâmpago que não decidiu nada; A casa que não é do povo em Viamão

Eraldo (E) e Lucianinho na troca de farpas

Pouco mais de meia hora recheada de troca de ofensas, ameaças veladas e manobras. Esse é o triste resumo da sessão ordinária da Câmara de Vereadores desta terça-feira (11). O encontro da tarde previa assuntos importantes para Viamão, mas virou bate-boca pago com dinheiro do contribuinte, interrompido subitamente com uma conveniente “falta de quorum”.

A reunião plenária marcava a volta de Sérgio Ângelo do afastamento judicial em função da Operação Capital e prometia debates sobre o futuro do mandato de Jessé Sangali e sobre o novo pedido de destituição da mesa diretora, dessa vez proposto por Evandro Rodrigues (DEM). Porém, não deu tempo. Além da (anacrônica) leitura da Bíblia, da chamada para a conferência das presenças e da leitura dos requerimentos que deram entrada no Legislativo, pouco se viu.

Prevendo uma possível votação para afastar Sangali, Até Nadim Harfouche (PSL) circulou pela Câmara. Estava a postos para reassumir mandato e votar para tirar o vereador do Cidadania e por Canelinha (PSDB) em definitivo – a ideia era trocar um inimigo por um aliado na guerra pela mesa e pela Prefeitura.

Logo de saída, o presidente em exercício da casa Eraldo Roggia (PTB) foi à tribuna falar sobre o pedido de informações do vereador Lucianinho (PSB) sobre investigação da Polícia Federal que envolve Eraldo.

Foi aí que a coisa desandou.

– Na eleição, fui denunciado… de ter estagiários a fazer campanha para mim em horário de expediente. Já prestei esclarecimentos. Pra mim, não passa de covardia. Coisa de cordeiro político de quem não manda mais nesta Casa. É sigiloso, nem poderia pedir informação, esse vereador não conhece lei, e eu vou entrar com processo por calúnia contra – atirou Eraldo.

Lucianinho foi para cima e acusou, na tribuna, Eraldo de discriminação.

– Eu prometi fiscalizar, denunciar, fazer o que as pessoas esperam dos vereadores eleitos. Não saio por aí prometendo obras, só faço meu trabalho, isso não dá o direito para o vereador invadir meu gabinete, com ofensas, querendo agredir… ele não deve saber o que é decoro. A coisa mais difícil do mundo é me intimidar. Inadmissível tratar um vereador como (chamando) manco, rengo… isso é deboche, discriminação com as pessoas com deficiência – disse Lucianinho.

Eraldo, na própria mesa diretora, atropelou e sugeriu que a exoneração da mulher de Lucianinho da Secretaria da Cultura é o motivo da briga.

– Nada contra, respeito o senhor, agora sua esposa foi demitida da Cultura, não fui eu quem demitiu. Se o senhor tem algo contra mim, (SIC) se dirija ao meu gabinete – revidou Eraldo.

Baixaria total…

Lucianinho prosseguiu:

– Nada dá o direito que invadam meu gabinete da forma como aconteceu. Estou pedindo as câmeras, já foi registrado ocorrência policial – fechou o vereador do PSB, acusando, novamente o colega do PTB.

Enquanto os nobres edis tentavam reencontrar a compostura, foi realizada uma nova chamada. Com apenas dez vereadores em plenário, “o trabalho” do dia foi encerrado.

Ficou tudo para sabe-se lá quando.

Eis o retrato de uma Câmara em ano eleitoral, voltada apenas para interesses pessoais. Viamão tem problemas urgentes que não serão resolvidos, a julgar pelo comportamento do grupo que representa uma gama de interesses, pode-se dizer assim, menos os do povo.

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