BLOG DO RODRIGO BECKER

CANOAS | A ‘Era Nedy’ está de volta: o que esperar do governo que começa nesta terça; a política, a saúde do vice e os ‘nós’ a serem desatados

De volta ao paço: Nedy está programado para reassumir o comando do governo às 11h desta terça, 19. Foto: Arquivo RB

Às 11h, quando o vice entrar no palacinho amarelo da Rua 15 de Janeiro, um governo se inicia e outro se despede da cidade

O ânimo de Nedy de Vargas Marques está revigorado.

O vice que deve se tornar prefeito em exercício às 11h desta terça está bem, se recuperando de uma cirurgia cardíaca e após enfrentar uma infecção por estafilococos  – uma bactéria que custou a ser combatida, aliás -, se apresenta para um novo período de governo que em muito se difere do anterior. E não por conta da sua saúde, mas pelo momento político da cidade.

Em 2022, quando Nedy restou impelido ao paço pelo primeiro afastamento de Jairo Jorge, a paz entre eles estava em pé. O governo, portanto, era de continuidade. Ao longo dos primeiros seis meses de sua gestão, pouca coisa foi radicalmente alterada na estrutura e na política da administração municipal. Na sequência daqueles dias, no entanto, o rompimento entre JJ e Nedy levou o vice de aliado a principal figura da oposição. Compôs a sua própria base, remontou o secretariado à sua preferência e passou a dizer aos quatro ventos que Jairo estava sendo acusado de corrupção pelo Ministério Público. Pronto: agora, restavam inimigos.

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Quando JJ voltou em fins de março, Nedy recém havia implementado uma reforma administrativa que foi, novamente, reformada. Não há um claro sinal de que haverá outra vez mudanças na estrutura do governo – mas é bem provável que haja mudanças pontuais, pelo menos. Quem está com a responsabilidade de entender e sugerir mudanças nesse sentido é a futura chefe de gabinete e ‘gerente’ do governo Nedy, Pollyana Perinazzo – que vai contar com a ajuda da fiel escudeira do vice, Aline Pagot, na tarefa.

A tendência é que Nedy ‘chegue-chegando’ apenas nas trocas de nomes do núcleo político de Jairo Jorge e que seguiu no comando com a interinidade de Cris Moraes. As primeiras demissões, portanto, devem ser a do chefe de gabinete Celso Pitol, do assessor superior Daniel Cardozo e do secretário de Relações Institucionais, Mário Cardoso. Na sequência, a Secretaria da Fazenda deve mudar de mãos: sai João Portella, nome ligado ao deputado federal Luiz Carlos Busato, e entra Davi Luis Siqueira. Aqui, vale um comentário: na Fazenda, não se dará necessariamente uma ruptura; apenas uma troca de mãos.

Tanto Portella quanto Davi entendem que 2024 será um ano de crise financeira para as contas públicas de Canoas. O déficit, já previsto no orçamento, deve chegar à casa dos R$ 400 milhões – ou seja, há previsão de gastos R$ 400 milhões maior do que o que deve ser arrecadado.

É bem provável, inclusive, que haja uma transição na Fazenda, como também deve acontecer pelo menos na Secretaria da Educação, onde Beth Colombo está no comando. Ela não sabe se ficará no posto, não conversou com Nedy e não esconde de ninguém sobre sua amizade com Jairo Jorge, mas já admitiu que o partido deve dialogar com o novo titular do paço e caso componha a base de governo, decidirá seu futuro neste contexto.

Nas sub-prefeituras, o único nome certo é o de DJ Cabeção. Ele reassume suas atividades no bairro Rio Branco pelo menos até o final de março, quando precisa se desincompatibilizar para concorrer à Câmara de Vereadores.

Secretaria de Obras

Uma das pastas mais cobiçadas pelo aliados que devem compor o novo governo é a das Obras. No governo anterior, o posto de secretário era do engenheiro Marco Oliveira, o Caco. Filho do ex-vereador Cica, falecido em 2022, é cotado para retomar as funções. 

Outra hipótese é oferecer a secretaria a um partido ou vereador aliado. Márcio Freitas (Avante) encabeça essa possibilidade.

Secretaria da Saúde e Secretaria de Gestão Hospitalar

São os dois ‘nós’ que Nedy precisa desatar – e logo. Na Saúde, o titular Felipe Martini abandonou o posto no dia seguinte ao afastamento de Jairo Jorge, publicando um vídeo nas redes sociais em que dizia, apenas, ter encerrado um ciclo. Ana Macedo, que era adjunta, responde pela pasta deste então.

Na Secretaria de Gestão Hospitalar, Juceila Dallagnol é a titular. Ela já trabalhou com Nedy e acabou permanecendo com o retorno de JJ. Desta vez, o vice não deu indicações de como irá proceder com a pasta que trata do maior ‘pepino’ do governo: os hospitais e o saco sem fundo que é suprir suas necessidades financeiras.

O tempo de Nedy não é o tempo de JJ

Acompanhando tanto o governo de um como o de outro, vale um comentário. Nedy usará o tempo a seu favor na composição de sua equipe de trabalho. Após demitir desafetos e jairistas de primeira hora, deve se debruçar às relações políticas para ir trocando postos de menor escalão e que, hoje, estão ocupados por indicações de vereadores. Alguns até permanecerão – desde que haja um novo pacto de fidelidade com o novo inquilino do paço.

Jairo, quanto retornou, fez diferente.

Demitiu todos e, então, recompôs a base. Mesmo quem voltou teve que ser trocado de função. O benefício disso foi ‘desacomodar os acomodados’, mas por óbvio se perdeu no ritmo de ação da máquina pública. Se Nedy optar pelo caminho inverno, como parece que irá optar, terá a vantagem de não descontinuar processos já em andamento, mas terá pela frente alguns ‘lobos em pele de cordeiro’ para identificar.

Como bom criador de ovelhas, não imagino que será tarefa ingrata.

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