RAFAEL MARTINELLI

Almansa, de Cachoeirinha, sentado à direita do ‘governador federal’ Paulo Pimenta. Prefeito Cristian deveria aproveitar

Vereador David Almansa participou de reunião ao lado do ministro Pimenta

Sentado à direita do ‘governador federal’ Paulo Pimenta, David Almansa participou de reunião com a comunidade científica gaúcha na noite de ontem, no Ministério Extraordinário de Apoio à Reconstrução, hoje o coração da República no governo Lula.

– O ministro foi claro ao dizer que não serão engravatados de Washington, de Nova Iorque, que vão pensar a reconstrução do Rio Grande do Sul a médio e longo prazo. Serão nossos cientistas e técnicos, ouvindo as comunidades. Tamanho político, articulação e sensibilidade o Pimenta tem para isso – disse ao Seguinte:, ao sair às 23h da reunião em Porto Alegre, o vereador de Cachoeirinha que é sociólogo.

A referência foi obvia à contratação da Alvarez & Marsal pelo governo Sebastião Melo, em Porto Alegre. A consultoria atuou na recuperação de New Orleans após o furacão Katrina, onde suas recomendações incluíram a privatização do sistema de ensino público e a demissão massiva de funcionários, como postei ontem em Um ciclone colonial se forma ao sul do Brasil: “Essas ações, documentadas por Kenneth J. Saltman, no livro Capitalizando os desastres: tomar e destruir escolas públicas, são um exemplo claro de capitalismo de desastre, no qual empresas privadas aproveitam crises para introduzir reformas neoliberais que aumentam seu lucro, enquanto diminuem o papel do Estado na provisão de serviços públicos”.

Durante a reunião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligou para o ministro e reafirmou que recursos não faltarão para enfrentar a maior tragédia climática da história do Brasil.

– O ministro relatou que bancos de todo mundo, até o xeique do Catar, querem fazer investimentos. A tragédia pede uma engenharia rápida, mas não nos moldes de sempre. A intenção do presidente Lula é fazer do RS um modelo de sucesso na prevenção, educação ambiental e obras que respeitem as mudanças climáticas – disse, compartilhando dados técnicos que mostram que, se grandes cheias se repetiam com intervalos de décadas, três dos maiores episódios aconteceram em menos de um ano.

Candidato à Prefeitura, Almansa criticou a inconsistência e falta de dados em projetos de restabelecimento de serviços enviado pelo governo Cristian Wasem para a Defesa Civil nacional, “problema verificado também em outros municípios”, como observou, mas evitou tratar da política eleitoral.

– O governo precisa se desarmar. O Ministério está de portas abertas. É hora de ter humildade, articulação, buscar assessoria técnica. Quem tem a caneta, tem essa responsabilidade redobrada. A eleição fica para depois – apelou, também se mostrando preocupado com a “emergência das emergências”, que é a fome em Cachoeirinha.

– A Prefeitura precisa socorrer quem ficou sem seu sustento – alertou, informando que Cachoeirinha deve receber mais R$ 3 milhões em ajuda humanitária do governo federal.

Ao fim, é fato que Almansa é hoje um dos políticos gaúchos mais próximos de Pimenta, que o identifica como um dos petistas mais promissores do RS.

Reputo o prefeito Cristian, que nem cumprimentou o vereador na primeira visita de Pimenta a Cachoeirinha, por mais difícil que pareça, poderia aproveitar essa conexão para garantir compromissos do governo federal. Ou corre o risco de, assim como aconteceu com Eduardo Leite, ter um ‘prefeito federal’, influenciando mais sobre os rumos da reconstrução de Cachoeirinha.


LEIA TAMBÉM

Ministros em Cachoeirinha: estão disponíveis 500 mil em ajuda humanitária imediata para socorrer flagelados do município; A burocracia de catástrofe

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Receba nossa News

Publicidade