opinião

Uma ameaça do Rio Gravataí à camada de ozônio

Printe & Arquive na Nuvem.

Antes de eu revelar uma das prováveis polêmicas do amanhã de Gravataí, leia a entrevista do biólogo Paulo Brack para Patricia Fachin, publicado pelo site do Instituto Humanitas Unisinos sob a manchete Mina Guaíba: um empreendimento de altíssimo impacto ambiental e lobby da indústria dos combustíveis fósseis.

Ao fim, comento. 

 

“(…)

projeto de abrir uma mina a céu aberto em uma área de quatro mil hectares nos municípios de Eldorado do Sul e Charqueadas “para trazer à tona 166 milhões de toneladas de carvão mineralpara uso em gaseificação, termoelétricas a carvão, ou mesmo em um Polo Carboquímico”, proposto pela Copelmi Mineração, ainda não foi “explicitado e esclarecido à sociedade gaúcha”, adverte o biólogo Paulo Brack. Segundo ele, apesar de a região concentrar as maiores reservas de carvão do Rio Grande do Sul, o projeto da Mina Guaíba “surge a reboque do desejo de uma exploração mineral que representa o lobby da indústria dos combustíveis fósseis e por setores da economia imediatista, negacionistas das mudanças climáticas”, mas vai na contramão das orientações internacionais sobre a crise climática.

Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, Brack informa que o licenciamento ambiental da Mina Guaíba “está em fase de análise de viabilidade que consta no processo necessário para a emissão de Licença Prévia pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler – Fepam”. Entretanto, pontua, “um dos maiores problemas do projeto é a sua localização, que consideramos incompatível, pois consiste em um empreendimento de altíssimo impacto ambiental, que exigiria a supressão total de mais de dois mil hectares de vegetação, flora e fauna, rebaixamento de lençol freático e alteração de cursos de água, justamente na Área de Amortecimento do Parque Estadual do Delta do Jacuí”. De acordo com ele, a mina de carvão mineral também impactará a produção de arroz de 72 famílias de agricultores, que compõem um dos maiores centros de produção agroecológica da América Latina.

Clique aqui para ler a entrevista na íntegra e ver os mapas.

 

Analiso.

Em 2011, a Associação de Preservação da Natureza Vale do Gravataí (APN-VG) foi artífice de uma campanha para barrar a exploração de carvão em Viamão.

Os ambientalistas já estão de prontidão, agora que a exploração dessa matriz do século passado volta como solução mágica para a quebradeira e a desindustrialização do Rio Grande do Sul e, como o aterro sanitário e termelétrica que a Estre Ambiental, do bilionário Wilson Quintella Filho, tentou instalar em Glorinha – e o Seguinte: revelou com exclusividade em uma série de reportagens que começaram com Rei do lixo fala sobre projeto em Glorinha – aportam com a promessa de moderna tecnologia para evitar a destruição da camada de ozônio e a poluição do ar, da terra e das águas num raio de mais de 100 quilômetros.

É uma ótima pauta para o jornalismo investigativo de Eduardo Torres – do Correio de Gravataí, profissional que é uma múmia de faixas de prêmios ambientais – não acham, geólogo Sérgio Cardoso e jornalista Cláudio Wurlitzer, presidente e vice da APN-VG?

Como diz Paulo Brack, “os defensores do carvão, hoje, talvez poderiam ser comparados com aqueles que, no Brasil do século XIX, defendiam a manutenção da escravatura para não ‘quebrar a economia’ do país”.

É uma atividade que, pergunte a qualquer pesquisador que não recebeu para fazer um laudo, contamina o ar de toda a Região Metropolitana de Porto Alegre e do rio Jacuí, que desemboca no Guaíba e abastece de água milhões de pessoas – e pode chegar também ao Rio Gravataí.

Poucos sabem, mas Gravataí tem uma das maiores jazidas da região.

Nem a Copelmi, nem chineses, ou nenhum outro explorador contatou a Prefeitura de Gravataí, como garantiu nesta quarta ao Seguinte: o diretor-presidente da Fundação Municipal de Meio Ambiente (FMMA).

– Ainda bem… – disse, reticente e sorrindo, o experiente Luiz Zaffalon, sabedor do potencial explosivo do debate que envolve muito dinheiro a um alto custo ambiental e agora seduz Eduardo Leite (PSDB), como já balançou os governadores José Ivo Sartori (MDB) e Tarso Genro (PT).

O jornalista Rogério Mendelski postou um artigo a favor, “Quem tem medo do nosso carvão?”, classificando os movimentos contrários, que acontecem não só no RS, mas na Europa, como “terrorismo ambiental”. Parafraseando o que dizia Brizola sobre a Globo, se eu ainda tinha alguma dúvida, agora sou definitivamente contra.

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