Uma das mais espirituosas manchetes que dei a colunas minhas foi na noite de 2008 em que Daniel Bordignon deu a volta em Sérgio Stasinski e, com a candidatura a prefeito impugnada, impediu a candidatura à reeleição do prefeito e, a uma semana das eleições, aprovou a escolha da chapa Rita Sanco, quarta suplente de vereadora, e Cristiano Kingeski, à época de sua confiança.
“Partido, partido, é dos Trabalhadores”, titulei.
Por incrível que pareça, esse é um refrão de musiquinha cantada por militantes do PT!
Hoje, o PSB poderia cantar junto.
Com o prefeito de Cachoeirinha Miki Breier ameaçado de impeachment, chega a ser tragicômica a troca de mensagens em grupo de WhatsApp a que o Seguinte: teve acesso.
Um teclou (vou corrigir o português nas mensagens):
– Bom dia, há boatos de que o advogado Lucas Hanisch, autor do pedido de impeachment, presta serviços ao PSB de Gravataí. Caso não seja boato, como membro do diretório, sugiro que este cidadão passe a não prestar mais serviços, nem que seja de forma gratuita, pois se foi capaz de trair o partido em Cachoeirinha pode vir a fazer o mesmo conosco!
Outro participante postou emojis de palmas.
Aí, Paulo Silveira, vereador e presidente do partido em Gravataí, escreveu:
– Não é boato, é fato. Trataremos disso depois de nosso jantar. A prioridade é Gravataí.
No terceiro print a que tive acesso, um interlocutor reage:
– Apoio a saída desse cidadão, que não merece estar ao lado de pessoas do bem e que querem fazer a boa política. Traiu Cachoeirinha e vai trair nosso partido em Gravataí.
O jantar a que Paulo Silveira se refere é um convescote neste sábado, 20h, no CTG Laço da Amizade. Um galeto com massa, saladas, arroz e feijão campeiro por R$ 25. Nada que possa ser mais importante do que o partido perder uma de suas maiores prefeitura no país!
Recomendo ao presidente do PSB ouvir Daniel Bordignon, de quem Paulinho – brinco e ele fica brabo – pode ser o ‘poste’ nas eleições para a Prefeitura em 2020.
À época da cassação de Rita Sanco (PT) e Cristiano Kingeski (PT) em 2011, o ex-prefeito foi acusado, inclusive por companheiros de partido, e o é até hoje por valentes de bastidores, por supostamente ter feito pouco caso da ameaça de impeachment.
O argumento dos adeptos à teoria da conspiração era – e para muitos ainda é – que Bordignon acreditava ter uma eleição tranquila a prefeito em 2012 e, portanto, um desgastezinho de Rita seria bom, para ela não repetir Sérgio Stasinski e articular silenciosamente uma tentativa de reeleição.
Paulo arrisca ganhar a mesma tatuagem.
E há agravantes para terraplanificadores.
Um: Paulo é do mesmo grupo de Jack Ritter, vereadora do PSB que votou a favor da abertura de processo de impeachment de Miki, prefeito do próprio partido.
Dois: as câmeras e o livro de registro da recepção da Câmara de Gravataí mostram Lucas Hanisch, o ‘Cláudio Ávila’ do impeachment de Miki, em visitas ao gabinete de Paulo.
Possivelmente, porque são dois políticos éticos, Bordignon e Paulo sejam vítimas da ‘síndrome de Pompeia’, a esposa da qual Cesar se separou por não parecer, mesmo que fosse honesta.
Não acredito seja necessário referir que o vereador e a esposa já ocuparam cargos no PSB com apoio de Miki. O que aconteceu com o PT – “partido, partido” – em Gravataí já é um imponente totem de como companheiros podem morrer abraçados.
Paulo, no fundo sabe: sempre foi contra o impeachment de Rita e já criticou muito Anabel Lorenzi, então esposa de Miki, por, vereadora, ter dado voto favorável à cassação de Rita.
É só um toque que dou, levantando-me nas patas dianteiras.
LEIA TAMBÉM
Sofreu chantagem? Cortou ’mensalinho’? Sob ameaça de cassação, Miki responde essas e outras
Golpeachment contra Miki e Maurício pode ser apresentado hoje; respeitem o voto, vereadores!
Conheça o pedido de impeachment de prefeito e vice