RAFAEL MARTINELLI

Almansa + Stédile para Prefeitura de Cachoeirinha, com a bênção de Paulo Pimenta; A Real Politik e o Ser Político

Almansa, Pimenta e Stédile em Brasília

O vereador David Almansa (PT) levou o ex-prefeito de Cachoeirinha José Stédile (PSB) para conversar em Brasília com o ministro chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta (PT).

Pimenta é o padrinho político de Almansa, que é candidato a prefeito na eleição de 2024. Stédile é cotado para vice. A visita também apresentou o ex-vice-prefeito de Gravataí Cristiano Kingeski como coordenador geral da campanha, conforme anunciado no último diretório petista.

A parceria resta consolidada, tanto pela foto de mãos dadas, como pelo texto da postagem de Almansa em seu Instagram: “Todos os dias acordamos para fazer política e através dela construir mais dignidade para nosso povo; cada gota do nosso suor é gasto sempre pensado e trabalhando por Cachoeirinha. Por isso, nesse momento, olhamos para nossa história, a história de quem já fez e deu certo lá atrás. Aprendemos com ela, para fazer melhor a cada novo dia! Nós, povo de Cachoeirinha, estamos cheios de esperança com a chegada de cada pessoa ao projeto. Pois somos corajosos para fazer melhor pela cidade, acreditando que seremos mais felizes!”.

Em Almansa pode ter no ex-prefeito Stédile sua ‘Marta Suplicy’ na disputa pela Prefeitura de Cachoeirinha, escrevi.

“(…)

Não foi nos ricos Jardins, nem David Almansa (PT) chegou em um Celtinha, como fez Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo. Mas o candidato a prefeito de Cachoeirinha tomou um café no La Fiuza, na Cohab, com aquele que pode ser a sua ‘Marta Suplicy’ na eleição de 2024: o ex-prefeito José Stédile (PSB).

O hoje presidente da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo do Rio Grande do Sul (Fase) no governo Eduardo Leite (PSDB) ainda não decidiu se concorre à Prefeitura. Há entusiastas de uma chapa com Almansa a prefeito e Stédile a vice, repetindo o PT-PSB de Lula e Alckmin. Uma ou outra decisão demandaria se desincompatibilizar do cargo estadual até 6 de abril.

Por que comparo com o ‘Efeito Marta Suplicy’?

Assim como no caso da chapa Boulos-Suplicy em SP, uma parceria entre Almansa e Stédile guarda potenciais ganhos eleitorais, mas também contradições.

Stédile, assim como Marta, representaria a experiência na chapa com o vereador em segundo mandato. Foi prefeito por dois mandatos – entre 2001 e 2008 – e deputado federal entre 2010 e 2018, além de secretário de Estado nos governos Sartori (MDB) e Leite.

Seus mandatos frente à Prefeitura também guardam boas lembranças na periferia, como a ex-prefeita.

Entre as contradições, Stédile, como deputado federal votou a favor do golpeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT), para desgosto do irmão João Pedro, líder maior do MST, e integrou governos que petistas – e Almansa entre eles – identificam com a direita.

Na eleição suplementar de 2022, Stédile apoiou Dr. Rubinho (União Brasil), que fez campanha para reeleição de Jair Bolsonaro, com foto e tudo com o ex-presidente.

Fato é que Almansa e Stédile estão conversando. Se avançar a ideia, certamente partirão para as pesquisas eleitorais para avaliar perdas e ganhos.

Hoje Stédile não pode mais ser considerado automaticamente um ‘Grande Eleitor’. Se foi o fiador da eleição e reeleição do prefeito Vicente Pires em 2008 e 2012, Dr. Rubinho, com seu apoio, ficou em terceiro lugar na eleição suplementar de 2022, atrás de Almansa, um ano após ter perdido a eleição por apenas 300 votos.

É a ‘Real Politik’.

E ano eleitoral é tempo de estreitamento de inimizades políticas.

(…)”.

Sigo hoje.

Acrescentando: Stédile é, também, um fiador para o meio político de que, caso Almansa seja eleito, tem conversa para participação de partidos com cargo no governo.

Hábil negociador, o ex-metalúrgico e sindicalista governou com ampla maioria na Câmara de Vereadores em seus dois governos e ajudou a garantir o mesmo para os governos dos quais foi o ‘Grande Eleitor’: Vicente Pires e Miki Breier chegaram a ter a TOTALIDADE dos vereadores ligados à base do governo.

Com Stédile apoiando Almansa, mesmo que não se desincompatibilize do governo Eduardo Leite (PSDB) para ser vice, crescem as chances de atrair partidos para além da esquerda na coligação.

Ao fim, é a ‘Real Politik’. Para a qual sempre evoco o ‘Ser Político’, do Millôr.

Ser político é engolir sapo e não ter indigestão, respirar o ar do executivo e não sentir a execução, é acreditar no diálogo em que o poder fala e ele escuta, é ser ao mesmo tempo um ímã e um calidoscópio de boatos, é aprender a sofrer humilhações todos os dias, em pequenas doses, até ficar completamente imune à ofensa global, é esvaziar a tragédia atual com uma demagogia repetida de tragédia antiga, é ver o que não existe e olhar, sem ver, a miséria existente, é não ter religião e por isso mesmo cortejar a todas, é, no meio da mais degradante desonra, encontrar sempre uma saída honrosa, é nunca pisar nos amigos sem pedir desculpas, é correr logo pra bilheteria quando alguém grita que o circo pega fogo, é rir do sem-graça encontrando no antiespírito o supremo deleite desde que seu portador seja bem alto, é flexionar a espinha, a vocação e a alma em longas prostrações ante o poder como preparação do dia de exercê-lo, é recompor com estoicismo indignidades passadas projetando pra história uma biografia no mínimo improvável, é almoçar quatro vezes e jantar umas seis pra resolver definitivamente o problema da nossa subnutrição endêmica, é tentar nobremente a redistribuição dos bens sociais, começando, é natural, por acumulá-los, pois não se pode distribuir o pão disperso, e é ser probo seguindo autocritério. E assim, por conhecer profundamente a causa pública e a natureza humana, estar sempre pronto a usufruir diariamente do gozo de pequenas provações e a sofrer na própria pele insuportáveis vantagens.

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