coluna do silvestre

A Cruz Missioneira está coberta pela ferrugem. É assim mesmo?

Cruz Missioneira inaugurada em abril passado é homenagem à colonização de Gravataí, feita de modo pioneiro pelos índios Guaranis, e tem a finalidade de colocar o município no roteiro turístico das missões

Sim.

A Cruz Missioneira, também conhecida como Cruz de Lorena ou Cruz de Caravaca, de origem espanhola e trazida às américas pelos padres jesuítas, cuja réplica, ou similar, inaugurada na entrada de Gravataí pela avenida Centenário no dia 12 de abril passado, está coberta pela ferrugem.

Sim.

Passados seis meses desde a sua inauguração, a ferrugem toma conta da cruz que tem cerca de quatro metros de altura e foi confeccionada pelo artista plástico Hermes José Vega Costa, o Ferreiro Veja, com cerca de 120 quilos de ferro.

O fato foi motivo de críticas no Facebook – o grande tribunal das redes sociais como diz o jornalista Rafael Martinelli, aqui do Seguinte: – na semana passada, feitas por internautas que “condenaram” a administração municipal por, supostamente, ter jogado dinheiro fora ao não dar manutenção adequada ao monumento. E que, por isso, estaria se deteriorando por causa da ação do sol, da chuva, do vento…

Mas, calma!

É assim mesmo. Eu, o colunista que escreve, também desconhecia que a ferrugem é algo normal, esperado até.

Procurei nesta semana o artista Ferreiro Vega para questioná-lo sobre o que, até então e também sob o meu ponto de vista, seria o começo do fim do monumento.

— Se revestir com algum produto para proteger da ferrugem, ou pintar, ela simplesmente apodrece — explicou o artista e autor da Cruz Missioneira de Gravataí.

 

: Ferreiro Vega e a cruz de sua autoria, em foto de abil, no dia da inauguração

 

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Exemplo prático

 

Ferreiro Vega ainda exemplifica citando o monumento aos Açorianos, em Porto Alegre, estrutura toda concebida em aço e que nunca ganhou uma pintura ou qualquer tipo de revestimento. Ao contrário, também está coberto pela ferrugem que ganhou com o passar dos anos.

 

Seguinte: – Veja, qual a durabilidade de uma peça como esta, feita em ferro, exposta ao tempo?

Ferreiro Vega – Trabalho na artesania há 16 anos e tenho obras de arte externas que ainda não apodreceram. Para garantir mais do que isso eu preciso esperar o resultado delas…

 

Seguinte: – Por que a ferrugem, ou deixar que enferruje, ao invés de pintar ou aplicar algum tipo de proteção?

Ferreiro Vega – A ferrugem, depois que cobre o ferro, se torna uma proteção bem mais eficaz que a pintura. Use como exemplo o monumento dos Açorianos, em Porto Alegre. Nunca foi pintado. E se ela (a Cruz Missioneira) enferrujou em pouco tempo, isso faz parte do processo.

 

MONUMENTO AOS AÇORIANOS

 

1

Homenagem à chegada, em 1752, dos primeiros 60 casais açorianos que deram início ao povoamento do que, hoje,  é Porto Alegre.

 

2

Tem 17 metros de altura e 24 metros de comprimento. Foi inaugurado há mais de 45 anos, em 26 de março de 1974, data de aniversário da cidade.

 

3

Foi concebido em aço, com linhas futuristas e instalado no Largo dos Açorianos, obra de autoria do artista Carlos Tenius, escultor.

 

4

A intenção é lembrar uma caravela, composta por corpos entrelaçados tendo à frente uma figura alada, referência ao ser mitológico Ícaro.

 

Monumento aos Açorianos, em Porto Alegre, mais de 45 anos sem pintura ou proteção.

 

 

 

 

 

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