Com nenhum caso confirmado, como tratei segunda em Descartada suspeita de coronavírus em Gravataí, o risco iminente do contágio do coronavírus em Gravataí parece ser na economia.
Um pouco de contexto e, depois, explico.
No artigo Montadoras avisam que fabricação de veículos pode parar em março; veja o que diz a GM, Geane Guerra alerta em GaúchaZH que a suspensão pode ocorrer ainda em março por falta de peças produzidas na China.
“Além da queda na bolsa e da alta do dólar, um pronunciamento feito nesta sexta pela Associação Nacional de Fabricantes de Veículos (Anfavea) preocupa. A entidade alertou que a produção de veículos pode ser interrompida ainda em março por falta de peças. A epidemia do coronavírus, iniciada na China, reduziu os envios para o Brasil”.
Segue: “Quando há autopeças para envio, faltam navios ou o inverso, segundo a associação. Lembrando que a China é o maior fornecedor de autopeças para o Brasil, com 13% de um mercado estimado em US$ 13 bilhões, em 2019”.
Para projetar o impacto disso aqui no Rio Grande do Sul, a colunista procurou a General Motors, que tem fábrica em Gravataí e, em nota, a montadora informou “que está atenta ao avanço do coronavírus e suas implicações na cadeia produtiva junto aos fornecedores globais, mas que, até o momento, a produção local não foi impactada”.
Já a Anfavea disse à reportagem que “aguarda uma posição do governo federal para saber se haverá algum tipo de estímulo à economia”.
No balanço de produção de veículos apresentado nesta sexta, a entidade mostrou um gráfico listando oito países que anunciaram medidas, como redução de juros e investimentos.
— O Brasil, pelo que sabemos, ainda não tem nenhuma medida, a não ser um indicativo de redução na taxa Selic. É uma reflexão que a Anfavea está fazendo, sabemos das limitações. Mas tem um problema que precisamos enfrentar. Vamos deixar a bicicleta parar ou iremos mantê-la em movimento? — questionou o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, que também é executivo da Mercedes-Benz do Brasil.
O artigo acrescenta ainda que a Anfavea também adiou o Salão do Automóvel de São Paulo, que aconteceria em novembro deste ano, para 2021. Mudança que aconteceu "depois de uma série de desistências por parte das marcas, como Chevrolet e BMW".
Analiso.
A GM parada seria um desastre para Gravataí.
Como a Secretaria da Fazenda ainda faz uma estimativa de eventuais prejuízos, busquei outras fontes para o cálculo, que falam sob a condição de anonimato.
É preciso contabilizar perdas imediatas no giro com salários, em um possível layoff (suspensão temporária de contratos de trabalho); e também perdas futuras, com o Valor Adicionado Fiscal, que é um indicador econômico-contábil utilizado pelo Estado para calcular o índice de participação municipal no repasse de receita do ICMS, que reflete daqui a dois anos, e considera todas as operações com mercadorias/produtos que constituem fato gerador do imposto.
Ao fim, uma GM parada corresponde a um rombo de R$ 10 milhões a cada mês.
Ou quase duas pontes do Parque dos Anjos a cada 30 dias.