a poesia do cidade

Ágatha

Ela tem o mesmo nome da minha sobrinha.

Ela tem uma foto vestida de mulher-maravilha. Minha sobrinha também.

Ela era(é)amada por sua família enlouquecidamente. Minha sobrinha também.

Minha sobrinha está viva. Ela não está.

Carniceiros!

Queimando a língua com a lei entre o céu da boca e o inferno em seus corações

Mais uma morte na sua conta, Presidente, que abriu essa porta por onde todo mal entrou

Jubilações em templos que custam do crânio ao rabo religioso e pavoroso de gente bomba

Mas corpo morto não tem idade, não é verdade?

É acidente.

É estatística.

A pátria justifica

O horror dessas ações

Arcada e dente

Chorar eu não sabia/eu não pude

Não é virtude

Gastamos nossa honestidade com o tal fuleiro jeitinho-meu amigo estou sem abrigo

Meu amigo estou sozinho

Arcada e dentes

Que percam os seus todos os contentes

O fogo está por queimar nosso ninho

Não é meu país se não pesa o peso doloroso e grotesco da morte de uma criança na balança

Da punidade

Não é meu país se ajoelha pra Cristo mas é a lança em seu esquelético dorso – fiat lux fiança

Nos vale a culpa e não remorso

Mas corpo morto não tem idade

Não é verdade?

 

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