coluna do silvestre

É grave a situação do nível do Rio Gravataí; a água continua baixando

Barco do projeto Rio Limpo, parcialmente fora d’água por causa do baixo nível do Gravataí. Se não chover o racionamento vai ser inevitável segundo a defesa civil. FOTO | Projeto Rio Limpo

A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) fala pouco, evita a palavra racionamento mas admite, na pessoa do gerente do órgão para Gravataí e Glorinha, Ramos Volnei Modinger, que a situação é preocupante, que o nível do rio Gravataí está baixando e que as pessoas não estão economizando.

No absurdo dos absurdos uma pessoa, lavando a calçada com água potável, ligou para o próprio Ramos para reclamar da falta de pressão na água que saia da mangueira, e admitiu a insensatez que estava praticando.

— Foi uma situação que aconteceu em Morungava — confirmou.

Sobre os riscos de os usuários de Gravataí enfrentarem um racionamento, ou crise de desabastecimento total, Ramos Modinger não comenta.

— Por enquanto não podemos falar de racionamento, o nível do rio ainda está aceitável — disse na única vez em que usou a palavra “proibida” nos corredores da Corsan.

 

Gravataí, 40 graus!

 

Quanto ao rio, informou que nesta segunda-feira pela manhã a lâmina d’água estava nos 65 centímetros, 10 centímetros a menos do que a marca registrada na quinta-feira passada (26/12) pela manhã. O nível do Gravataí está baixando principalmente devido à estiagem e às altas temperaturas que, na região, chegaram próximas dos 40 graus neste domingo que passou.

O calor intenso faz com que as pessoas aumentem o consumo de água potável, não só para a hidratação pessoal. Entram na conta a irrigação de jardins e gramados, calçadas e até lavagem de automóveis. Conforme Ramos, a Estação de Tratamento de Água (ETA) de Gravataí produz, em média, 500 litros por segundo. Neste dias mais quentes e de maior consumo, chega a produzir 620 litros por segundo.

— Isso é em torno de 15% a 20% acima da média, e mesmo assim há momentos em que os reservatórios chegam a níveis críticos — conta ele, lembrando que o beneficiamento de água com força total não pode ser mantido em tempo integral diante dos riscos técnicos e para manutenção da qualidade da água distribuída às mais de 90 mil economias de Gravataí.

— É uma das maiores produções que já registramos. Estamos virando com força quase total 24 horas por dia — emenda, sem revelar dados dos anos anteriores.

 

Uso racional

 

O geólogo e vice-presidente da Associação de Preservação da Natureza do Vale do Gravataí (APN-VG), Sérgio Cardoso, que hoje pela manhã foi ao Gravataí movimentar o catamarã do projeto Rio Limpo para que a embarcação continue flutuando, também falou em situação preocupante, e admitiu que ainda não ouviu a palavra racionamento sendo pronunciada por alguém ligado à Corsan.

— Eles falaram em consumo consciente no site deles (Corsan). Racionamento é palavra é proibida porque representa perda de dinheiro. Faltam 15 centímetros para o nível do rio entrar em situação critica na captação, no Passo dos Negros, mas eles não admitem isso oficialmente. Já deveria estar em andamento pelo menos há 15 dias uma ampla campanha alertando para os cuidados com o uso da água — comentou o geólogo.

Cardoso também reclama que a Corsan se baseia no nível da captação que tem em Alvorada para decretar, ou não, o racionamento no fornecimento de água para Gravataí. Mesmo sendo no Passo dos Negros a captação que abastece a Estação de Tratamento de Água de Gravataí, responsável pelo abastecimento de aproximadamente metade dos consumidores da cidade, principalmente na região Norte – da parada 72 da avenida Dorival em direção ao Parque dos Anjos.

 

Alto consumo

 

Mas vem do atual diretor-presidente da Fundação Municipal do Meio Ambiente (FMMA), Luiz Zaffalon, o dado mais preocupando sobre o comportamento do brasileiro no que se refere ao consumo d’água tratada. No país, as pessoas consomem – e desperdiçam! – praticamente dobro do volume recomendado como ideal pela Organização das Nações Unidas (ONU) e do que é gasto por cada pessoa nos países desenvolvidos.

— É como táxi em dia de chuva! Não tem como dar conta da demanda e ainda manter os reservatórios cheios — diz Zaffalon.

Segundo ele, a ONU diz que o ideal é que cada pessoa consuma em torno de 110 litros de água por dia. Nos países economicamente mais desenvolvidos que o Brasil, as pessoas chegam a gastar menos do que preconiza a Organização das Nações Unidas, em torno dos 100 litros d’água potável a cada 24 horas.

— A média de consumo d’água por dia, no Brasil, é de 170 litros. Em algumas situações, como agora e especialmente aqui no Sul, chega a 200 litros, ou mais, a cada pessoa e por dia — reforça.

De acordo com o diretor-presidente da FMMA, o grande vilão do consumo elevado reside nas piscinas que não têm tratamento e, por isso, têm a água trocada com frequência. As piscinas de plástico comportam até 10 mil litros e há casos, conforme Zaffalon, em que as pessoas trocam a água duas ou três vezes por dia.

— O cidadão, no Brasil, é campeão de desperdício. Duas trocas (de água) da piscona representa uns três meses de consumo. Só uma economia radical pode ajudar em um momento como este — alertou.

 

LEIA TAMBÉM:

COM VÍDEO | Rio Gravataí continua secando; vai ter racionamento?

 

DEFESA CIVIL

 

 

1

A assessoria de comunicação da prefeitura de Gravataí acabou de postar no site oficial do governo que o racionamento pode ser uma realidade a partir da próxima semana se o nível do Rio Gravataí continuar baixando.

 

2

O alerta é resultado do monitoramento feito dia e noite pela Defesa Civil do município e, segundo os dados do órgão, o nível do rio já estaria um metro abaixo do que seria normal.

 

A frase

 

Se o uso não for feito de forma consciente e o tempo continuar seco, é possível que haja racionamento nas próximas semanas. Em períodos de baixa é aconselhável não molhar a grama e os jardins, assim como não lavar carros e calçadas.

Do site da Prefeitura Municipal de Gravataí.

 

 

 

 

 

 

 

 

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