crise do coronavírus

Compre em Gravataí, e ouça a mulher que comanda a Acigra; ’sim, temos medo’

Ana Cristina Pastro Pereira, presidente da Acigra

Ana Cristina Pastro Pereira é a primeira mulher a comandar a Associação Comercial, Industrial e de Serviços (Acigra) de Gravataí, como o Seguinte: já contou em COM VÍDEO | É ela quem comanda a Acigra.

Comanda também a Câmara de Dirigentes Lojistas e é vice-presidente da Federal. Diretora de Recursos Humanos da Sogil, uma das maiores empregadoras da região metropolitana, é especialista em Gestão de Pessoas, Planejamento Estratégico, Ferramentas da Qualidade e Comunicação, palestrante, consultora e instrutora. Tem MBA em Gestão Estratégica de Pessoas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e de Gestão de Negócios pela University Of California (UCI), Irvine, California, Estados Unidos.

Um currículo invejável. Que transcende o papel. A executiva é praticamente uma unanimidade entre a elite do PIB, mas também a elite intelectual da aldeia. É uma mulher com posições clara e objetivas. O leitor vai perceber, tanto no que ela responde, como no que não responde.

A pauta era a campanha lançada pela Acigra para incentivar a economia local. O vídeo você assiste após a entrevista de Ana para o Seguinte:, em que não deixou pergunta sem resposta – mesmo com a opção, estratégica, por evitar polêmicas, principalmente políticas. Corajosa, a executiva não deixou de opinar sobre o mais importante: a COVID-19.

– É gripezinha para quem tem sintomas de uma gripezinha, mas é risco de vida para muita gente.

Siga os principais trechos, trocados em perguntas e respostas pelo WhatsApp, para, como era possível neste caso, respeitar o distanciamento social.

 

Seguinte: A Acigra está lançando uma campanha para compras no comércio local? Apresente-a para Gravataí, por favor.

Ana Cristina Pastro Pereira – A campanha “Eu Moro Aqui, Eu Compro Aqui” tem como objetivo fomentar o comércio local incentivando as pessoas a comprarem em Gravataí para reaquecer nosso comércio, mesmo sabendo que este retorno será lento e gradativo. Ao comprar em Gravataí aquecemos nossa economia local contribuindo com os empreendimentos daqui e pagando os impostos municipais que trarão retorno a nós mesmos, além de contribuir com a manutenção dos empregos.

 

Seguinte: Gravataí (poder público, comerciantes, prestadores de serviço e população) está preparada para a volta das atividades econômicas?

Ana Cristina – Acredito que falta conscientização da população quanto a necessidade e importância do uso da máscara, higienização e distanciamento. Além disso, as pessoas estão muito mais irritadas e intolerantes por estarem sem dinheiro e com contas a pagar, o que dificulta os relacionamentos. A experiência é nova e estamos lidando com o desconhecido, por este motivo ninguém está preparado, estamos todos nos adequando.

 

Seguinte: És presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas. O Sindilojas foi uma das entidades a pedir a reabertura do comércio. O que embasou sanitariamente o pedido?

Ana Cristina – Não tenho essa informação. Sugiro buscar junto ao Sindilojas.

 

Seguinte: Passo Fundo e Lajeado foram cidades do RS onde o distanciamento social menos foi respeitado e cresceram em número de casos e mortes da COVID-19. Não há temor de que em Gravataí aconteça o mesmo? Não há receio de agora abrir e depois ser necessário um lockdown?

Ana Cristina – Sim, temos o receio de as pessoas não respeitarem às medidas dos decretos e isso acabar aumentando o número de COVID-19 no município. Lançamos um vídeo dia 4 falando exatamente sobre essa preocupação e solicitando que as pessoas respeitem as medidas a serem seguidas.

 

Assista ao vídeo e, abaixo, siga a entrevista

 

Seguinte: Diretor de infectologia do Hospital de Clínicas alerta para estudos que recomendam ao menos 10 semanas de isolamento social. O comércio reabriu em Gravataí com cinco semanas. Não seria melhor prorrogar o isolamento e evitar que, com a propagação do contágio, Gravataí precise aplicar restrições mais duras no inverno? Cito exemplo da China e Nova Zelândia, um país comunista e um liberal, que promoveram restrições mais severas que outras nações e estão saindo mais rápido da crise econômica.

Ana Cristina – Esta não é uma decisão que não cabe à Acigra, porém é muito mais fácil criticar as decisões depois que elas são tomadas do que enquanto estão acontecendo. Não temos experiência em pandemia e, pode ter certeza que, depois que tudo passar, as críticas serão inúmeras, pois será mais fácil cada um opinar sobre o que teria, ou poderia, ser feito. É como eu dizer que queria ter a maturidade de hoje quanto tinha 20 anos.

 

Seguinte: Como avalia as medidas do governo federal para dar acesso a crédito a empreendedores? E a MP que permite a suspensão dos contratos de trabalho?  Há uma pesquisa da entidade sobre dificuldades enfrentadas pelos associados na tomada de empréstimos?

Ana Cristina – O papel da Acigra não é avaliar as medidas que estão sendo adotadas pelos governos, mas mediar as relações junto aos associados para adotarem o melhor caminho a seguir com as possibilidades que se tem.

 

Seguinte: Considera suficientes as medidas do governo municipal que prorrogaram datas para pagamentos de impostos e fornecendo certidões negativas de débito, mesmo de tributos não pagos por 90 dias a contar do dia 18, para não impedir acesso dos empreendedores a empréstimos?

Ana Cristina – O papel da Acigra não é avaliar as medidas que estão sendo adotadas pelos governos, mas mediar as relações junto aos associados para adotarem o melhor caminho a seguir com as possibilidades que se tem.

 

Seguinte: Quais as perdas, estimadas em valores, do comércio e indústria de Gravataí nos cálculos das entidades que presides?

Ana Cristina – A pandemia não acabou e tão pouco sabemos até quando vai durar. Não temos como estimar estes números. E certamente a prestação de serviços entra nesta conta também e não somente indústria e comércio.

 

Seguinte: Há uma estimativa de demissões no comércio, indústria e serviços de Gravataí desde o início da pandemia?

Ana Cristina – Não temos este dado no município. Porém tenho a informação de que no país o índice de desemprego já chega aos 13% (que foi o auge da crise vivida recentemente). Estima-se que este número irá ampliar até o fim da pandemia. Este dado é muito preocupante, impactando, inclusive, na segurança de todos.

 

Seguinte: Há algum movimento para comércio, indústria e serviços custearem testes para seus funcionários?

Ana Cristina – Essas decisões estão sendo tomadas de forma individual. Algumas indústrias compraram testes e aplicaram em seus colaboradores, outras fazem a medição da temperatura na entrada para a jornada de trabalho, assim como também, contratos de pessoas de riscos estão sendo suspensos no modelo da MP936 para preservar a saúde destes. Porém é muito importante observar a qualidade dos testes, o ideal é que sejam certificados pela ANVISA, no entanto são mais caros, em torno de R$ 140.

 

Seguinte: Apoiaste o que chamo de ‘carreatas da morte’ pelo fim do distanciamento social? A COVID-19 é a maior tragédia da história moderna, ou só uma ‘gripezinha’ como já disse o presidente em pronunciamento oficial em TV e rádio?

Ana Cristina – Entendemos que a saúde deve ser preservada, porém não podemos negar o prejuízo gerado com o distanciamento social. Somos a favor que as atividades sejam retomadas com respeito às diretrizes definidas em decreto. Pessoalmente falando, até pode ser uma gripezinha para quem tiver os sintomas mais leves da COVID-19, porém precisamos ter respeito ao grupo de risco. Estamos acompanhando o que aconteceu e continua acontecendo nos Estados Unidos, Itália, Espanha, etc. e, sem precisar ir muito longe, Lajeado e Passo Fundo. Não é brincadeira e precisamos adotar todas as medidas necessárias sabendo que se isso não ocorrer e nossos índices aumentarem, retomaremos o fechamento das portas e o prejuízo será ainda maior a todos nós.

 

Seguinte: Acreditas em uma ‘volta à normalidade’, ou o mundo sairá diferente da pandemia? Não há receio de que uma mudança cultural na forma de consumo provoque perdas no comércio presencial, o que pode ter influência na produção industrial?

Ana Cristina – Durante o período de Planejamento Estratégico fazemos análises de cenários que comprovam que a mudança de comportamento já vinha ocorrendo mesmo antes. No entanto, a pandemia nos força a tomar decisões e mudanças comportamentais, realizar vendas online, fazer tele entrega, realizar reuniões e capacitações também de forma online. Práticas que não são inovadoras, no entanto agora muitos se obrigaram a adotá-las. Acredito que haverá uma mudança comportamental, sem dúvidas, inclusive de higiene. Mas eu gostaria que a mudança maior estivesse relacionada à empatia, à solidariedade, ao pensar no outro.

 

Seguinte: Há algum estudo das entidades empresariais para dar suporte técnico aos empreendedores locais para prepararem uma convergência entre o atendimento presencial e o comércio online, já que especialistas apontam que o vírus seguirá em nosso meio por pelo menos dois anos, período em que, nas previsões mais otimistas, poderemos ter uma vacina?

Ana Cristina – Não há estudos, porém existem exemplos colocados em prática e que podem ser seguidos. A Acigra divulga em suas redes sociais os associados que estão realizando tele entrega e isso faz com que outros queiram repensar seus negócios também. Cada um precisa analisar o que seu CNPJ permite e buscar soluções. É preciso ter planejamento e se reinventar.

 

Seguinte: Que mensagem a senhora deixa para políticos, comerciantes e a população?

Ana Cristina – Respeitem a COVID-19, utilizem máscaras, mantenham a higienização e distanciamento necessários. O retorno e/ou fechamento das atividades é responsabilidade de todos nós!

 

Siga o vídeo da campanha "Eu moro aqui, eu compro aqui", da Acigra

 

 

 

LEIA TAMBÉM

Gravataí é 13º do mundo em letalidade da COVID 19; o engano dos números

Gravataí tem 25ª infecção; RS registrou 1 caso por hora e 7 mortes por COVID 19

COVID 19 rejuvenesce em Gravataí; siga perfil dos casos 

Os casos da COVID 10 em Gravataí; saiba em que bairros estão, sexo e idade dos infectados

Marco Alba: Se cada um não colaborar, comércio fechará; suecos ou suicidas?

As regras de Gravataí para comércio abrir e população andar na rua; expectativa e realidade

Gravataí pode ter 12 vezes mais infectados por COVID 19; reabrir ou não comércio?

Os milhares de Gravataí que estão no grupo de risco da COVID 19; teste se você escapa

É moralmente homicida pressão pela volta da ’vida normal’; o que fará Gravataí?

Gravataí, Cachoeirinha e Viamão tem mais casos de COVID 19 que UTIs; o 11 de setembro

Entramos no novo hospital de campanha de Gravataí; assista

Pesquisa mostra que Gravataí aprova o ’fecha tudo’ de Marco Alba

Parem Gravataí que eu quero descer!; declaro-me Inimigo do Povo, amigo da vida

Clique aqui para ler a cobertura do Seguinte: para a crise do coronavírus

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Receba nossa News

Publicidade