Ela tem o mesmo nome da minha sobrinha.
Ela tem uma foto vestida de mulher-maravilha. Minha sobrinha também.
Ela era(é)amada por sua família enlouquecidamente. Minha sobrinha também.
Minha sobrinha está viva. Ela não está.
Carniceiros!
Queimando a língua com a lei entre o céu da boca e o inferno em seus corações
Mais uma morte na sua conta, Presidente, que abriu essa porta por onde todo mal entrou
Jubilações em templos que custam do crânio ao rabo religioso e pavoroso de gente bomba
Mas corpo morto não tem idade, não é verdade?
É acidente.
É estatística.
A pátria justifica
O horror dessas ações
Arcada e dente
Chorar eu não sabia/eu não pude
Não é virtude
Gastamos nossa honestidade com o tal fuleiro jeitinho-meu amigo estou sem abrigo
Meu amigo estou sozinho
Arcada e dentes
Que percam os seus todos os contentes
O fogo está por queimar nosso ninho
Não é meu país se não pesa o peso doloroso e grotesco da morte de uma criança na balança
Da punidade
Não é meu país se ajoelha pra Cristo mas é a lança em seu esquelético dorso – fiat lux fiança
Nos vale a culpa e não remorso
Mas corpo morto não tem idade
Não é verdade?