A proposta com maior apoio de prefeitos da Grande Porto Alegre – incluindo Luiz Zaffalon (Gravataí) e Miki Breier (Cachoeirinha) – é decretar um ‘mini-lockdown’, fechando tudo entre às 18h e às 6h, mas mantendo abertas durante o dia as atividades não essenciais. As aulas presenciais também seriam suspensas. O governador Eduardo ‘Pilatos 2.1’ Leite, ou ‘LeiteNaro’, como tratei em Pilatos 2.1 : Responsabilidade é de Zaffa e Miki; Leite passou a prefeitos a bandeira da COVID, decide logo mais.
Antes de analisar, um pouco de contexto.
Prefeitos ligados à Granpal, a associação das prefeituras da região, reuniram-se na manhã desta quinta e tiraram três propostas para serem levadas ao governador: lockdown total por 7 dias, o mini-lockdown, com tudo fechando entre às 18h e às 6h, ou manter a cogestão como está, com o ‘toque de recolher’ apenas entre às 20h e às 5h, com os municípios cumprindo regras da bandeira vermelha mesmo com indicadores de bandeira preta.
Na noite de quarta, Eduardo Leite postou vídeo pedindo para prefeitos desistirem da cogestão e cumprirem as regras da bandeira preta.
Assista e, abaixo, sigo
O comitê científico que apresenta os indicadores para a classificação de bandeiras no Distanciamento Controlado do RS também pediu a suspensão da cogestão e a decretação de lockdown.
O mesmo apelo foi feito pelas direções dos hospitais públicos e privados do RS.
Maneco Hassen, presidente da Famurs, a associação dos municípios gaúchos, sugere lockdown de 15 dias.
Em Gravataí e Cachoeirinha os leitos estão todos ocupados, em UTI, enfermaria e retaguarda para covid. Os leitos não-covid seguem superlotados como sempre. Na região não é diferente. Porto Alegre, onde estão os principais hospitais de referência para as duas cidades, já fechou as portas. São 150 gaúchos esperando na fila da UTI – 5 já perderam a vida entre ontem e hoje.
Mais: a Justiça de Porto Alegre determinou a suspensão das aulas presenciais.
– A situação é crítica. É uma crise sanitária sem precedentes – confirmou há pouco Régis Fonseca, secretário da Saúde de Gravataí, que nesta tarde se reúne com Antônio Weston, superintendente do Hospital Dom João Becker/Santa Casa, para tentar ampliar ainda mais os leitos.
– Já abrimos 27 leitos nos últimos 10 dias e nossas 29 unidades de saúde estão abertas para pacientes com sintomas gripais leves. Mas o que temos percebido é o crescimento na agressividade do vírus, o que traz complicações para infectados – alerta, admitindo preocupação com o ‘Efeito Carnaval’, que será totalmente sentido a partir da próxima semana.
– Há 10 dias fechamos leitos no Pronto Atendimento 24 Horas e estudávamos fechar o Hospital de Campanha, pelo reduzido número de paciente. Tudo mudou – lamenta, confirmando o que antecipei um dia antes da bandeira preta, em Contágio e mortes explodem em Gravataí; E o ’Carnaval da COVID’, e alguns leitores pediram minha prisão acreditando ser fake news.
– Não teremos orçamento para manter todas as estruturas abertas durante o ano – disse, confirmando previsão do secretário da Fazenda, Davi Servergnini, que detalhei ontem em Furou a bolha da COVID: Orçamento da Saúde termina em setembro; 2021 não será um ano bom.
Falando em Davi, a imprevisibilidade da pandemia pode ser exemplificada em um hiato de menos de 24h. Na audiência na Câmara para apresentar o estado das contas públicas o secretário foi questionado por José Rosa, presidente do Sindilojas de Gravataí:
– Acabei de receber uma ligação do presidente da Fecomércio, Luiz Carlos Bohn. Queria saber se o prefeito Luiz Zaffalon vai defender a manutenção da cogestão.
Davi respondeu que sim. Que o prefeito só decretaria lockdown caso fosse obrigado pelo governador. A ideia seria “manter as vidas acontecendo” e “mudar a pauta” em busca da “normalidade”, inclusive com a volta às aulas.
Na manhã desta quinta consultei Zaffa. Ele preferiu não antecipar a posição que levaria à reunião da Granpal.
– A situação não está boa – resumiu.
Na reunião, foi um dos votos, ao lado de Miki, para que as regras fossem mais rígidas: não um lockdown, mas o mini-lockdown entre 18h e 6h.
Ao fim, fato é que ninguém, políticos ou técnicos, conseguem prever o dia de amanhã. Os prefeitos apresentaram uma proposta alternativa. São eles a receber a pressão das ruas, como tratei em Gravataí abre leitos na explosão da COVID; Zaffa e Miki ’botam os deles na reta’. O que o governador poderia fazer é governar, não repassar responsabilidades, como faz desde o início da pandemia o deprimente da república.
Eduardo Leite, o senhor não foi eleito para contar votos de prefeitos. Se não há o que fazer, e a única alternativa é o lockdown, decrete. Jair Bolsonaro terceirizou a ‘gripezinha’ e temos uma Gravataí de mortos no país.
Cadáver, ensacado a vácuo e sem velório, não compra.
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