crise do coronavírus

A vergonha da vacina a conta gotas: Gravataí e Cachoeirinha receberam metade de doses necessárias; A logística da incompetência

Na terça, avião vindo do aeroporto de Guarulhos trouxe 188,8 mil doses de Coronavac e 269,1 mil de Astrazeneca | Foto ITAMAR AGUIAR | Palácio Piratini

A vergonha segue a conta gotas.

Gravataí e Cachoeirinha receberam apenas metade das vacinas necessárias para zerar a fila da segunda dose. Balão do governador Eduardo Leite e do Ministério da Saúde, que prometiam 188,8 mil Coronavac para todo Rio Grande do Sul frente a 179.330 pessoas que ainda não receberam a segunda e necessária imunização.

Para os dois municípios, que já vacinaram 87 mil e 30 mil pessoas, respectivamente, é preciso 17.301 doses e chegaram 8.780. Gravataí necessita 10.930 doses e recebeu 6.130. Faltam 4.800. Cachoeirinha precisa de 6.371 doses e recebeu 2.650. Faltam 3.721.

O secretário da Saúde de Gravataí Régis Fonseca informou que estão sendo entregues doses nos 29 postos de saúde e há capacidade de vacinar 3 mil pessoas por dia. Informações mais detalhadas sobre como vai funcionar a vacinação hoje estão nas redes sociais da Prefeitura.

Já Cachoeirinha distribuiu 1.060 fichas hoje e fará as imunizações nas UBS Décio, ESF José Ari, ESF José Ramos, UBS Ildo Caçapava, ESF Carlos Wilkens, ESF Jardim Betânia e Centro do Idoso. Detalhes estão nas redes sociais da Prefeitura.

– Sobraram algumas, estamos organizando e, possivelmente distribuiremos mais fichas amanhã (quinta) – explica o secretário da Saúde.

– Estamos pressionando – diz Juliano Paz, ao encerrar ligação com a coordenadora regional de saúde, Ana Maria Rodrigues.

A Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal) divulgou nota nesta tarde, assinada pelo seu presidente Sebastião Melo, prefeito de Porto Alegre.

Reproduzo na íntegra e, abaixo, sigo.

 

“…

1. Diferentemente do que foi noticiado nas redes sociais do Governo do Estado, a mais recente remessa de doses da CoronaVac não vai zerar o déficit de segundas doses da vacina nos municípios da Região Metropolitana.

2. Levantamento da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal) aponta que, para colocar em dia o esquema vacinal, seriam necessárias 162.090 doses. Entretanto, os 19 municípios associados — incluindo a Capital — receberam apenas 79.890 doses. Portanto, para efetivamente suprir a necessidade, seria necessária nova remessa de 82.200 doses.

3. A Granpal lamenta o fato e esclarece às comunidades, a fim de evitar que as pessoas procurem os postos de vacinação e saiam frustradas.

…”

 

Sigo eu.

Reforço o que tratei segunda em Apagão das vacinas em Gravataí e Cachoeirinha: a culpa é de quem; Por que faltou Coronavac, sobre as responsabilidades dessa vergonha que coloca em risco a eficácia da vacinação.

Falta Coronavac para segunda dose porque, quando ministro da Saúde Eduardo Pazzuelo – que, não preciso explicar o porquê, lembra cada vez mais o “general de dez estrelas que fica atrás da mesa com o cu na mão”, aquela personagem de Faroeste Caboclo, de Renato Russo e a Legião Urbana – mandou estados e prefeituras usarem as vacinas porque queria fazer propaganda e alcançar percentuais altos de vacinação para justificar o mais de milhão de doses que o governo Jair Bolsonaro deixou de comprar antes das 500 mil vidas perdidas.

 

Não tinha nenhuma segurança de que o Brasil poderia produzir a segunda dose. O que piorou quando o mimado deprimente da república acusou de artífice de guerra biológica a China, além da origem dos principais insumos, nosso maior parceiro comercial, sob o constrangimento silencioso do novo ministro Marcelo Quiroga.

Em resumo, o governo federal mandou aplicar um número de vacinas que não permitiu guardar o mesmo número de segundas doses em relação às primeiras aplicadas.

Para piorar, o Brasil não tem compradas vacinas nem para a metade da população vacinável.

Ao fim, é a logística da incompetência. Escarrada no depoimento de Pazzuelo hoje na CPI, antes dele passar mal e o restante da oitiva ser transferida para amanhã. Disse ele que conversava com Jair Bolsonaro “uma vez por semana”, ou “a cada duas semanas”.

Que gestores são esses que não conversavam diariamente sobre a maior tragédia da História Brasileira, em que já morreram quase 500 mil pessoas – o que equivale à queda de 2.500 boeings?

Aqui, os prefeitos Miki Breier e Luiz Zaffalon diariamente recebem informes de seus secretários e tem mais de uma reunião por dia.

Fato é que Bolsonaro nunca foi gestor. Eleito pela antipolítica é nada mais que um político que só comete política, aquela ideológica, odiosa, desmascarada e, raramente, pública.

 

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