Em seu discurso de posse, Luiz Zaffalon (PSDB) fez uma cobrança que julgo correta aos adversários na eleição de 6 de outubro.
– Eu e o Dr. Levi vencemos nas urnas, fomos diplomados e agora tomamos posse, e não recebi nenhum telefonema dos que perderam a eleição me desejando boa sorte. Não para mim, mas para a cidade. Isso se chama civilidade – disse o prefeito reeleito de Gravataí; você assiste no minuto 18h55 em SEGUINTE TV | Assista como foi a posse do prefeito Zaffa, do vice Dr. Levi e dos 21 vereadores de Gravataí; O discurso completo, ou no vídeo que reproduzo ao fim deste artigo.
Reputo Marco Alba (MDB) e Daniel Bordignon (PT) já deveriam ter ligado para Zaffa. É da liturgia da democracia.
Kamala ligou para Trump, Biden também. Restam os dois experientes políticos de Gravataí num comportamento que remete a personagens da história política moderna com os quais não mereciam restar na mesma frase, como Jair Bolsonaro, Aécio Neves ou o ditador João Figueiredo.
Em seu discurso de saudação aos eleitos na posse, o deputado estadual Dimas Costa (PSD) também instigou, ao lembrar ter feito postagem reconhecendo a primeira eleição de Zaffa, de quem era o principal adversário em 2020.
– Em 2020, concorri à Prefeitura desta cidade. Naquele momento, respeitei a decisão das urnas e declarei que o prefeito de todos os gravataienses seria o Zaffalon. A nós, agentes públicos, cabe sempre lembrar: respeitar a democracia e o resultado das urnas é um compromisso inegociável – disse.
Não entendo justificativa plausível, se assim for, o fato de Zaffa e Dr. Levi ainda responderem a Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) que apura 11 denúncias de abuso de poder político e econômico e uso abusivo dos meios de comunicação.
Os dois foram absolvidos pela justiça eleitoral de Gravataí e o Ministério Público recorreu ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) – leia em Justiça de Gravataí confirma mais uma vez eleição de Zaffa. Acabou? Não. Ainda tem recurso do MP para TRE julgar –, mas a situação legal do dia é que Gravataí tem prefeito e vice, consagrados nas urnas com 64.125 votos, ou 51.17% dos votos válidos, o que corresponderia a uma vitória em primeiro turno, e agora constitucionalmente empossados.
Mais: a ‘Eleição Que Nunca Termina 2’ é uma justificativa que também seria derrubada, ao menos politicamente, no caso de Marco Alba, por ter ele participado da posse do prefeito reeleito de Cachoeirinha, Cristian Wasem (MDB), também alvo de AIJE, com absolvição na justiça local.
Ao fim, pode Bordignon achar que foi injustiçado na eleição, com o vazamento, no primeiro dia de campanha, de suposto caso de assédio contra ex-aluna, do qual restou absolvido, e pode Marco Alba considerar-se traído por aquele para o qual foi o ‘Grande Eleitor’ em 2020, mas a democracia grita para que reconheçam Zaffa prefeito.
Ao menos entendo eu.
Nas verdades que podemos dizer sorrindo, evoco pela enésima vez ‘Ser Político’, verbete do Millôr e entidade que transcende lados da ferradura ideológica:
Ser político é engolir sapo e não ter indigestão, respirar o ar do executivo e não sentir a execução, é acreditar no diálogo em que o poder fala e ele escuta, é ser ao mesmo tempo um ímã e um calidoscópio de boatos, é aprender a sofrer humilhações todos os dias, em pequenas doses, até ficar completamente imune à ofensa global, é esvaziar a tragédia atual com uma demagogia repetida de tragédia antiga, é ver o que não existe e olhar, sem ver, a miséria existente, é não ter religião e por isso mesmo cortejar a todas, é, no meio da mais degradante desonra, encontrar sempre uma saída honrosa, é nunca pisar nos amigos sem pedir desculpas, é correr logo pra bilheteria quando alguém grita que o circo pega fogo, é rir do sem-graça encontrando no antiespírito o supremo deleite desde que seu portador seja bem alto, é flexionar a espinha, a vocação e a alma em longas prostrações ante o poder como preparação do dia de exercê-lo, é recompor com estoicismo indignidades passadas projetando pra história uma biografia no mínimo improvável, é almoçar quatro vezes e jantar umas seis pra resolver definitivamente o problema da nossa subnutrição endêmica, é tentar nobremente a redistribuição dos bens sociais, começando, é natural, por acumulá-los, pois não se pode distribuir o pão disperso, e é ser probo seguindo autocritério. E assim, por conhecer profundamente a causa pública e a natureza humana, estar sempre pronto a usufruir diariamente do gozo de pequenas provações e a sofrer na própria pele insuportáveis vantagens.
Assista ao vídeo produzido pela SEGUINTE TV com a cobertura da posse em Gravataí
QUEM TOMOU POSSE PARA 2025-2028
Prefeito
Luiz Zaffalon (PSDB)
Vice
Dr. Levi Melo (Podemos)
Vereadores
Bombeiro Batista (Republicanos): 3.213 votos.
Roger Correa (PP): 2.973 votos.
Clebes Mendes (PSDB): 2.837 votos.
Bino Lunardi (PSDB): 2.751 votos.
Vitalina Gonçalves (PT): 2.632 votos.
Aureo Tedesco (MDB): 2.471 votos.
Alex Peixe (PSDB): 2.222 votos.
Alison Silva (MDB): 2.183 votos.
Marcia Becker (PSDB): 2.102 votos.
Evandro Coruja (PP): 2.057 votos.
Fábio Ávila (Republicanos): 1.969 votos.
Anna Beatriz da Silva (PSD): 1.901 votos.
Dilamar Soares (Podemos): 1.793 votos.
Claudecir Lemes (MDB): 1.781 votos.
Carlos Fonseca (Podemos): 1.753 votos.
Paulinho da Farmácia (Podemos): 1.564 votos.
Airton Leal (MDB): 1.464 votos.
Guarda Moisés (Republicanos): 1.453 votos.
Fernando Deadpool (União Brasil): 1.339 votos.
Hiago Pacheco (PP): 1.332 votos.
Mario Peres (PL): 1.019 votos.
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