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Gravataí prepara ’estratégia de guerra’ contra coronavírus; crise não é um meme

Prefeito Marco Alba e secretário da Saúde Jean Torman | Foto GUILHERME KLAMT | Arquivo

Gravataí organiza sua ‘estratégia de guerra’ para enfrentar a crise do coronavírus, com medidas que vão além do decreto que suspende aulas, eventos da Prefeitura, libera servidores idosos para o trabalho em casa e determina higienização no transporte coletivo, que você acessa a íntegra clicando aqui.

É preparado um mutirão de médicos da Prefeitura.

Os cerca de 180 profissionais serão redistribuídos para priorizar o atendimento nos postos de saúde dos bairros e periferias, alguns sem médicos suficientes. É a estratégia para não afogar a rede de emergência (UPA, 24H e Hospital).

O prefeito Marco Alba também já autorizou a contratação emergencial de uma empresa para terceirizar a convocação de profissionais da saúde por hora, conforme a procura durante o pico da propagação do covid-19, projetado até junho para o Brasil.

O mutirão deve ter como consequência a redução de ‘fichas’ para consultas, já que médicos priorizarão atendimento às suspeitas de covid-19. Da mesma forma, pode ocorrer a remarcação de cirurgias eletivas, aquelas pré-agendadas que não são emergenciais.

– Serão dias difíceis – disse minutos atrás ao Seguinte: o secretário da Saúde Jean Torman, preocupado com o “pânico da população”, que credita à “velocidade da informação e da desinformação”.

Ainda são tabulados os dados, mas o secretário informa que a procura pelas unidades básicas de saúde, unidades de saúde da família, UPA, 24H e Santa Casa ainda não aumentou significativamente desta para a semana anterior.

O que cresceu foi o número de pacientes que procuram por atendimento relatando supostos sintomas do coronavírus.

– Não temos nenhum caso em Gravataí. Mas possivelmente teremos quando o vírus ultrapassar o protocolo. Não se saberá se o contágio foi em uma viagem, ou na padaria – explica.

Hoje, pelos sintomas parecidos com uma gripe, exames são feitos apenas quando são observados requisitos estabelecidos pelo Ministério da Saúde, como o contato com alguém contaminado e/ou viagem recente para áreas no Brasil ou Exterior com casos registrados.

Conforme o secretário, nas unidades básicas e de emergência da rede, o atendimento já acontece como no país e no exterior, sem falta de equipamentos de prevenção e higienização para profissionais e pacientes.

Online, Gravataí foi inscrita no Mais Médicos, reaberto nesta segunda pelo governo. Mas, como já tratei pela última vez em Ministério da Saúde tira 39 médicos e recursos de Gravataí; ’arminha’ contra o SUS, o programa que já teve 23 médicos na época dos ‘escravos cubanos’ deve ser reduzido a três pelos novos critérios do Ministério da Saúde.

Jean Torman era um dos únicos agentes públicos que teriam autorização do prefeito para viajar, após edição do decreto 17.791. Mas como o MS suspendeu as agendas, o secretário cancelou ida a Brasília nesta terça, onde buscaria a inclusão de Gravataí na lista de municípios que receberão recursos federais extraordinários.

– Ainda não recebemos nada. Ia pessoalmente mostrar nossas dificuldades.

Por enquanto, apenas Porto Alegre, que tem como referências as UTIs do Clínicas e do Conceição, tem garantia de liberação de verbas.

Aí está o risco de colapso no sistema que, se o secretário evita falar, para não provocar pânico, eu alerto. Não é por torcida ou secação que nos artigos Marco Alba e Miki agem bem na crise do coronavírus; o Jim Jones de estimação e Decreto contra coronavírus proíbe agir como Bolsonaro em Gravataí; conheça as medidas elogio medidas de prevenção tomadas pelo prefeito.

O faço porque é imprescindível evitar que muitas pessoas fiquem doentes ao mesmo tempo, sobrecarregando um sistema de saúde que opera no limite, como também já abordei em artigos como Gravataí chama médicos, mas 4 em cada 10 desistem; 177 foram embora em 3 anos Não tem Jesus para crise dos médicos em Gravataí.

A ‘ideologia dos números’ confirma que a falta de leitos em Gravataí é um fato. São 193, destes 121 pelo SUS, entre a Santa Casa, a UPA e o 24H. Seria necessário três vezes mais, pelo porte do município, conforme a Organização Mundial da Saúde.

Dados de fevereiro da Secretaria Municipal da Saúde mostram que a taxa de ocupação de leitos pelo SUS é de 97%, superando a média nacional de 95%.

Há no Dom João Becker 12 leitos de UTI (oito adultos e quatro pediátricos). 60% são reservados obrigatoriamente para o SUS, mas estados clínicos tem feito com que o atendimento público ocupe quase todos os leitos.

Do total, só há quatro leitos com isolamento respiratório, especificidade recomendada para casos de coronavírus.

Epidemiologistas estima que 80% dos infectados pela covid-19 não terão sintomas relevantes, mas 15% poderão precisar de tratamento e 5% de internação em uma Unidade de Tratamento Intensivo.

Nesta tarde, em que Gravataí tem 12 casos para investigar, o Brasil registra pelo menos 291 confirmações de coronavírus – um aumento de 23,9% em relação à segunda-feira. O Rio Grande do Sul tem 10 casos confirmados. São Paulo confirmou a primeira morte e investiga outra quatro.

Entendeu por que essa crise não é meme de rede social, teoria da conspiração de tiozão do churrasco ou bravata de imbecil de cartaz? Na Itália, que desdenhou da pandemia e têm 26 mil casos, muitas das 2.503 mortes foram consequência do colapso no sistema de saúde.

Ao fim, enquanto alguns optam pelo ‘tô nem aí’, médicos temem ter que fazer uma ‘escolha de Sofia’: tirar um paciente para colocar outro no respirador da UTI.

 

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