JEANE BORDIGNON

A semana em que Gravataí transbordou cultura!

Fotos: Rodrigo Rodrigues

O que foi essa última semana, minha gente? Teatro, dança, música, circo, arte visual, exposições, atividades formativas, literatura, história, de tudo um pouco e em vários lugares da nossa cidade. De 22 a 27 de abril, Gravataí recebeu uma extensa e rica programação cultural, e a lista estava bem na praça central da aldeia, para quem quisesse conferir e achar uma apresentação ou atividade para conferir (ou várias, né?). Foi o 7º Festival de Teatro de Gravataí – Edição Multicultural. Muita arte e muita cultura reverberando na cidade!

Na verdade, a onda de energia cultural já começou na semana anterior, com o lançamento do 7º FETEG, na nossa Casa de Cultura, com falas potentes das autoridades e uma homenagem linda aos 30 anos do Grupo Vivências, que reúne apenas atrizes 60+. Uma história que conheci há duas décadas, quando era jornalista do Correio de Gravataí e tive a honra de escrever uma reportagem sobre os 10 anos do Vivências. Lindo ver a continuidade desse caminhar.

Voltando aos discursos, nosso secretário adjunto Giulliano Pacheco foi certeiro ao ressaltar que antes de tudo, nós da Secretaria da Cultura que também somos artistas estávamos justamente por isso emocionados com a realização do festival. A arte é motor das nossas vidas, não apenas um trabalho. E o prefeito Luiz Zaffalon aqueceu nossos corações ao anunciar que a prioridade para os recursos que serão arrecadados com o leilão dos prédios onde funcionava a RGE… será a restauração do nosso combalido Museu Municipal Agostinho Martha! Estamos ansiosos por ter esse espaço de portas abertas outra vez.

Então veio o “feriadão”, e a equipe da cultura continuou preparando e divulgando o festival. É muito trabalho para fazer um festival desse tamanho acontecer! Mas todo o trabalho compensa quando “o filho nasce” e a gente vê o povo partilhando cultura e arte.

Foi uma verdadeira maratona cultural, que começou na manhã de terça-feira com a apresentação potente do grupo Mojubá , de Santa Maria, trazendo um espetáculo inebriante de danças populares brasileiras, que termina num lindo cortejo de maracatu. O grupo também ministrou oficinas durante o dia, e voltou ao palco do Teatro da Praça à noite para abrilhantar a abertura oficial do FETEG.

Claro que não vou poder comentar todas as atrações que o festival teve, senão essa coluna viraria um livro. E a tia aqui não teve pique para encarar todas as noites, confesso. Nem para correr de um espaço para o outro (até porque, se eu correr, fico tontinha). Mas acompanhei toda a movimentação da Casa da Cultura, que estava igual a casa da gente quando recebe um monte de visitas ao mesmo tempo. Clima de festa de verdade. E ainda pude dar uma espiada em programações que aconteceram na casa, como a linda peça “Carolina e outras vozes”. Foi como se a autora de Quarto de Despejo estivesse nos visitando mesmo.

Na quarta-feira saí da Casa direto para o Quiosque da Cultura, onde aconteceu um papo maravilhoso com familiares e amigos de Danilo Ângelo Pelizzoni, um dos precursores da comunicação em Gravataí (no tempo em que Cachoeirinha e Glorinha nem tinham se separado). E espero mais e mais vezes ver o grupo da Associação dos Deficientes Visuais de Gravataí nos nossos eventos, porque a arte e a cultura são para todos. Depois subimos para o Sesc para conferir o delicioso “Cabaré do Amor Rasgado”, um espetáculo cênico-musical que transborda amor à arte.

Na quinta, a casa recebeu o Fórum de Cultura da Granpal, que reúne os municípios da Grande Porto Alegre. E, à noite, o Teatro do Sesc ficou cheio para conferir a apresentação do coletivo AfroMaré, do Rio de Janeiro, com o espetáculo “Dos Nossos para os Nossos”, trazendo cultura preta e ancestralidade para o palco.

Sexta foi a vez de prestigiar a amiga Josiane Prestes e a nova amiga Maria Inês Barcelos no lançamento do livro Dois Olhares de Mulher, dentro do aniversário da nossa Biblioteca Pública. Foi um momento de falas e trocas intensas, em especial entre as mulheres presentes. Na sequência, fomos nos encantar no Teatro da Praça com a divina Tatiéle Bueno em seu Tributo a Mercedes Sosa. Gracias a La Vida!

Sábado teve uma programação intensa com a galera do hip-hop, e no fim do dia a estreia do espetáculo Oxitocina, do coletivo Nós de teatro, com nosso Giulliano. Não pude estar presente pois tinha outra peça para ir em Poa (Tom na Fazenda, quem tiver oportunidade de assistir, assista!). Mas Oxitocina faz temporada agora em maio no Teatro Renascença, em Porto Alegre, e já estou combinando com os amigos para irmos de galera aqui de Gravataí.
Ufa! Chegou o último dia… Primeira parada: a feirinha de artesanato e literária que estava acontecendo em frente à praça. Depois, rumo ao teatro do SESC para assistir Corpo-casulo, um espetáculo sobre transgeneridades, necessário. E fico emocionada quando tem intérprete de LIBRAS. Vendo o Lucas sinalizar, até lembrei de algumas palavras que já tinha aprendido, mas esqueci por não praticar. E percebi o quanto é importante esse contato com a língua de sinais. Que seja cada vez mais uma realidade nas produções artísticas.

Acreditam que o domingo estava ainda começando? Seguimos para o Teatro da Praça, onde já iniciava La Perseguida, apresentação de um palhaço muito simpático e cheio de técnica. Como é maravilhosa a arte da palhaçaria! Pausa para um lanchinho e chegou um dos momentos mais aguardados: apresentação da banda Hora Extra, das queridas Gica e Elaine. O Teatro da Praça virou pista de dança e teve até trenzinho durante Superfantástico. A chuva chegou com força, mas não foi suficiente para apagar a energia e alegria que rolava ali.

Ah, e antes da Hora Extra, teve a entrega do grafite que agora abrilhanta a fachada do Quiosque da Cultura, e também é uma homenagem à Dâmaris Felzke, a DM Tinta, que partiu no ano passado. Mas com certeza você já deve ter visto em algum muro ou parede a Janete, personagem que a DM pintava por aí. Agora a releitura da Janete feita pela artista Luiza Kamara está em destaque em frente ao Quiosque, para que a Dâmaris e seu trabalho não sejam esquecidos. A arte de rua deixa a cidade mais viva, sabe?

De volta ao Teatro da Praça: para fechar com chave de ouro essa semana tão pulsante, só podia ser ele. Marcos Delfino trouxe Cazuza para o palco do Feteg, com toda expressão corporal e prosódia do artista. Até parecia que o próprio Cazuza estava naquele momento no corpo do Delfino, tendo a chance de rebobinar sua vida. Adoro a construção do espetáculo (e o Marcos sabe disso): a linha do tempo se inverte, e terminamos o show vendo Cazuza cheio de vida, no auge da energia. O poeta não morreu, segue vivo cada vez que o Delfino veste aqueles figurinos e entra no palco com todo o amor que tem por esse cara que passou pela Terra feito um cometa, mas deixou uma obra eterna, que até hoje nos emociona.

E claro que nessa segunda-feira “o dia nasceu feliz”, pois estávamos todos muito alimentados de arte e cultura. Teve muito, muito mais do que consegui relatar aqui. Vale visitar as páginas do instagram @prefgravatai e @fetegravatai para conferir o tanto de cultura que essa cidade reverberou durante esses dias. E nos visitem na Casa de Cultura, no Quiosque da Cultura e no Casarão dos Bina, porque as exposições continuam. Que Gravataí continue assim, com cultura por todos os cantos!

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