Nadim Harfouche é um sujeito que não esconde os sentimentos. Quem o conhece, seja pessoalmente, na lida agrícola ou pela trajetória política, sabe que ele demonstra por expressões e trejeitos característicos suas visões sobre o mundo. E se preciso for, deixa o jeito bonachão e a fala mansa em nome da disputa.
Pois este libanês naturalizado brasileiro ocupou na noite do sábado (1º), aos 56 anos, a cadeira de prefeito de Viamão, após idas e vindas e muita disputa partidária. Como ele próprio diz, não sabe por quanto tempo, mas enquanto estiver gestor, precisa planejar o município – ainda que seja um minuto por vez.
O Seguinte:/Diário de Viamão foi recebido pelo prefeito em exercício na tarde de terça-feira (4), minutos após seu país natal ter os olhos do mundo voltados para si por conta da explosão que deixou centenas de mortos e milhares de feridos. Nadim falou com exclusividade sobre passado, presente e futuro. Beirute, agricultura, política e coronavírus – desde a pressão do comércio pela reabertura até a distribuição da cloroquina na rede pública local – foram abordados.
Confira a entrevista em vídeo e, abaixo, em texto:
Diário de Viamão: O senhor herdou algumas questões importantes como a reposição salarial para o funcionalismo, que rendeu polêmica nesses seus primeiros dias, o combate ao coronavírus, a pressão do comércio para reabrir, a pavimentação da Estrada da Branquinha e outras obras de mobilidade. O senhor diria que essas são suas prioridades?
Nadim Harfouche: Todas são importantes. Algumas, a gente assumiu o compromisso de fazer como vereador. Mas é diferente, quando tu estás no Executivo, tu tens a responsabilidade da caneta, assumir o papel de gestor. Na verdade, os 5% dado… houve uma falha de encaminhamento do município para o Legislativo. Esse 5%, na verdade, era 4,38%. Alguns acham que a lei foi feita antes da determinação do Presidente (lei complementar 173, de 27 de maio de 2020, que impede União, Estados e município de promoverem aumento de despesa com pessoal durante a pandemia). Tem uma ação do Sindicato (Simvia) em juízo. Como vou dizer… o prefeito que me antecedeu (Evandro Rodrigues) simplesmente deu um canetaço sem o respaldo jurídico e largou na mídia que vai ser pago… eu não estou dizendo que não vai ser, só quero ter o respeito pela justiça e pelas leis. Conversamos com o Sindicato, e ele nos entendeu.
DV: São poucos dias, mas qual a diferença de posição, de postura, de responsabilidade da Câmara para o Gabinete do Prefeito? O senhor tem a consciência de que são momentos diferentes?
Nadim: Aqui tem o poder da caneta. Manda e tem que fazer, quem não quer trabalhar tem que dar lugar para quem quer. Na Câmara, a gente solicita, pede, é diferente. Só que aqui tenho que responder à lei de Responsabilidade Fiscal, ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas pela legalidade dos atos.
DV: Como o senhor vê a questão envolvendo o prefeito André Pacheco e como o senhor planeja suas ações na Prefeitura. Há um pensamento a longo prazo? Pois se o pedido de afastamento do Ministério Público não for renovado, Pacheco voltará no dia 10 de agosto.
Nadim: Hoje eu estou prefeito. O dono desta cadeira é o André Pacheco, pode ser que amanhã eu não esteja, e pode ser que daqui quatro, cinco dias eu não esteja. Na verdade, estou trabalhando minuto a minuto, conforme as demandas estão chegando, conforme a necessidade do momento. Não consigo, neste momento, trabalhar para a frente, muita coisa ficou para trás. Então, conforme os encaminhamentos, a gente está respondendo e tentando fazer tudo dentro da legalidade e da transparência, sem manobras que o povo entenda diferente. Nós queremos mostrar porque a gente veio, porque os vereadores confiaram. Na verdade, dizemos assim: Viamão tem jeito.
DV: Esse é um slogan que o senhor tem usado várias vezes em suas páginas pessoais na internet.
Nadim: A gente não trabalha sozinho, trabalha com equipe. Estamos formando uma equipe nova, não digo nova no sentido pessoas novas… são pessoas que já trabalhavam na Prefeitura, continuam trabalhando com responsabilidade, tentando ajudar nossa cidade. Tem outras que só queriam passar, queriam apenas um momento, dizer que estavam na Prefeitura. Isso, na minha gestão, não vai acontecer. Tem muito CC com intenção de trabalhar, tem outros, acredito, que só querem tomar cafezinho.
DV: Isso motiva trocas como as que já ocorreram na Administração?
Nadim: Algumas trocas foram feitas, não por perseguição como alguns disseram. De forma alguma. Num primeiro momento, é enxugamento. Todas as secretarias, hoje, estão sem secretários adjuntos, é a decisão de um grupo. Na minha gestão, onde tem uma secretaria com um secretário, (ter) um secretário adjunto e um diretor-geral, eu acho que é um abuso, porque as três (funções) respondem pela mesma coisa.
DV: Hoje a mesa diretora da Câmara é parte do próprio acordo político que lhe colocou na cadeira, mas como o senhor vê essa interlocução nesse período e quanto esta briga pela cadeira afeta cidade?
Nadim: Na verdade, não houve nenhuma briga. Houve uma escolha de um determinado grupo que achou que eu tenho condições de assumir a Prefeitura. Algumas pessoas, vamos dizer assim, alguns vereadores entenderam que não deveria ser eu, mas a gente tentou pela legalidade. O juiz, talvez, não tenha entendido o que a gente de praxe faz, mas o regimento (interno da Câmara)… ele é o guia. Nós tínhamos uma frequência de aprovar a sessão extraordinária em um minuto… faz a sessão ordinária, convoca dentro da ordinária a extraordinária. Isso foi feito no primeiro momento, onde tive 12 votos para que eu descesse para cá. E aí, um colega vereador se achou no direito de ele ser o indicado para cá, entrou na Justiça e, naquela época, o juiz disse: faz a chamada do vice (Xandão Gomes, presidente em exercício) e o vice tem que descer, porque o presidente da Câmara (Dilamar de Jesus) está doente. Isso não aconteceu. Devido a esses fatos, os colegas entenderam que nós deveríamos destituir a mesa. E ele (Evandro Rodrigues) se achou no direito de fazer o que foi feito. Só que depois dessa caminhada toda, houve tudo dentro do trâmite legal da Câmara… e se o juiz entender que eu tenho que subir de novo, estou à disposição.
DV: E a sua relação enquanto Administração com a Câmara, como o senhor pretende que ela se dê?
Nadim: As portas estão abertas para todos os partidos, não tem desavença com nenhum dos vereadores, apesar do Evandro, do DEM dizer que saiu do governo… isso foi nas redes sociais. Acredito que é uma decisão dele, da Executiva (do partido), mas eu não tenho rancor ou alguma coisa do tipo. Ele está como vereador, está lá para legislar, se necessitar de alguma coisa que eu possa ajudar, estou aqui para trabalhar.
DV: Hospital de Campanha, UPA ou leitos no Hospital Viamão?
Nadim: Houve muitas confusões neste sentido. Eu gostaria que o Hospital Viamão ajudasse nossa cidade. Ele já recebeu recursos de emendas parlamentares, mais de R$ 3 milhões. Se para ter leitos precisa de ‘X’, por que ainda não tem leitos? Se já veio emendas para a COVID-19, por que o hospital ainda não está ajudando a cidade?
DV: O que o senhor pretende adotar enquanto prefeito?
Nadim: Amanhã (quarta-feira) teremos uma reunião para ver o que o Hospital está fazendo com estes recursos. Esta é uma questão que a gente está levantando, até mesmo já levantei para o Ministério Público.
DV: No seu primeiro dia, antes mesmo da saída e do retorno à Prefeitura, o senhor citou um reforço para a estrutura da UPA. Gostaria que o senhor detalhasse.
Nadim: Eu tentava, de certa forma… eu sempre gosto de fazer economia. É minha marca desde a época de presidente da Câmara. Se eu tenho uma estrutura que pode ser ampliada com poucos recursos e atender melhor a minha cidade, por que vou jogar dinheiro no lixo? O que acontece no hospital de campanha: é alugado, não é uma coisa que vai ficar pro resto da vida. Se eu puder ajudar a UPA 2 a ser considerada UPA 3, nós poderemos ter mais leitos de UTI, só estão faltando respiradores, para melhor atender nossa cidade. Então quero ver se o hospital (Viamão) me ajuda nisso também, que vai diminuir a lotação do próprio hospital.
DV: O seu antecessor tinha discutido o fechamento de praças e parques. Como o senhor vê esta questão da prevenção ao coronavírus, o que o senhor julga necessário, é possível abrir o comércio? Tem que manter praças e parques fechados? No meu trajeto pela Coronel Marcos, vi o comércio praticamente todo operando, as pessoas na rua… E gostaria que o senhor detalhasse a ideia da reunião com o Hospital, representantes do comércio e outras entidades locais.
Nadim: Eu já recebi crítica em função de que eu estaria tentando abrir o comércio. Não tomei nenhuma decisão, o decreto não foi feito por mim. Estamos tentando o alinhamento com o secretariado para encaminharmos um futuro decreto. Eu vejo… fui até a Caixa para ver encaminhamentos em função da fila, porque a maior parte das filas é nas lotéricas e nos bancos, onde as pessoas têm necessidade de buscar seus recursos. A Prefeitura é limitada em vigilância, o próprio banco me afirmou que a cada dez, quinze minutos, pede para as pessoas o distanciamento, mas o povo parece que gosta de ficar… aconchegante… mais perto um do outro. Então, a gente quer tentar colocar mais gente na fiscalização das filas. Quanto ao comércio propriamente dito, se olhar dentro das lojas, elas estão praticamente vazias. Eu acho que todos nós defendemos o comércio… como é que a Prefeitura vai sobreviver? As ruas e a manutenção, de algum lugar tem que sair o recurso, e uma das fontes é o comércio… a gente tem que respeitar os decretos feitos pelo governo Estadual e a legislação da área da Saúde.
DV: A fiscalização da Prefeitura, hoje, é suficiente?
Nadim: Não digo suficiente. Como vários servidores estão com problemas de saúde (afastados preventivamente por serem grupo de risco), a gente está trabalhando em forma de escala. A gente vai tentar… como eu disse, a gente tá tomando conhecimento das coisas faz três dias, mas todas as secretarias estão interessadas em ajudar.
DV: O senhor manteve o decreto de fechamento de praças e parques?
Nadim: No primeiro momento em que eu entrei, nossa intenção era justamente essa. Isso feito, a gente concorda e vai tentar colocar mais vigilância em cima disso. A EPTV esteve fiscalizando os ônibus. Uma ressalva: a gente só consegue fiscalizar os ônibus municipais, não os da Metroplan (intermunicipais), mas mesmo assim solicitei para que tirassem fotos, verificasse como está indo, e acionássemos a Metroplan para que nos ajude a fazer esta fiscalização.
DV: Conversei com o secretário Glazileu Aragonês um dia antes da morte do Russinho, e ele revelou que estava iniciando tratativas para implantar o protocolo para uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento dos pacientes com coronavírus em Viamão. O senhor já teve essa conversa com o Glazileu? O senhor é a favor (cabe salientar que não há comprovação científica da eficácia desses medicamentos para tratamento da COVID-19)?
Nadim: Não depende apenas do secretário e do prefeito. Nós podemos colocar à disposição dos médicos. Nós vamos trabalhar em cima disso, para tentar analisar, ver com os municípios que já fizeram este encaminhamento. Conversei ontem (segunda-feira) com o secretário e coloquei minha posição favorável.
DV: Que outras medidas administrativas além das ligadas à Saúde o senhor julga importante na cidade?
Nadim: A criação de equipes de emergência. Uma ficará em pontos solicitados por demandas que chegam ao gabinete e por protocolo. E as outras em todas as ruas possíveis. Um dos assuntos hoje muito fortes é a questão da Branquinha. Estamos tirando do túmulo coisas do passado que estamos conseguindo dar andamento. Quero aproveitar para acalmar o pessoal da Branquinha, não sei se a palavra é essa, acalmar… porque não vou conseguir resolver todos os problemas, porque são coisas do passado. Então, eu quero que o Léo (Leonardo Paolazzi, secretário Geral de Governo, que acompanhou toda a entrevista), fale sobre as coisas que estão acontecendo (na obra de pavimentação da Estrada da Branquinha):
Leonardo Paolazzi: A gente detectou um problema. Quando a empresa ganhou a licitação, foram antecipadas cinco medições, para a empresa iniciar a obra. Isso não é de praxe… isso em 2017, 2018… onde finalizamos os pagamentos com o prefeito Russinho, onde ele deu a determinação de finalizar os pagamentos que nós estávamos retendo para eles (empresa) concluírem a obra… se adiantou mais alguns pagamentos, e a empresa pediu a rescisão de contrato. Estamos achando uma solução neste momento para dar seguimento à obra. Estamos buscando solução junto a Metroplan… buscando ver onde está o erro.
Nadim Harfouche: Na verdade, é consertar o que foi feito. Foi pago adiantado, não deveria ser… alguém mandou pagar, está pago, estamos tentando corrigir, ainda falta um trecho bastante grande (aproximadamente dois quilômetros). Falta em torno de R$ 2 milhões para terminar esta novela. A gente quer achar o caminho mais curto e menos doloroso. Tem o mais longo, mas vamos tentar o caminho mais curto, dentro da legalidade. Querência e Estalagem está pronto… como já está pago, dentro do pacote, a Prefeitura assumiria esta parte, num acordo com a Metroplan.
DV: Como o senhor projeta seu futuro político?
Nadim: Isso, só Deus sabe.
DV: Ao optar por descer parara o Executivo, o senhor teve que fazer escolhas, por exemplo, abrir mão de tentar a reeleição para vereador.
Nadim: Não é que eu abri mão. Como os vereadores me pediram e disseram que eu seria a pessoa hoje com maior capacidade para ajudar a cidade, eu assumi o compromisso. Se o povo entender que eu estou fazendo um bom trabalho, isso é lá adiante.
DV: Para que a entrevista não fique só na Administração, queremos contar que é o Nadim para os leitores. O senhor tem origem do Líbano…
Nadim: Sim, cheguei (ao Brasil) com 9 anos. Antes de vir para cá, tive uma passagem pelo Canadá… uns dez meses, mais ou menos.
DV: Deu tempo de aprender o francês ou o inglês (línguas oficiais do Canadá)?
Nadim: Aprendi, mas já esqueci. Árabe, ainda falo. Inglês, aprendi no Canadá, mas francês e árabe foi no Líbano.
DV: E a família escolheu o Rio Grande do Sul por quê?
Nadim: Eu tinha parentes aqui. Meus pais saíram do Líbano, em função de que nós tínhamos terra lá, pra buscar dinheiro, está é a nossa vocação. A intenção do meu pai era sair do país, trabalhar, arrecadar dinheiro e construir uma casa para voltar à origem. Entramos no Canadá como turistas, e disseram que tínhamos que sair do país para renovar o visto. Aí meu pai pensou: vamos para o Brasil, já que temos familiares, depois voltamos. Mas aí estourou a guerra civil (1975-1990) e o Canadá não aceitou mais libaneses. E a gente passou um pouco de sufoco aqui… não sabia a língua… porque não podia trabalhar… tinha uma reservinha… e aí, como diz, sou verdureiro de raça, porque gosto. Estudei na Escola Técnica de Agricultura (ETA), antes disso na Escola Canadá.
DV: Do Canadá para a Canadá…
Nadim: Eu arranhava um pouquinho a língua, o português era meio complicado. Antes da Canadá, eu passei pelos Maristas, e eu agradeço a professora na época, quando eu fiz uma prova de trás para a frente (como no idioma árabe)… eu tirei um baita de um zero. Mas depois ela olhou… de trás para frente (risos). Essa foi uma das coisas que aconteceram comigo.
DV: Família de agricultores e feirantes?
Nadim: Meu pai tinha direito canônico. Foi padre. A situação naquela época não é como agora, ele passou muita dificuldade porque ninguém aceitava estrangeiro. Meu pai tentou ajudar, mas… não dá pra falar… a gente passou dificuldade…
DV: O senhor se imaginava prefeito?
Nadim: Jamais… Agradeço à comunidade e aos próprios vereadores pelo espaço. Eles confiaram em mim. E, antes, à comunidade, por quatro mandatos… vereadores de oposição, de Direita, de Esquerda, de todos os setores confiram em mim… Eu perdi minha mãe com três anos. Meu pai sofria todos os preconceitos, sem exagero, também passei por fases difíceis. Mas Deus é grande.
DV: Fale um pouco da sua trajetória política.
Nadim: Nada é fácil. Começou com… eu sou técnico agrícola, fiz uma sociedade, uma parceria agrícola. Eu fornecia alimentos para Carrefour, Ceasa e feiras. A terra te dá o alimento e tu tem que trocar por dinheiro até para trocar por outro alimento. Então, para mim é fantástico. O dinheiro ajuda os outros… porque o sistema é assim… não deveria ter dinheiro, mas… Minha trajetória na agricultura, uma porque eu gostava, ver a planta crescer, ficar bonita. Quando comecei na Ceasa, tentei fazer agricultura sem agrotóxico, não consegui vencer esta batalha. A concorrência é grande, o tempo (de cultivo) é o dobro. Hoje tem leis que dão incentivo para a agricultura orgânica. A feira veio de uma desistência minha da produção. Comecei a comercializar algumas coisas que Viamão não produzia, trazia de outras regiões e vendia nas feiras em Porto Alegre. Quando eu não vendia certos produtos, eu doava em bairros de Viamão. Alguns diziam que eu comprava voto, mas eu passei mais de 15 anos sem saber o que era vereador, que “bicho” era esse.
Certo dia, a avó da minha esposa me apresentou na Câmara. Num primeiro momento, eu gostava do Zambiasi (Sérgio, radialista e ex-senador pelo PTB), pelo trabalho em ajudar o próximo… então vou para o PTB. Deu um probleminha, não vou citar nomes, não me quiseram na época. Fui para o PL, na primeira (eleição que concorreu) fiz 502 votos. Depois, no PMDB, fiz mais de 1.800 votos (em 2004, eleito com 1.887 votos). Na outra eleição, fiz mais de 2.400 (em 2008, 2.622, e em 2012, como 2.324 votos). E na outra teve recadastramento biométrico, caiu a votação (em 2016, 1.318 votos).
A gente está tentando agora fazer uma outra caminhada, foi adiantado… até pelo que aconteceu com o Russinho, a gente não esperava isso, e da mesma forma a gente viu as coisas acontecerem com o André (Pacheco) a gente está na expectativa para saber se ele volta ou não volta. Quero ajudar a cidade, sou um cidadão comum, feito os outros.
DV: O senhor hoje vê a Viamão mais acolhedora que aquela que recebeu seu pai, e qual a sua ligação atual com o Líbano?
Nadim: Eu construí minha família aqui. Escolhi Viamão, minha esposa aqui, meus filhos aqui (é casado há 30 anos com Cláudia Harfouche e tem três filhos: Jorge, Rodrigo e Diego), meus amigos. Lá estão meus parentes. Amigos, esposa e filhos a gente escolhe. Não posso dizer que não gosto do Líbano, ao contrário, está no meu sangue. O Líbano… fico triste pelas coisas que acontecem, pela própria guerra, pela religião, pela ganância. Tomara que nunca aconteça aqui no Brasil.
Nesta quarta-feira, Nadim emitiu uma nota em solidariedade ao povo do Líbano:
NOTA DE SOLIDARIEDADE AO POVO DO LÍBANO
Ontem, recebi com muita preocupação a notícia da tragédia que aconteceu em Beirute, capital do meu querido Líbano.
Meu país natal, que já sofreu tanto com guerras e disputas religiosas, viu sua área portuária ser devastada por uma grande explosão, que até onde se tem informações, deixou mais de 100 mortos e dois mil feridos.
Já conversei com meus familiares e todos, graças a Deus, estão bem. Nessas horas, se acentua o sentimento de como o Brasil é um país, como diz a música, abençoado por Deus.
Neste momento em que o país do Oriente Médio enfrenta uma grave crise financeira, também pelo coronavírus, quero externar minha tristeza e manifestar minha solidariedade a todos os libaneses, em especial a famílias das vítimas e dos feridos.
Peço que todos orem pelo Líbano. Um abraço!
Prefeito em exercício Nadim Harfouche