“Se passaram quase 12 meses e até agora o resultado das investigações do golpismo é quase zero”. Recomendamos o artigo do jurista Lenio Steck, publicado pelo ICL Notícias
Há meses a nossa Sherazade Mauro Cid conta a cada dia uma historinha para que o rei não o decapite. E assim vai envolvendo o sistema.
Nunca se viu uma delação tão longa. É, de fato, a delação 1001 Noites. Como no famoso conto.
Ele está em casa. E vai levando. De barriga.
Na minha terra tem uma coisa chamada tosa de porco: muito grito e pouca lã. Para quem não imagina o que seja, pense em pegar à unha um porco preto, dos grandes. Vai ouvir o maior gritedo. E se tentar tirar o pelo, verá que não sai lã. Porque não é uma ovelha.
Meu receio é que a delação de Cid seja um tosa de porco. Isso também pode ser traduzido como “a montanha pode parir um rato”.
De todo modo, já se deram conta de que se passaram quase 12 meses e até agora o resultado das investigações do golpismo é quase zero?
Estão sendo condenados os componentes da choldra. Pegaram a ratatulha. E ficaram de fora os grandes. De botas longas. Afinal, no Brasil La Ley es Como La Serpiente; Solo Pica Al Descalzos. Compreendem?
Os generais que fizeram o manifesto de 11 de novembro, neca de nada. O tal manifesto vitaminou o agir dos golpistas. Nem foram ouvidos.
Pior: nem serão.
Silvinei desapareceu das manchetes, embora a gravidade dos seus atos. E o ex-ministro da Justiça, na casa de quem encontraram nada mais, nada menos do que uma minuta de golpe?
E o general Augusto Heleno?
Enfim, como escrevi na semana passada, andamos com os pés de Curupira. Pensamos que vamos para a frente, mas vamos para trás. No final das contas, nem Curupira sabe para que lado vai.
E o Cid? E o pai do Cid, cuja culpa está clara como se fosse refletida no espelho? Quer dizer: está refletida mesmo.
O Brasil cuspido e escarrado. Ou esculpido em carrara.