ENTREVISTA

A primeira medida de Marco Alba é o que todo mundo quer

Marco Alba, na foto com a esposa Patrícia, foi reeleito com 48.211 votos

Prefeito reeleito recebeu o Seguinte: para a primeira entrevista após a vitória na eleição de domingo. Marco Alba anuncia medidas para atender a principal reivindicação do momento, fala de planos para o próximo mandato e avisa: é um novo governo

 

Vai ser para ontem a ação do prefeito reeleito na área que mais preocupa a população em qualquer pesquisa, a segurança pública.

Marco Alba (PMDB) vai chamar 40 guardas municipais já aprovados em concurso, providenciar veículos, equipamento e integrá-los ao trabalho conjunto que é realizado com a Brigada Militar no policiamento de rua.

Além do Centro, Morada do Vale e Parque dos Anjos, postos serão abertos em bairros estratégicos da cidade, como nas ‘paradas’, a região mais populosa da cidade.

Os 40 novos guardas se somarão aos 180 atuais, para reforçar o contingente de 300 policiais militares ligados ao 17º Batalhão de Polícia Militar, responsável pelo policiamento ostensivo.

O prefeito reeleito também quer acelerar o processo de ‘cercamento’ da cidade por câmeras de videomonitoramento.

Marco também vai procurar o secretário de Segurança do Estado, Cézar Schirmer, para pedir reforços na BM e na Polícia Civil de Gravataí.

– A presença física dos agentes de segurança vai aumentar – anunciou agora há pouco, em entrevista de mais de duas horas para o Seguinte:

Da composição do secretariado, que procurou abordar de forma apenas conceitual, dá para arriscar, pelo entusiasmo com que falou de sua admiração pelo trabalho das igrejas evangélicas, que há apenas um ‘garantido’: Tanrac Saldanha, seu vice na ‘eleição que não terminou’ em outubro e atual secretário da Família.

– Só posso adiantar que é um novo governo – despistou.

Confira em 15 tópicos, e nas palavras do prefeito reeleito, os principais trechos da conversa, que começou com Marco chegando, ao lado da esposa Patrícia e do vice, Áureo Tedesco (PSDB), e fazendo uma brincadeira com a fiel escudeira Sônia Oliveira e outros militantes que estavam em frente ao comitê central da campanha:

– E aí, tá ganha a eleição?

– Estamos fazendo a mudança, Gravataí não pode parar – respondeu, entre sorrisos, a filha do ex-prefeito Dorival de Oliveira, há duas décadas sua fiel escudeira e uma de suas pessoas de maior confiança.

 

VITÓRIA DE UM MODELO DE GESTÃO

“É a vitória de um modelo moderno, de gestão com responsabilidade e transparência. Diferente do modelo tradicional que vemos há 500 anos no Brasil, que o Rio Grande do Sul, por exemplo, não rompe nunca, de endividamento às custas do bolso do cidadão, e que transforma as estruturas públicas em comitês eleitorais. Arrumamos a casa e preparamos a Prefeitura para voltar a investir, com recursos próprios e externos”.

 

A CORAGEM POLÍTICA

“Tivemos coragem para fazer diferente. Sabíamos que o sacrifício político seria maior. A sociedade não tem paciência porque é sempre quem paga a conta. Aí o eleitor diz: eu vou ter que esperar de novo para as coisas acontecerem? Mas para oferecer presente e futuro, era preciso consertar erros do passado. Austeridade, que tivemos e continuaremos tendo, não é um crime contra a sociedade, como muitos tentam fazer crer. É sim a única forma de ter dinheiro para as políticas sociais. Se gastar mais do que pode fosse bom, os serviços oferecidos país afora não seriam tão insuficientes como são. Nenhuma mudança de verdade é fácil, sem traumas”.

 

APOIO POLÍTICO

“Tive uma grande ajuda da base aliada. Credito o sucesso da mudança à coragem dos vereadores eleitos comigo em 2012, a grande maioria de primeiro mandato e cheios de idealismo. Enfrentaram desgastes momentâneos e pontuais, mas ajudaram a mudar leis que só beneficiavam corporações e individualidades. Vou dar um exemplo: reduzimos o valor da folha de pagamento em R$ 30 milhões em quatro anos. Eram vantagens e benefícios indevidos do ponto de vista legal, como excesso de horas extras, insalubridade, periculosidade cujos beneficiados já não tinha mais o direito há pelo menos cinco anos. Boa gestão e boa política se medem atendendo bem ao povo, não se protegendo de críticas ou cedendo a pressões setoriais”.

 

PROMESSAS CUMPRIDAS

“Do PPA de 2012 a 2017, onde mais ficamos devendo foi na infraestrutura, o que estamos conseguindo amenizar com a retomada da Usina de Asfalto. Mas era preciso fazer opções, para poder colocar a casa em ordem. Entre cuidar das pessoas e tapar o buraco, escolhemos não reduzir o orçamento das áreas sociais. E na educação atingimos o maior ideb (índice de desenvolvimento da educação básica) da história, enquanto que na saúde chegamos ao menor índice de mortalidade infantil de todos os tempos, em padrões dos Estados Unidos. Na saúde da família, que é onde se previnem as doenças, dobramos a cobertura e vamos atingir 80% do território coberto ao fim do governo, chegando à casa das pessoas. Isso além das duas UPAs. E vamos fazer do Pronto Atendimento 24 Horas um grande centro de especialidades médicas. Enfim: arrumamos a casa sem reduzir o orçamento das áreas sociais”.

 

OS PRINCIPAIS PROBLEMAS

“Sofremos dois calotes do governo federal. Primeiro, logo que a Dilma assumiu, segurou obras de infraestrutura em todo país. Empresas que prestavam serviços se descapitalizaram e pararam tudo. A UPA (unidade de pronto atendimento) da 75 foi uma delas. Era para ter sido inaugurada no final de 2015 e só conseguimos abrir as portas dois anos depois. A UPA das Moradas era para estar pronta em janeiro do ano passado e só começará a atender em dezembro deste ano. E, o que mais me doeu, foram as Emeis (escolas de educação infantil). O MEC (ministério da educação) empurrou para Gravataí e outras prefeituras brasileiras uma empresa com tecnologia exclusiva que começou as obras e quebrou. Aí não podíamos contratar outra, porque o tipo de construção era único. Veja a força de quem estava errado: só fomos autorizados a retomar emergencialmente as quatro Emeis com outra empresa se comprássemos o material daquela que abandonou as obras. Agora temos cinco em andamento e chegaremos ao final do ano com nove prontas e mais de mil vagas novas”.

 

DINHEIRO QUE VAI, DINHEIRO QUE VEM

“Pagamos mais de R$ 200 milhões em contas do passado, mais ainda temos R$ 180 milhões em dívidas consolidadas e R$ 67 milhões em precatórios, estes, por decisão do Supremo, com limite de pagamento até 2020. Sem falar no déficit atuarial de mais de R$ 800 milhões com o Ipag (instituto de previdência de Gravataí). Mas a gestão que fizemos permite que possamos enfrentar essas dívidas e, mantendo as certidões negativas de débito, ter uma capacidade de endividamento de até R$ 800 milhões. Que achas, para quem tinha zero? É claro que não vamos ao limite, mas é para mostrar nossa saúde financeira hoje. Temos um financiamento acertado de R$ 100 milhões para obras de infraestrutura e drenagem com o CAF (Comissão Andina de Financiamento), que para Canoas já liberou R$ 300 milhões”.

 

OS PROFESSORES E O FUNCIONALISMO

“Na elaboração do PPA vamos tratar disso. Mas as condições de avançar na política salarial hoje são outras, diferentes do primeiro mandato. E só tenho a agradecer aos funcionários e aos professores que estão dentro da sala de aula. Mas não posso dizer o mesmo do sindicato, que buscou defender apenas privilégios, nunca a melhoria da educação como um todo. Fizeram sim muita política. Cada pessoa tem direito a ter sua preferência e manifestá-la, mas individualmente. Nunca tinha visto sindicato fazer pesquisa e orientar voto contra candidato. A eles, ofereço como comparação meus quatro anos contra 40 de sindicato. O que ajudaram a mudar, que contribuição deram os que estão lá desde sempre? Escola de rico tem plano pedagógico com livro de ponta. Levei isso aos pobres. Colégio de rico tem uniforme. Levei isso aos pobres. Escola de rico tem segurança e é bem cercada. Levei vigias, gradis e patrulha escolar aos pobres. Aí o ideb, principal índice para medir a qualidade do ensino, chega ao maior patamar da história de Gravataí, e eu estou errado?”

 

O CAMINHO DA MOBILIDADE

“A Dorival de Oliveira não é como a Flores da Cunha, em Cachoeirinha. Não há como alargá-la sem um custo imensurável em indenizações. Então vamos redesenhar as ligações por dentro dos bairros, em troncais, bem pavimentadas e sinalizadas, para criar caminhos alternativos. Já fizemos a Brasil, a Jorge Amado e a Itacolomi. E teremos também obras como uma ligação com o Parque dos Anjos por trás do novo condomínio da Cyrella (Seminário), a rota turística e a ligação da BR-290, na altura da GM, com a RS-030 até Morungava. As pontes do Parque dos Anjos precisamos estudar como fazer, já que o custo da ponte não é caro, o difícil é ter liberação para fazer obras e elevar toda a estrada. Há envolvidas também questões ambientais daquela região. Mas já estamos planejando. A cidade cresce para aquele lado e vai crescer ainda mais com a troca da praça do pedágio para perto da GM. Buscaremos dar a infraestrutura necessária para esse crescimento, que favorece a atração de investimentos”.

 

NOVO CENTRO ADMINISTRATIVO

“Vamos construir um novo Centro Administrativo e livrar a Prefeitura, hoje refém dos aluguéis. É investimento que se paga”.

 

A CORSAN E A FALTA DE ÁGUA

“Vamos romper o contrato que é descumprido sistematicamente pela Corsan e licitaremos a concessão da água já neste primeiro semestre, exigindo o cumprimento de metas definidas no Plano de Saneamento aprovado pela sociedade. Em resumo, em cinco anos todas pessoas terão acesso a água tratada, em 10 anos ao esgoto cloacal e em 15 anos o Rio Gravataí, com barragens, estará recuperado”.

 

O ZAFFARI DA 60

“Até o fim do primeiro semestre o Zaffari já deve estar em obras. A Prefeitura resolverá pequenas pendências e questões viárias serão equacionadas”.

 

O SHOPPING

“Tenho certeza que tudo já está se resolvendo com a nova administração. Acho que todo mundo que gosta da sua cidade torce pelo shopping”.

 

O NOVO SECRETARIADO

“O governo manterá o compromisso com metas e prazos para cumprimento. O que estava previsto para este ano no PPA (plano plurianual), seguiremos fazendo. Mas vamos discutir nos 30 dias após a posse o PPA até 2020. Todos os diretores financeiros e adjuntos serão técnicos. Os secretários poderão ser mais políticos, mas no sentido de levar as informações à população. Nenhuma secretaria será feudo de ninguém. Não tem porteira fechada para partido. Nosso governo não andou e não andará ao sabor da política individual ou do momento. Somos uma coalizão, mas o governo continuará sendo um só. E com calendário a cumprir. Sobre nomes, seria indelicado neste momento dizer quem sai ou fica, já que o prefeito interino (Nadir Rocha) manteve praticamente todo secretariado. Ninguém está garantido. Mas quero também que o governo tenha interlocução com o terceiro setor, com as entidades e, principalmente, com as igrejas, que sem receber nada, na maioria das vezes fazem mais do que serviço público”.

 

UMA TRANSIÇÃO EM CASA

“Como é um governo nosso, alinhado, será tranqüilo. Mas sempre respeitei o espaço, o trabalho do Nadir (Rocha, prefeito interino). Não entrei um dia sequer na Prefeitura”.

 

O PREFEITO NA RUA

“Se tem uma coisa que farei diferente é estar mais presente junto à população. Quero explicar melhor às pessoas que precisamos financiar o crescimento da cidade com nossa riqueza, não nos endividando. Mostrar que estávamos no fundo do poço, como saímos e agora vamos avançar juntos”.

 

MARCO PAZ E AMOR

“Fui eleito em 2012 com bandeiras brancas e desde que assumi mantive o espírito de paz. Nessa campanha não foi diferente. Ninguém vai achar um discurso, uma entrevista ou um post meu no facebook falando mal de alguém. Fui e serei prefeito da cidade. Não me importa o time ou a preferência partidária. Quem me conhece bem, sabe”.

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