crise do coronavírus

A vida em Gravataí não volta ao ’normal’ dia 1º de maio

Prefeito Marco Alba e secretário da Saúde Jean Torman em live na noite desta sexta

O prefeito de Gravataí confirmou na noite desta sexta que o comércio abrirá apenas dia 1º de maio. Você assiste a transmissão ao vivo pelo Facebook clicando aqui.

Siga informações e, ao fim, comento.

Mesmo com ‘superpoderes’ permitidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), como tratei em Marco Alba e Miki Breier decidem sobre isolamento social, diz STF; Bárbaros no portão, o prefeito vai seguir o Decreto 55.184, publicado quarta-feira pelo governador Eduardo Leite.

– A Região Metropolitana é uma só, não há fronteiras para tomarmos medidas diferentes – argumento Marco Alba, sobre o isolamento social prorrogado pelo decreto estadual conforme modelo matemático que tratei em O estudo que prorrogou para o dia 30 abertura do comércio; Gravataí, Cachoeirinha e Glorinha teriam 15 vezes mais casos.

Aplicando o modelo ‘1 para 15’ usado pelo governo do RS para aproximar os dados de reais de subnotificações (como casos de síndrome respiratória aguda grave, que cresceram 253% no país nos primeiros três meses do ano), Gravataí teria potencialmente 210 casos; Cachoeirinha 120 e Viamão 195.

Cenário pior é calculado por especialistas como Margareth Dalcomo, pneumologista da Fiocruz e a principal referência da área no Brasil, que usa a fórmula ’30 para 1’. Gravataí teria 420 infectados, Cachoeirinha 240 e Viamão 390.

Como tratei ontem em Gravataí, Cachoeirinha e Viamão tem mais casos de COVID 19 que UTIs; o 11 de setembro, com um isolamento social que hoje não ultrapassa metade da população conforme dados compilados pelo Google, o afrouxamento da quarentena é um desafio aos prefeito.

– O estudo do governo estadual mostra que apenas 0,05 da população gaúcha tem anticorpo para COVID-19, ou seja, teve contato e desenvolveu ou não. Estamos ainda na fase inicial do contágio – observou Patrícia Silva, coordenadora da Vigilância Municipal em Saúde (Viemsa) da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), ao defender na live o isolamento social “que mostra estar dando certo”.

– Solidarizo-me aos comerciantes. Entendo até as críticas mais acima do tom. Mas seguimos critérios técnicos para manter o isolamento social – argumentou o prefeito que, um dia antes da prorrogação feita pelo governador, já tinha adiado em sete dias o que determinava o calendário estadual, como tratei em O dia em que Marco Alba entrou para História de Gravataí.

– Torço pelas projeções otimistas, mas não é o que o exemplo do mundo mostra – alertou, projetando para a próxima quarta a publicação de decreto com as regras sanitárias para reabertura do comércio e do que está parado no serviço público, além da volta às aulas.

– Já vamos tornar obrigatório o uso de máscaras a partir do dia 27. Também estamos criando um grupo de orientadores para circular pelas ruas.

Marco Alba também anunciou que medidas estão sendo estudadas para “reconhecer o sacrifício” dos comerciantes, como a prorrogação de datas de vencimento de impostos municipais.

O secretário da Saúde Jean Torman apresentou o site criado pela Prefeitura para dar transparência às ações e à destinação de recursos municipais, estaduais e federais para o enfrentamento ao novo coronavírus.

Você acessa clicando aqui.

– A partir da próxima semana já podemos alimentar os dados também com o número de pacientes curados – previu, com base no acompanhamento de pacientes feito pela Secretaria Municipal da Saúde.

 

Analiso.

A cada mês de ‘crise do coronavírus’, a Prefeitura, perde R$ 9 milhões em receita. A receita anual é de R$ 700 milhões. O socorro pode vir caso o Congresso Nacional aprove socorro aos estados e municípios. Para o caso local, ajudaria a permissão para um ‘balão’ nos gastos com o IPG, o instituto municipal de previdência.

Pela regra ‘pré-pandemia’, entre 2020 e 2020 Gravataí teria que destinar R$ 170 milhões apenas em alíquotas complementares para garantir as aposentadorias dos funcionários públicos municipais pelos próximos 35 anos, como detalhei em Previdência custará 30 Pontes do Parque até 2022.

Na iniciativa privada, os cálculos do Ministério da Fazenda são de que pelo menos 10% da massa salarial também seja corroída em cada município. E é notória, neste momento, a lentidão e a burrocracia do governo federal para botar na mão dos pobres o auxílio emergenciais de R$ 600.

Uso os dados sobre a ‘maior empresa’ de Gravataí, que é a Prefeitura, e as projeções sobre redução de salários privados, para projetar um fim de ano perpétuo para o comércio.

Nem falo de uma imponderável mudança de comportamento, não dos pobres, mas de camadas da sociedade com um pouco mais de condições, comprando menos e poupando mais, por exemplo.

Como bem disse Marco Alba, é compreensível até o pior xingamento advindo de quem está com o negócio parado e pagando funcionários, caso ainda não os tenha demitido, como o ‘véio da Havan’.

Mas o isolamento social é inevitável neste momento, obviamente não para sempre.

Só que não seguir o exemplo de outros lugares do mundo agora, e 'achatar a curva' para não colapsar o sistema de saúde, corresponde a ter uma bola de cristal e quebrá-la porque o que é recomendado não nos agrada. Um exemplo trágico é os Estados Unidos com, nas últimas 24 horas, quase o dobro de mortes pela COVID-19 do que o 11 de Setembro.

Desenvolvo esse raciocínio para preparar os lojistas para possíveis más notícias na semana que vem. Primeiro: se a retomada das atividades for autorizada, a regras serão rígidas para os comércios protegerem seus funcionários e atenderem aos clientes. Mas também pode haver nova prorrogação. Nesta sexta, o governador de São Paulo João Dória adiou a ‘quarentena’ até 10 de maio. Desde o início da pandemia, Eduardo Leite tem seguido o calendário do companheiro de partido e usado o caso paulista como a ‘bola de cristal’.

Se o governador gaúcho prorrogar mais uma vez a abertura do comércio, serviço público e a volta às aulas, pelo que Marco Alba disse hoje, prefeitos devem segui-lo, já que “a região metropolitana não tem fronteiras”.

Ao fim, não adianta torcida ou secação: precisamos estar preparados para um novo adiamento, ou por uma reabertura seguida de nova quarentena e, conforme a virulência do SARS-CoV-2, até um lockdown. Fato é que sem ‘cura’, e com a projeção mais otimista de especialistas por uma vacina apenas em 2022, não adianta negacionismo: a vida não vai voltar ao ‘normal’ a partir da semana que vem.

 

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